domingo, 22 de junho de 2008

SE REALIZOU MAIS UMA PLENÁRIA DO MOVIMENTO A PLENOS PULMÕES

Novas tarefas, novos desafios
No dia 14/6 realizamos uma plenária onde, inspirados nas lições do maio francês, discutimos um balanço e as perspectivas do movimento estudantil e de nosso movimento que agora entra numa nova fase. Partimos de um balanço das últimas lutas, verificando suas potencialidades e limites para consolidação de um movimento estudantil (ME) verdadeiramente novo, debatendo sobre qual estratégia, programa e métodos são necessários. Afinal, o fato de que, apesar dos esforços de milhares de estudantes, não conseguimos mais do que vitórias parciais ou derrotas, reforça a necessidade de tirar lições profundas.
O próprio balanço das lutas nos levou à necessidade de aprofundar nossa relação com os trabalhadores das diversas categorias que viemos prestando solidariedade ativa em suas lutas, como parte de uma política de construir um ME pró-operário e de nos fusionarmos com a juventude trabalhadora em um movimento de juventude marxista e pró-operário. Vamos fazer isso em trabalhadores da USP, sapateiros de Franca, aeroviários, tele-operadores, metalúrgicos da GM e terceirizados da REVAP (ambas em São José dos Campos) e outras indústrias e serviços.
Sem essa aliança, o ME seguirá carregando a debilidade estratégica de não ter a força necessária para um questionamento profundo dessa universidade elitista e racista. Nesse sentido, vamos participar do I Congresso da Conlutas e lutar para ganhar novos setores para nossa política no Encontro Nacional de Estudantes [
1] (ENE).
Queremos dar um salto na tarefa de colocar nosso conhecimento a serviço das necessidades da classe trabalhadora, utilizando as armas da crítica do marxismo militante para combater a ideologia dominante nas universidades que serve à burguesia. Essa ofensiva ideológica tem o objetivo de forjar intelectuais orgânicos da classe trabalhadora e de nos preparar para os momentos de ascenso do ME que esperamos que entre numa nova fase em breve. É que sem a disputa no terreno das idéias o ME abre mão de influenciar a massa dos estudantes quando não há luta, facilitando enormemente a dominação da burocracia acadêmica, que assim dificulta que as mobilizações tenham continuidade e se radicalizem programaticamente.
Precisamos de um novo ME que seja dentro da universidade a voz dos trabalhadores, expressando dentro dela todas as principais mazelas e contradições sociais. Um ME que faça política, levantando não somente as demandas mínimas e corporativas, mas do conjunto do povo explorado e oprimido do Brasil e do mundo. Queremos romper a bolha onde a realidade, a luta de classes, as contradições sociais não entram na universidade senão pelo prisma puramente abstrato ou pela dura realidade da exploração (escravidão!? ) que vivem os terceirizados dessas universidades.
Queremos aprofundar nosso combate contra a burocracia estudantil, lutando para arrancar seus privilégios e para atropelá-la a partir de uma ligação orgânica com a base estudantil nas salas de aula, impulsionando a auto-organizaçã o e entidades militantes.
Lutaremos para que setores amplos dos estudantes vejam que avançar na aliança operário-estudantil numa perspectiva anti-capitalista só pode ser conseqüente se compreende que o movimento de trabalhadores necessita independência política, colocando de pé um partido próprio, sem patrões nem burocratas. O que nada mais é do que o que Marx apontou no Manifesto do Partido Comunista de que a organização do proletariado como classe, é conseqüentemente a sua organização em partido político.
Por fim, para as novas tarefas que estamos nos proponho, decidimos lançar um novo jornal, mais uma vez nos inspirando no nome de um poema do grande construtivista russo:

DESATAI O FUTURO - 1925


O FUTURO

NÃO VIRÁ POR SI SÓ

SE NÃO TOMARMOS MEDIDAS.

PEGA-O PELAS ORELHAS,

JUVENTUDE

PEGA-O PELA CAUDA, PIONEIRO!

O FUTURO

NÃO É UMA PRINCESA FANTÁSTICA

COM QUEM

DE NOITE SE SONHA.

CALCULA,

REFLETE,

MIRA BEM

E AVANÇA! (...)

AQUELE QUE

NO DECORRER DO DIA

ANDA RANGENDO PALAVRÕES

COMO UM EIXO DE CARROÇA

RESSECADO,

AQUELE QUE FICA PASMADO

QUANDO GEME A BALALAIKA,

ESSES

NÃO ATINGIRAM O TALHE

DO FUTURO.

NAS TRINCHEIRAS MANEJAR METRALHADORAS,

NÃO É APENAS NISSO

QUE CONSISTE A GUERRA.

QUAL UMA PELIÇA

O TEMPO É TAMBÉM

ROÍDO

POR VERMES COTIDIANOS.

ÀS VESTES POEIRENTAS

DE NOSSOS DIAS

CABE A TI, JUVENTUDE, SACUDI-LAS!

(VLADMIR MAIAKOVSKI – 1893-1930)

O
Movimento A Plenos Pulmões é composto por militantes da LER-QI e independentes

[
1] É convocado pela Conlute para 2 de julho, um dia antes do Congresso, também em Betim. Este ENE não pode ser mais um encontro que mais parece um parlamento, onde se faz discursos, mas não serve para armar a luta. O último ENE, por exemplo, votou resoluções de esquerda, mas foram burocraticamente deixadas de lado pela direção da Conlute, o PSTU. Este encontro tem que partir de um balanço das lutas e não apenas soar o canto incessante das “vitórias”. Esse é o primeiro passo para apontar uma perspectiva de um ME anti-capitalista e pró-operário. Para isso, será necessário que o PSTU rompa com seu seguidismo ao PSOL, que o fez submeter-se a uma suposta Frente de Luta Contra a Reforma Universitária que nunca existiu organicamente e agora já não existe mais nem superestruturalment e. Foi o que se comprovou com a última reunião marcada para o dia 06/06 que não ocorreu pelo boicote das correntes do PSOL. Por último, não podemos deixar de rechaçar a política burocrática do PSTU de mudar o horário e local da reunião de preparação do ENE, sem sequer avisar aos que compõe a Conlute.