sábado, 24 de abril de 2010

UNICAMP: Estudantes fazem ato contra terceirização e exigem posicionamento da direção




Nesta terça-feira, 20 de abril, realizou-se na UNICAMP uma manifestação no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) sobre o problema que vem acometendo a universidade de conjunto, mas com questões latentes e concretas no IFCH: a terceirização.
O avanço da terceirização vem a passos largos nas diversas universidades públicas, surfando especialmente na onda de neoliberalismo da década de 1990 e o começo de 2000.
No caso da UNICAMP, fundou-se em 1984 a FUNCAMP, uma fundação de capital misto que contrata funcionários em empresas terceirizadas: no IFCH percebemos diversos problemas que vem acarretando essa terceirização.
A novidade é que o movimento estudantil tem reagido, ainda embrionariamente, a essa privatização transvestida na universidade. No caso da UNICAMP, no IFCH, os estudantes criaram um Grupo de Trabalho para discutir essa questão, pensando política e elaborando proposta, o que gerou um importante ato, impulsionado também pelo CACH, contra a terceirização na universidade. Reproduzimos parte do conteúdo da carta distribuída no ato nesta terça-feira:

“Não podemos aceitar nenhuma demissão de qualquer trabalhador, e isso já é o suficiente para que o IFCH se posicione politicamente contra este tipo de contratos precários e contra a terceirização. Mas temos também visto outros inúmeros casos trágicos em nosso instituto: ano passado grande parte do acervo de nossa biblioteca quase se perdeu em águas devido à precária reforma feita por uma empresa terceirizada, bem como os inúmeros problemas estruturais verificados no novo prédio do AEL (Arquivo Edgard Lauenroth), que inclusive comprometem o acervo do arquivo e a eterna construção do prédio anexo da biblioteca, devido às consecutivas falências das empresas. Estes casos são também um reflexo da autuação de construtoras terceirizadas.
Porém, os danos causados pela terceirização não comprometem somente a qualidade das estruturas físicas da universidade, mas também apresentam um profundo descaso com os trabalhadores dessas empresas. Um caso recente, também ocorrido aqui no IFCH, ilustra bem esse descaso: quando a empresa responsável pela reforma da biblioteca faliu e os trabalhadores ficaram sem receber seus salários, e para garantir seu recebimento não permitiram que os caminhões com os maquinários de posse da empresa fossem retirados da obra; a justiça e a polícia, ao invés de prender os donos da empresa por esse explícito furto, abriram um boletim de ocorrência contra os trabalhadores.
Claramente com a terceirização todos os trabalhadores perdem. Conforme avança o processo de terceirização diminuem-se os trabalhadores efetivos, arrancam-se seus direitos, impõem-lhes uma hierarquia entre os funcionários, (dividindo-os, portanto). Tudo isso faz com que a precarização e a intensificação do ritmo de trabalho atinja todos os funcionários. Hoje, por exemplo, Beneti trabalha sozinho com tarefas que deveriam ser feita por muitos, isso porque a universidade não garante a continuação do número dos quadros de funcionários, nem dos efetivos e muito menos dos terceirizados.
Também não podemos falar de precarização do trabalho e terceirização sem considerar a questão de gênero, uma vez que são as mulheres que estão nos cargos mais explorados. Elas, na grande maioria, são terceirizadas ou ocupam postos temporários, que mesmo fazendo o mesmo trabalho que os homens, ganham menos, e, além disso, sofrem inúmeras outras formas de violência, como assédio sexual ou moral no ambiente de trabalho, falta de creches para seus filhos, e ainda por cima são ameaçadas de demissão quando se engravidam. E ainda precisam cuidar da casa e dos filhos, tendo assim uma dupla jornada de trabalho. Desse modo, as mulheres são, alem de oprimidas pelo machismo da sociedade, também superexploradas no trabalho.”


O conteúdo de parte da carta que reproduzimos acima expressa a importância deste ato ocorrido que, além de mostrar uma novidade no movimento estudantil, no sentido de travar batalhas contra a precarização, mas também em solidariedade dos terceirizados e pela unidade dos trabalhadores (reivindicando a efetivação dos terceirizados), vem buscando saídas criativas para levar de modo consequente essas reivindicações, estando marcado para a próxima quinta-feira, as 17:30, um Grupo de Trabalho sobre a temática da terceirização, com indicativo de atos, seminários sobre o tema, além de uma possível performance pensada por artistas para denunciar essa problemática.
Nesse ato, com todos vestidos de azul e com vassouras, representando os funcionários da limpeza que tanto são explorados no IFCH, fizemos uma exigência à Diretora do instituto, Nádia Farage, para que se posicionasse publicamente sobre os problemas ocorridos no Instituto em virtude da terceirização. Houve leitura da carta feita pelos estudantes à Diretoria e uma discussão com ela, que se comprometeu a ler a carta e emitir um posicionamento. Ainda que não acreditamos que a burocracia acadêmica possa iniciar uma luta consequente contra o capital privado e a terceirização na universidade, achamos importante essa exigência à direção, para que os estudantes façam experiência com essa burocracia e vejam a necessidade de se mobilizar ainda mais para conquistar politicamente, e não por vias meramente institucionais, suas reivindicações.
Temos orgulho de fazer parte de um centro acadêmico militante, que luta pelas reivindicações dos trabalhadores e quer estar ao lado deles. Achamos que o CACH vem dando um exemplo que deveria ser seguido em impulsionar a discussão sobre o problema da terceirização e chamar a atenção para isso na realidade do IFCH, já que aqui mesmo na teoria rios de tinta já foram gastos para escrever sobre. Infelizmente temos que aqui ressaltar a ausência absoluta de qualquer militante do PSTU neste ato votado na reunião do CACH, o qual este partido também faz parte; o que mostra que o combate a terceirização, a defesa dos trabalhadores terceirizados e a unidade das fileiras operárias não está na ordem do dia para este partido.
Nós, do Movimento a Plenos Pulmões, estaremos em cada um desses atos e espaços, lutando contra a tereceirização e lutando por um programa que lute contra a privatização da universidade, para que construamos uma universidade realmente pública, aberta aos filhos dos trabalhadores. Achamos necessário se ligar a todos os setores de trabalhadores da universidade e lutar pelos seus direitos, numa aliança operário-estudantil que traga vitórias aos estudantes.

Fora empresas terceirizadas da universidade!
Fora capital privado e as fundações!
Efetivação imediata de todos os trabalhadores terceirizados que já trabalham na universidade!
Unidade das fileiras operárias!
Pela aliança operário-estudantil!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Em meio à tragédia é o povo que ajuda o povo, façamos nossa parte! Organizar uma grande campanha de solidariedade!

Publicamos abaixo o chamado unitário para a construção de uma campanha de solidariedade ao RJ nas universidades.

Organizar uma grande
campanha de solidariedade!

A catástrofe não é natural:
os lucros e os governos a causaram!

As chuvas da última semana já deixaram mais de 224 mortos e 14 mil desalojados. Esta tragédia abateu toda a região metropolitana mas principalmente os moradores de morros e favelas e regiões próximas a rios. Mesmo com o histórico recorrente de catástrofes na região metropolitana decorrente de chuvas, os governos têm a cara-de-pau de afirmar que a catástrofe seria causada por chuvas atípicas, como disse Eduardo Paes, ou pela escolha irresponsável de “morar em áreas de risco” como disse o governador Cabral. Lula fez coro aos mesmos e pediu para orarmos a São Pedro.

É a lógica do lucro que empurra as pessoas a morarem em locais arriscados. Enquanto bilhões são gastos para melhoria de locais nobres e para melhor o transporte de carros para a Barra, a população amarga caríssimo e precário sistema de transporte dos ônibus, trens, metrô e barcas. A longa e cara viagem ao subúrbio, a falta de escolas, hospitais e empregos é ainda mais grave em regiões afastadas do centro e da Zona Sul e empurra a população a morar em morros mais próximos do centro. Alem disso, a especulação imobiliária nas áreas centrais das cidades, como a zona portuária, deixa centenas de imóveis vazios que poderiam servir de moradia para as populações mais pobres. Esta situação escancara como é necessária uma ampla reforma urbana e um plano de obras públicas controlado pelos sindicatos e associações de moradores para que as necessidades habitacionais de transporte e qualidade de vida da população sejam de fato atendidas.

Não são medidas como estas acima que estão sendo tomadas pelos governos, mas sim medidas lentas e insuficientes aliadas à repressão aos moradores. Como por exemplo os R$ 200 milhões oferecidos por Lula e os R$ 70 milhões de Paes, que pode a principio parecer muito, mas na verdade contrastam fortemente com os mais de 200 BILHÕES de reais que Lula liberou aos capitalistas no primeiro auge da crise enquanto estes demitiam, fechavam fábricas e minas, ou os R$ 700 milhões que a prefeitura do Rio gastou com a cidade da música. Cabral fez demagogia com a briga pelos royalties. Cadê os 7 bilhões de dólares que o Rio já recebe? A população continua sem nenhum benefício e quando vem a chuva vemos a situação precária da cidade. Querem mais royalties para patrocinar suas regalias, a corrupção e a repressão nas favelas. Somente com o dinheiro controlado pelas organizações populares, sindicatos e movimentos sociais é que poderemos usar o dinheiro do petróleo para melhorar a infra-estrutura da cidade.

Enquanto os governos culpam a população, é ela mesma que tem agido em resgate dos atingidos e para tomar medidas de solidariedade. Os governos Paes e Cabral, com o apoio de Lula, estão tomando medidas para militarizar os morros e expulsar as populações como o novo decreto de Paes, que prevê uma medida que não difere da tomada pelo governo do Chile e nem da que o próprio Brasil e os EUA tomaram frente à catástrofe no Haiti, intensificando a já longa e violenta ocupação que o Brasil de Lula lidera no país caribenho. Não podemos fazer como fizeram os governantes e culpar estas pessoas por morarem em áreas de risco, temos sim que denunciar o déficit de moradia e suas danosas conseqüências às famílias atingidas pela chuva e pela repressão a esta áreas mais pobres da cidade.

Enquanto muito tinta é gasta com projetos de reformas para as olimpíadas e a copa, dezenas de milhares estão sem condições dignas de moradia e sobrevivência. Nós estudantes, que também somos atingidos pelas cheias e pela precariedade do transporte publico, temos um papel a cumprir nisto e vamos organizar uma grande mostra de solidariedade desde cada sala de aula para levar alimentos, roupas e outras necessidades à população. Alem disso, o movimento estudantil da UFRJ não pode se furtar a pautar os problemas de sua cidade e deve estar articulado com outros movimentos sociais do Rio na luta pelo direito de TODOS à cidade. Devemos também participar de todos os espaços de debates sobre o tema afim de nos articularmos com o maior numero possível de pessoas. Não vamos organizar coletas para entregar às ONGs e governos, que como é denunciado à cada catástrofe, nunca chegam à população, iremos nós mesmos levar a nossa solidariedade junto a sindicatos e associações de moradores. Exigimos da UFRJ seu apoio material e logístico para concretizar esta campanha. Procure seu centro acadêmico!

Venha participar desta campanha!

Próxima reunião para organizar esta campanha:
quinta-feira 15/4 na sede do DCE da UFRJ,
campus da Praia Vermelha, às 16hs.

Assinam este chamado: DCE Mario Prata, CAEFD - UFRJ (Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ); Movimento “A Plenos Pulmões”; Pão e Rosas; Movimento “Nós não vamos pagar nada”, ANEL-RJ, gestão Pagu do CASS (Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC-SP).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vigiar e Punir...

por Marquinhos militante do Movimento A Plenos Pulmôes (LER-QI e independentes)

Jornal PUC Viva 09.04.10

Estamos sendo vigiados por toda parte na PUC-SP, no Campus Monte Alegre, como se fizéssemos parte de um reality show. A diferença é que ao invés de ganharmos uma quantia em dinheiro, recebemos como prêmio REPRESSÃO.
Na quinta-feira dia 18/3, em frente ao Centro Acadêmico de Ciências Sociais, foi descoberta uma destas câmeras escondidas. Assim que esta foi obstruída por mim com adesivo, fui perseguido pelos seguranças contratados (Graber) para manter a ordem e proteger a propriedade da instituição.
Então, fui interrogar o Pró Reitor Comunitário, Hélio Deliberador, sobre por qual razão estas câmeras estão escondidas, e porque é gasta uma enorme quantia em dinheiro para "vigiar e punir" estudantes, ao invés de pagar o reajuste salarial dos professores desde 2005. Também indaguei porque não efetivam os trabalhadores(as) terceirizados, que trabalham com brutal repressão e assédio moral por parte de seus encarregados, além de terem o local de trabalho precarizado e nem sequer possuem o direito de estudar nesta instituição elitista.
Hélio Deliberador, com a maior tranquilidade de um burocrata, me respondeu que estas câmeras estão para minha segurança e de todos no campus, e que jamais estariam espalhadas a fim de reprimir os estudantes.
Fiz lhe uma nova refuta. Porque então o funcionário e estudante Cristiano foi demitido por JUSTA CAUSA, após ter sido pego por uma destas câmeras??? Sem ao menos ter direito de defesa??? Foi aí que Hélio perdeu a compostura e não respondeu a este questionamento.
Fica claro que estas câmeras estão na PUC-SP para reprimir e para acabar com qualquer levante por parte dos estudantes, em prol de suas demandas democráticas.
É preciso reivindicar. Supressão imediata destas câmeras; efetivação dos terceirizados(as); reajuste salarial dos professores e fim da maximização.


Marquinhos (Marcos Vinicius Maia) é aluno do 4º ano de Ciências Sociais e do Movimento A Plenos Pulmões (LER-QI e Independentes)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A chuva é natural, a catástrofe é social! Comecemos já uma campanha de solidariedade nas universidades!

Publicamos abaixo o chamado unitário para organizar uma campanha de solidariedade a partir das universidades.

A chuva é natural, a catástrofe é social! Comecemos já uma campanha de solidariedade nas universidades!

Segunda-feira registrou-se a maior chuva em décadas no Rio de Janeiro. Uma chuva como esta seguramente causaria transtornos mas os contornos catastróficos que tomou não são algo natural mas algo construído pelo capitalismo. A mesma quantidade de água que criou incríveis transtornos na Lagoa não matou nem desabrigou ninguém, já nos morros e favelas desabrigou milhares e ceifou a vida de mais cem pessoas. Esta catástrofe é produzida pela ganância capitalista que fomenta a especulação imobiliária, a dificuldade de transporte e força as pessoas a viverem em locais arriscados. Com esta desculpa da natureza e dos atos arriscados do povo todos governos, Lula, Cabral e Paes, omitiram sua responsabilidade nesta tragédia anunciada.
Nunca faltaram bilhões de reais as empresas, bilhões para a polícia reprimir e assassinar moradores nos morros e menos ainda faltam para os anúncios de obras faraônicas para a Copa e Olimpíadas, para um plano de obras públicas que efetivamente garanta o direito à moradia vê-se poucos centavos. Até as poucas obras de moradia do PAC em Manguinhos, “para tirar o povo da merda” como disse Lula, foram inundadas, e aos moradores só restou a ajuda de seus vizinhos. Esta mesma situação é denunciada na mídia em diversos locais como no Morro do Estado em Niterói, em São Gonçalo e toda a região metropolitana.
Depois de lucrar milhões em cima da especulação e culpar o próprio povo pela tragédia, agora não faltam empresários, artistas e governantes chamando o povo a fazer doações. Já vimos este filme outras vezes, as doações nunca chegam, e ainda tentam omitir sua real responsabilidade de colocar os recursos oriundos dos impostos para garantir as condições de moradia para todo o povo. Por isto achamos que nós estudantes podemos dar um passo à frente e assumir esta responsabilidade, fazermos uma campanha de denúncia desta omissão dos governos, exigência de um plano de obras públicas controlado pelas entidades sindicais e organizações de moradores e começarmos uma forte campanha de solidariedade coletando alimentos, roupas, cobertores, dinheiro nas salas de aula e chamando as entidades estudantis, organizações sindicais, populares e políticas a junto de nós organizarmos a solidariedade ao povo atingido pelas enchentes e deslizamentos.

Reunião para começar esta campanha nas universidades no Rio:
Sexta-feira, 9/4 no pátio do IFCS UFRJ às 17horas. Largo São Francisco, 01, Centro – RJ.

Chamam esta reunião: CAEFD - UFRJ (Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ); Movimento “A Plenos Pulmões”; Pão e Rosas; Movimento “Nós não vamos pagar nada”.

Para se incorporar ao chamado e/ou enviar doações escreva para campanhasolidarieda derj@gmail. com

DESATAI O FUTURO - RJ


DESATAI O FUTURO - RJ

Entrar em uma universidade pública é o sonho de muitos estudantes e mais ainda de suas famílias. Nos últimos anos houve uma expansão de cursos noturnos nas universidades federais e um aumento em suas vagas. Estas mudanças não alteram o traço fundamental do sistema universitário brasileiro: ele é elitista e racista. O vestibular é sua marca fundamental, sua brutal separação entre a grande massa de filhos de trabalhadores proscritos pelo “mérito” da universidade e uma pequena minoria que consegue entrar nela. As condições para permanência são ainda mais precárias uma vez que pagar transporte, Xerox, comida, moradia não sai barato e todas estas condições de permanência não são oferecidas concomitantemente por todas universidades, e menos ainda são oferecidas para todos que precisam. Em resumo esta expansão recente sob o governo Lula, sem um acompanhamento em alojamentos, bandejões, contratações de funcionários e professores significa uma expansão precária, com terceirização e exploração. Nós, do Movimento A Plenos Pulmões somos favoráveis a mais completa expansão da universidade. Defendemos o fim do vestibular pelo livre ingresso de todos estudantes que desejarem estudar na universidade e utilizar a estrutura já existentes nas privadas, não para o lucro de seus donos, mas para que a educação seja um direito, estatizando elas. Por este motivo nos opomos a este plano de expansão precária, de maior terceirização e exploração, de transformação dos currículos para melhor atender a lucros de empresários diretamente ou formando mão-de-obra mais barata (“especializada”).
Com este jornal queremos receber os novos estudantes da universidade mas sobretudo chamar a lutar junto a nós contra o elitismo do sistema universitário: de seu acesso, permanência, condições de trabalho e contra sua defesa ideológica de uma sociedade marcada pela exploração e opressão. Parte desta luta esta localizada em entender as demagogias dos distintos setores burgueses, começando por Lula que detém grande popularidade entre os trabalhadores e estudantes, e apoiar cada luta dos trabalhadores, por pontuais que sejam, e apostar em formar as forças dos estudantes para retomar bandeiras levantas no Maio Francês de 1968: do questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes!
Frente aos grandes desafios que temos, e as grandes questões que a realidade nos exige respostas, se faz necessário rompermos com o rotineirismo e o aparatismo das entidades e instrumentos de lutas estudantis. O DCE e o CAs limitam-se a se esconderem no argumento do atraso e na despolitização dos estudantes para não assumirem suas responsabilidades e se adaptarem a própria passividade. Não vimos ano passado os CAs e o DCE se proporem a politizar a discussão sobre os ataques do Governo a educação pública, muito menos se propor a preparar e organizar os estudantes desde as salas de aula para colocar de pé uma luta pela real democratização do ensino contra a estrutura acadêmica atual, pelo contrário, quase não vemos seus membros a intervir na base estudantil. Os CAs e DCE calaram-se juntamente com a intelectualidade acadêmica sobre o golpe e as atrocidades em Honduras, e pouco ou nada fizeram para inundar a universidade e os estudantes com essa necessária discussão, em nada se propondo a se fazer as denuncias e a organizar uma solidariedade internacional. Também foram pouco sensíveis a realidade a sua volta, e quando os trabalhadores do SEPE entraram em luta, mantiveram sua passiva rotina, e nada fizeram para informar, politizar e mobilizar os estudantes em solidariedade a essa importante luta. Expressão clara da falta de relação real com os estudantes, e para que o conjunto dos estudantes tomem a luta contra a estrutura universitária e se alie aos trabalhadores é que desde a metade do ano não houve sequer uma assembléia geral da UFRJ.
Infelizmente exemplos não faltam para justificar a adaptação das entidades estudantis ao pacifismo, mesmo frente a questões cadentes e importantes da realidade. Para forjar um movimento estudantil realmente novo e não apenas para os discursos, é necessário transformar as entidades estudantis em entidades com caráter militante, que se proponham dedicar esforços para politizar e organizar os estudantes preparando suas lutas levantando um programa de fato combativo que proponha a transformar essa estrutura universitária elitista, racista e antidemocrática que temos. Desde as salas de aulas realizar experiências juntamente com os estudantes, extraindo juntamente com esses as lições dos processos, assim como sabendo lutar contra a corrente em alguns momentos.
É frente a essas tarefas que convidamos a todos os estudantes a conhecer o Movimento A Plenos Pulmões, nas discussões e aprendizados vivos, e na atuação decidida nos processos de luta, e desde ai contribuir para a formação de uma nova tradição do movimento estudantil.

Governo Lula: nunca antes na história do país os empresários lucraram tanto...

Ao contrário do que disse Lula e repetiram vários analistas, o Brasil não passou incólume ao primeiro capítulo da crise capitalista atual. De setembro a dezembro de 2008 ocorreram mais de 600 mil demissões, muitas regiões ainda não têm seu nível de produção recuperado e menos ainda de emprego. A resposta dada à crise pelos capitalistas foi um aumento da tendência que vinha se expressando no país: aumento da exploração dos trabalhadores. Hoje as fábricas e empresas vão se recuperando e contratando, mas os empregos são mais precários pagam menos que pagavam antes, tem jornadas mais extensas, há mais terceirização. Os produtos mantiveram ou subiram de preço mas a participação dos salários caiu – ou seja os lucros aumentaram.
Esta tendência ocorreu incentivada por Lula e seu governo que rapidamente resgataram as empresas. Mais de R$ 200 bilhões foram entregues às empresas enquanto estas demitiam, enquanto as multinacionais estrangeiras sangravam bilhões de reais do Brasil para enviar a suas matrizes. O dinheiro, arrancado dos impostos dos trabalhadores, foi usado para salvar os negócios capitalistas e não para a saúde, a educação. Esta atuação do governo Lula na crise aumenta o que já vinha se mostrando, sob FHC as 500 maiores empresas do país haviam lucrado US$ 73 bilhões de 1997 a 2002. Já sob Lula o mesmo número de empresas lucrou US$ 255 bilhões de 2003 a 2008. Um aumento de 249%! Já o salário mínimo aumentou somente 112,5% (de R$ 240 para R$ 510)! Este dado e o pequeno aumento acima da inflação que tiveram as principais categorias ilustram como os aumentos que os trabalhadores tem recebido são migalhas frente ao aumento da parte do leão que fica com a burguesia.
Se durante um grande crescimento econômico os aumentos nominais dos salários dos trabalhadores significaram uma perda relativa aos lucros, o que esperar em momentos de maior crise? A capacidade de consumo será afetada e esta base da popularidade e propaganda de Lula, a “nova classe média” será profundamente atacada. Todas as famílias têm experimentado um aumento do consumo, mas este consumo em geral tem sido em base de empréstimos, crediários. Isto se dá em toda a economia nacional, o consumo cresce mais que a economia, o endividamento mais do que os salários. Este é o cenário traçado sob Lula, enquanto aumentam contradições na economia internacional com ameaças de falência de vários Estados europeus, e a dívida bruta brasileira vai aumentando com o tesouro imprimindo moeda e dívidas para entregar ao BNDES para que este empreste aos capitalistas...
No cenário internacional muito se diz sobre o Brasil atuar como um líder dos “países do sul”. Mas no Haiti é sob seu comando que é garantida há quase 6 anos uma sangrenta ocupação que impede a organização dos trabalhadores e reprime manifestações, inclusive contra fome. Às mulheres muita demagogia em torno das discussões sobre o direito ao aborto ao mesmo tempo que são assinados acordos com o Vaticano para que este opine sobre as leis brasileiras e tenha privilégios no sistema de ensino, milhares de mulheres são processadas por abortos clandestinos e sob governos do PT, como o de Ana Júlia Carepa do Pará, meninas são colocadas em cadeias de homens para serem sistematicamente estupradas. No campo as promessas de reforma agrária não se efetuaram e o que prospera são os grandes latifundiários e a impunidade dos assassinos de sem-terra. Nas universidades públicas uma expansão (REUNI) com aumento da precarização do ensino e do trabalho, incentivando alterações nos currículos para torná-los mais vinculados ao mercado, e bilhões de reais para os tubarões das privadas (PROUNI) lucrarem enquanto oferecem algumas poucas vagas. Ocorre uma expansão que não afeta o vestibular, seja com ENEM ou outras provas, o funil que faz que pouquíssimos possam entrar na universidade pública e a maioria dos filhos dos trabalhadores seja forçada a pagar fortunas para estudar nas privadas.
Este ano, ano eleitoral, onde velhos inimigos dos trabalhadores (PSDB, DEM, PMDB) se reciclam de defensores da nação, e Lula e Dilma utilizam-se desta demagogia, cabe aos trabalhadores se expressar de forma independente dos distintos agrupamentos burgueses, para lutar pelos seus interesses contra os patrões e seus governos que reservam aos trabalhadores somente mais-trabalho, mais dívidas, e mais policiais para impedir sua organização e lhe tirar seu sono e filhos em morros e favelas. Nós do Movimento A Plenos Pulmões chamamos todos que se colocam nesta perspectiva para, desde agora, atuarmos juntos nas lutas dos trabalhadores para que os capitalistas e não os trabalhadores paguem pela crise!

DESATAI O FUTURO - RJ

A QUEM SERVE SEU CONHECIMENTO?

R$ 5.628,08! É essa quantia média que o brasileiro paga por ano em impostos, encontrando-se entre a carga de impostos das mais altas do mundo. Grande parte dos baixos salários dos trabalhadores e da população pobre (quem realmente paga imposto nesse país), ganho com um alto grau de exploração e trabalho precário muitas vezes, destina-se ao pagamento de impostos. Parte desse montante arrecadado irá enriquecer grandes empresários, seja pelo pagamento da dívida interna e externa, seja diretamente pela injeção de milhões para salvar os capitalistas como foi feito pelo governo Lula na recente crise. Uma pequena parte dessa verba vai para o orçamento das universidades públicas (mesmo baixo, fruto de muita luta). Sendo Assim, é o dinheiro da população, principalmente dos trabalhadores, do pouco que lhe é dado para sua sobrevivência, que financia a universidade pública. É importante que não esqueçamos esse fato.
Quando comemoramos nossa entrada na faculdade, obtida através do filtro social que é o vestibular, pouco notamos e questionamos que por detrás da lógica meritocrática se impõe um sistema no qual garante que a maioria da população que sustenta a universidade não esteja em suas salas de aula.
Enquanto seguimos nossa “vida acadêmica”, pouco notamos e questionamos que o conhecimento que nos é transmitido e a nossa produção acadêmica pouco ou nada servem ao conjunto da população. Pelo contrário, cada vez mais as pesquisas acadêmicas ganham um caráter privado e destinam-se a aos interesses de enriquecimento de poucos. São cada vez mais constantes as pesquisas sobre a produção de álcool, ou transgênicos para os agronegócios, enquanto pouco se destina a resolução da imensa concentração de terras, enquanto muitos continuam sem terra para cultivar. Avançam as pesquisas sobre o botox para as industrias de cosméticos, enquanto milhares de pessoas ainda morrem no país de “doenças de séculos passados” como a tuberculose ou a dengue. Os investimentos em arquitetura e pesquisas em urbanismo satisfazem as necessidades das mansões do leblon ou da gávea, enquanto a cada nova chuva são as enchentes e os deslizamentos dos morros e dos barracos de maderite que aumentam os índices de mortes.
Frente a lógica de utilização do conhecimento a serviço do lucro de um punhado de capitalistas nós do Movimento A Plenos Pulmões partimos de um questionamento profundo do caráter de classe da estrutura universitária e do conhecimento produzido para organizarmos estudantes que queiram utilizar seu conhecimento ativamente a serviço dos trabalhadores e do conjunto dos explorados e oprimidos questionando a própria sociedade. Isso só é possível combinado a uma luta pela real e total democratização do ensino.
A privatização do conhecimento a serviço cada vez mais do interesse de poucos se combina com uma exclusão dos estudos dos processos e teorias revolucionárias e emancipatórios da classe trabalhadora. Ausentam-se dos currículos matérias de processos históricos como a Comuna de Paris, a Revolução Russa, ou a Revolução Espanhola. Não estudamos textos dos grandes revolucionários como Marx, Lênin ou Trotsky. Pouco se fala nas salas de aula sobre o marxismo, e quando esse é abordado ou é massacrado, deturpado e apresentado como uma teoria morta e superada, ou é apresentado de forma academicista, arrancado todo seu conteúdo revolucionário e teoria viva a serviço da emancipação.
Nós dedicamos ao esforço de resgatar o marxismo e suas principais lições, não como teoria morta, estática ou meramente analítica, mas como a própria realidade tem demonstrado, o marxismo e suas lições ainda são atuais e merecem o esforço e a luta para sua utilização como teoria revolucionária, que ultrapasse os livros e as salas e que se ponha em prática e a prova a cada acontecimento da luta de classes. Não aceitamos a condição excludente ou marginal que o marxismo se encontra, nem nos propomos a limitarmo-nos a ser grupos que estudem e reivindique o marxismo paralelamente a academia, e sim lutamos para que o marxismo ganhe espaço acadêmico como teoria viva, nos debates e desde as salas de aulas combinando a teoria e a prática, na própria realização da práxis.
Foi nesse intuito que no segundo semestre do ano passado organizamos junto com a LER-QI o curso sobre o marxismo na América Latina na UFRJ e chamamos a todos os participantes a atuar solidariamente na campanha salarial do SEEPE. É nesse intuito que chamamos a todos os estudantes que se interessam pelo marxismo a se integrar na preparação do curso sobre a Revolução Russa que se realizará nesse semestre, assim como atuar junto conosco em todos os espaços de debates, nas salas de aula em defesa e em resgate do marxismo. Chamamos também a todos que queiram colocar seu conhecimento a serviço dos trabalhadores e dos oprimidos, na luta pela sua emancipação, a militar conjuntamente com o Movimento A Plenos Pulmões dentro e fora da universidade, em todos os processos de lutas de classe que surjam.

“Amar a vida com o afeto superficial do deleitante, não é muito mérito. Amar a vida com os olhos abertos, com um sentido crítico cabal, sem adornos, tal como nos aparece, com o que oferece, essa é a proeza. A proeza também é realizar um apaixonado esforço por sacudir aqueles que estão entorpecidos pela rotina, obrigar-lhes a abrir os olhos e fazer-lhes ver o que se aproxima.”
Leon Trotsky


quarta-feira, 7 de abril de 2010

RIO DE JANEIRO: Em Manguinhos as promessas de Lula foram por água abaixo


Por Ludmila
Estudante do IFCS-UFRJ e moradora de Manguinhos, militante do Movimento A Plenos Pulmões


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O primeiro andar dos apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Lula em Manguinhos foram devastadoramente alagados. Esta obra entregue em 22/12/09 já apresentava diversos problemas de infiltração de água e uso de materiais inadequados em sua construção, e agora colocou os seus moradores em grave risco.

Em Março de 2009 quando Lula esteve na mesma localidade de Manguinhos para inaugurar a escola Luiz Carlos da Vila, tinha declarado em alto e bom som que “qualquer ninhozinho é bom para pobre”, o que ninguém contava é que o ridículo ninhozinho de 42m2 além de ter infiltração alagava de tal modo que colocaria idosos e pessoas com deficiência em risco.

O Estado não chega. Quem salva os moradores são os vizinhos

Hoje (6/4) até às 15 horas, há mais de 17 horas desde o início da chuva, não se via nenhum técnico da defesa civil ou bombeiro na região. Os moradores dos primeiros andares foram resgatados pelos vizinhos. Esta é promessa de Lula de moradia melhor. Junto de Cabral, Lula, afirmou que quem tem sido afetado é quem mora em local de risco, mas, hipócrita, nada disse do alagamento na obra de seu governo e não no alto de um morro. Os trabalhadores, o povo, os estudantes precisam se organizar para denunciar este descaso e lutar para que todos tenham moradia decente!