quarta-feira, 2 de junho de 2010

Estudantes de Marília em greve ocupam a diretoria do campus

Os estudantes da Unesp de Marília tem dado um exemplo de combatividade e de aliança concreta na luta das estaduais com os trabalhadores em greve. Neste campus, que na greve do ano passado já havia protagonizado uma importante luta com greve e ocupação das salas de aula, e que até nos jornais da cidade foi noticiado com sua pauta pelo fim do vestibular, colocando que os estudantes estavam em greve para que todos pudessem estudar.
Neste ano, o CACS (centro acadêmico de Ciências Sociais), composto pelo Movimento A Plenos Pulmões e independentes, convocou assembleias para debater a greve das estaduais que se iniciava com os trabalhadores da USP e os problemas de permanência estudantil, um problema constante nas Unesps por conta da expansão de vagas sem aumento de verbas. Foi assim que os estudantes do curso de Ciências Sociais saíram à frente, decretando greve em solidariedade aos trabalhadores, contra a terceirização que a reitoria quer implementar no restaurante universitário daquele campus, e contra a Univesp. Este passo foi seguido pelos estudantes de filosofia, que também aderiram à greve. A partir daí as assembleias dos demais cursos passaram a deliberar pelo apoio à greve dos trabalhadores das estaduais e pelo indicativo de ocupação da diretoria do campus de Marília, que se concretizou no dia 31/5, e permanece ocupada pelos estudantes da Unesp em luta.
Este é um exemplo de luta a todos os estudantes das universidades estaduais paulistas, para concretizar uma aliança efetiva com os trabalhadores que hoje lutam contra a precarização do ensino, que neste ano se apresenta principalmente na quebra da isonomia e no ataque ao direito de greve.
Reproduzimos abaixo o comunicado do Comando de Ocupação:
Ocupação da Diretoria da UNESP/Marília
Em Assembléia Geral realizada nesta segunda 31/05, com a presença de cerca de 350 estudantes, foi deliberada ocupação imediata da diretoria do campus de Marília. Algumas assembléias de cursos já haviam deliberado por pareceres favoráveis ao Indicativo de Ocupação, presente desde a última Assembléia Geral ocorrida em 18/05. Enquanto os cursos de Ciências Sociais e Filosofia entraram em greve e outros decidiram por paralisar nesse entretempo. A mobilização das/os estudantes de Marília tem como eixos básicos a abertura do restaurante universitário, também no período noturno, sendo este público e subsidiado pela reitoria, e não terceirizado como é proposto pelo Reitor, o apoio as/os trabalhadoras/ es em greve nas estaduais paulistas e as pautas específicas de cada cursos que, de maneira geral, expressam os problemas de conjunto na educação superior. A abertura do restaurante universitário no período noturno é uma promessa da greve com ocupação do ano passado, em negociação direta com o reitor em São Paulo, quando este garantiu a abertura do restaurante até o final de 2009. Em 2010, após uma ocupação estudantil temporária no R.U, a Reitoria deliberou que a abertura deste no período noturno seria dada por meio da terceirização. No entanto, desde quando o R.U. fora conquistado em 2007, o movimento estudantil se colocou contra a terceirização do mesmo. Entendemos que esta é uma medida direta de precarização do trabalho, a qual estabelece níveis salariais inferiores, retirando, além disso, direitos trabalhistas conquistados historicamente, colocando obstáculos diretos à organização das/os trabalhadoras/ es. A quebra da isonomia salarial e o cerceamento do direito de greve nos casos das/os trabalhadoras/ es da USP só vêm demonstrar mais claramente a política de ataque à classe trabalhadora dentro e fora da universidade. O corte dos orçamentos públicos recaindo sobre as costas das/os trabalhadoras/ es é sintoma latente do que já ocorre em outros Estados e do projeto político em curto prazo para o país. Retirar direitos, arrochar o salário e reprimir: essa é a cartilha já bem conhecida para salvar as/os exploradoras/ es capitalistas nos momentos de crise. Neste mesmo sentido, o Ensino à Distância (EaD), que toma corpo com a UNIVESP no estado de São Paulo, já faz sentir sua presença no campus: a primeira turma de Pedagogia EaD, com 1300 estudantes, iniciou seus estudos neste ano e já correm os rumores da distanciação do curso de Biblioteconomia para os próximos anos. A falta de estrutura para operar os cursos presenciais também se mostra latente, com diminuição do quadro de professoras/ es e funcionárias/ os efetivas/os, deficiência de materiais de laboratório e políticas de permanência estudantil insuficientes. Sucatear a educação presencial e direcionar os investimentos às áreas que revertem benefícios diretos às grandes empresas, logrando às Universidades Públicas uma educação rebaixada e sucateada, com condições de trabalho precarizadas, somados aos mais de dez anos sem aumento de verbas para o ensino público: eis a fórmula neoliberal para a educação
CONSTRUAMOS A MOBILIZAÇÃO ESTADUAL EM APOIO ÀS/AOS TRABALHADORAS/ ES DA UNESP/USP/UNICAMP!
IMEDIATA REABERTURA DE NEGOCIAÇÕES COM O CRUESP! PELO DIREITO DEMOCRÁTICO DE GREVE!
CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO! INCORPORAÇÃO DAS/OS TRABALHADORAS/ OS TERCEIRIZADAS/ OS SEM CONCURSO PÚBLICO! CONTRA A UNIVESP E QUE SUAS VAGAS SEJAM REVERTIDAS EM PRESENCIAIS!
POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA, PRESENCIAL, DE QUALIDADE, À SERVIÇO DA MAIORIA DA POPULAÇÃO! Comando de Ocupação - 01/06/

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