domingo, 13 de abril de 2008


jOrNaL a PlenOs PuLmÕeS no. 8 – Abril de 2008



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Levantar o movimento estudantil nacionalmente com as demandas da UnB!

A ocupação da reitoria da UnB já se tornou uma referência para os estudantes de todo o país. Queremos transformar a UNB numa nova USP, que impulsionou a mobilização mais forte das estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) dos últimos anos, com greves e ocupações, que se espalharam como um rastilho de pólvora em todo o país. É por ver esse perigo que o famigerado Thimothy logo no começo já ofereceu migalhas para se manter junto com sua camarilha corrupta no poder. A mesma manobra da reitoria da USP! Mais uma vez os estudantes disseram um grande NÃO e ampliaram a ocupação!
O passo à frente que deram os estudantes da UnB foi levantar a bandeira da luta contra a corrupção, que é do conjunto da sociedade, além da democratização da universidade e o fim das fundações que são problemas vividos nas universidades em todo o país. É por isso que dizemos: SOMOS TODOS UnB e chamamos os estudantes de todo o país a se colocarem em movimento por essas mesmas demandas! A UFMG já fortaleceu essa perspectiva de enfrentamento e ocupou a reitoria contra mais uma invasão da PM na universidade, que também não podemos mais agüentar! Basta, é o momento de passar à ofensiva!
A ocupação da USP foi o primeiro divisor de águas entre o velho e o novo movimento estudantil (ME): o velho ME influenciado e controlado pelas antigas direções do PT e do PCdoB (da UNE, em particular), que traíam nossas lutas a partir de uma estratégia conciliadora de negociar com a burocracia acadêmica e os governos para apresentar migalhas como se fossem vitórias, mas nada se mudava no caráter e na estrutura de poder da universidade. No ano passado, o novo se expressou nas lutas por fora do controle destas antigas direções burocráticas e na radicalização no método.
Agora, apontamos a radicalização política nas demandas, não somente nos defendendo dos ataques para manter a universidade tal como é, mas levantando demandas ofensivas que golpeiam o regime universitário autocrático e que são do conjunto da população. A Unb coloca como alvo central os que mantém a universidade elitista e racista: essa casta de burocratas privilegiados que sugam o sangue da comunidade da universitária, o dinheiro das fundações para manter seus privilégios e estão transformando em norma mandar polícia para cima de estudante. É por isso que não podemos recuar frente a qualquer tentativa de desvio que pode vir com um “afastamento” do reitor ou uma “estatuinte” farsa (como fizeram na USP) para tentar fechar a mobilização. Temos que levar até o final a luta por derrubar o reitor e a estrutura de poder antidemocrática pela força da mobilização, impondo um Congresso Estatuinte verdadeiramente soberano e sem burocratas acadêmicos.
O fato de estampar a todo país a corrupção e as relações promíscuas com as fundações numa das principais universidades do Brasil faz a luta dos estudantes ganhar apoio da sociedade. Aqueles que assistem dia a dia as CPI´s “terminarem em pizza”, vêem agora o combate à corrupção com a força da mobilização direta. É por isso que já começam a se preocupar senadores, ministros e até mesmo Lula! É bom mesmo.... e o pior é que alguns deles querem agora aparecerem como nossos grandes aliados! E quem é que mandam para a ocupação? Justamente aqueles que são vistos como os incorruptíveis como Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy e Chico Alencar. Nada mais engenhoso para desviar uma luta direta contra a corrupção.
Os destinos da ocupação e sua vitória dependerá das estratégias adotadas dentro e fora da Unb pelo movimento estudantil. Duas questões de enorme importância já estão colocando a necessidade de aprofundar sobre qual é a perspectiva que o ME tem que adotar: o “apoio” dos parlamentares e como são feitas as negociações. Não podemos ter ilusão que da mão de parlamentares vão vir a solução dos nossos problemas. Menos ainda sendo parte dos que apóiam o governo Lula. Só podemos confiar nas nossas próprias forças e na mobilização direta. E mais, não podemos permitir nenhum tipo de negociação à portas fechadas, para impedir que entreguem a nossa luta. Cada hora sai uma nova notícia de negociação com novas instituições e personalidades. O movimento deve tomar para si o controle dessas negociações, exigindo que sejam públicas e com representantes eleitos em assembléia e rotativos.
Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, estamos apoiando essa luta e buscando levar à frente essa política independente em todos os lugares onde estamos, a partir das lições que tiramos das lutas do ano passado, em especial da USP onde cumprimos um importante papel. Nos comprometemos a fazer a nossa parte para levar à frente essa perspectiva.
Viva a luta dos estudantes da UnB!

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Confiemos somente em nossas próprias forças!
Por uma Comissão de Investigação Independente contra a corrupção!
Nenhuma ilusão nos parlamentares e na UNE!
Por negociações públicas e com representantes rotativos!


A força da luta da UnB até agora foi por causa da mobilização direta dos estudantes, que é a única via para resolver nossos problemas. É para tentar nos desviar desse rumo que, preocupados com o fortalecimento do nosso movimento, começam a aparecer “aliados” de todos os lados, pipocam reuniões de negociação aos quatro cantos e querem nos fazer acreditar em CPI para punir alguém.
Em primeiro lugar, os parlamentares e suas CPI´s já demonstraram que não podem punir nenhum corrupto. Precisamos desde já construir uma Comissão de Investigação Independente, composta por estudantes, professores, funcionários e outras organizações que se coloquem favoráveis à nossa luta. Só uma comissão assim pode punir exemplarmente o Thimothy e todos os burocratas acadêmicos corruptos e repressores desse país.
Devemos ficar alertas quando a UNE, que se colocou contra as ocupações e lutas em todo o país no ano passado se diz apoiar nossa luta. Sempre quando faz isso, é a primeira a sentar para negociar pelas costas dos estudantes. Na USP, ela se reuniu com a reitoria escondida e soltou uma nota de repúdio à ocupação. Não nos enganemos!
A UNE também é a primeira a trazer representantes do Estado para “facilitar a negociação”. Na luta da UnB já estão presentes a OAB, senadores, governo, políticos..... a UNE se coloca ao lado dessas instituições e personalidades que há uma importante parcela dos estudantes que acredita para ir cavando seu espaço e ganhando autoridade no movimento. São essas mesmas instituições e políticos que garantem todos os privilégios desses burocratas da UNE. Não acreditemos em todos os “aliados” que vão surgir. Se são de fatos aliados, devemos exigir que sigam somente as resoluções das assembléias e apóiem as nossas demandas. Não devemos aceitar que nenhuma entidade ou pessoa fale em nosso nome e promova reuniões de negociação sem nossa autorização prévia nos fóruns do movimento. Precisamos controlar as negociações exigindo negociações públicas e com representantes rotativos.
E devemos tomar cuidado para não permitir que desviem a nossa luta. Por exemplo, já estão se delineando algumas saídas para eles (que são “becos sem saídas” para nós) que querem conter nossa perspectiva independente. Uma delas é “sugerir” o afastamento do reitor, negociado com ele mesmo, em troca de uma farsa de “investigação” na CPI que “termine em pizza” por não ter nenhum controle da comunidade universitária. E o outro, é deixar até mesmo que ele fique (!!!!), desde que a reitoria conceda um Congresso Estatuinte. Foi exatamente a manobra que a reitoria da USP fez! Permitiu um congresso que tende a se transformar numa farsa a partir do momento em que se desmonta a mobilização.

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Sigamos o exemplo dos estudantes franceses que foram vitoriosos com a auto-organização!
Ligar as ocupações às salas de aula e à base dos estudantes!
Por um Encontro Nacional de Delegados de Base!

As ocupações do ano passado tiveram uma limitação em conseguir se ligar organicamente aos estudantes em sala de aula. As assembléias são importante organismos de decisão, porém, quanto mais se amplia o movimento, mais se tornam comícios anti-democráticos. Esse foi um problema que enfrentamos na USP e em várias ocupações pelo país. Não podemos cometer o mesmo erro agora. Precisamos impulsionar desde já a auto-organização, com discussão em sala de aula e eleição de delegados (representantes) para um comando democrático em cada universidade. Assim, o conjunto dos estudantes toma em suas mãos as decisões sobre os rumos do movimento e elege seus delegados que são mandatados e revogáveis se não respeitam as deliberações dos estudantes em cada sala de aula.
Também tivemos no ano passado o problema que cada universidade lutou isolada. A auto-organização se coloca como uma tarefa mais urgente se nosso objetivo é unificar o ME nacional pela base. Foi assim que fizeram os estudantes franceses que derrotaram em 2006 o CPE (Contrato do Primeiro Emprego) que organizaram um grande Comando Nacional de Greve com delegados eleitos a partir das faculdades em luta em todo o país.
É para apontar essa perspectiva que defendemos que a UnB chame os estudantes de todo o país a um Encontro Nacional de delegados eleitos nas assembléias de base para votar um programa capaz de mobilizar o movimento estudantil em todo o país e ganhar o apoio da sociedade.

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Fora as fundações privadas das universidades!

Desde os anos 1990, as fundações privadas se proliferaram e têm sido uma via de captação de recursos privados a partir da venda do conhecimento produzido nas universidades, pela prestação de consultorias às empresas por professores, pesquisadores e estudantes vinculados às universidades, que deveriam ter dedicação exclusiva a instituição pública. Além disso, as fundações também se tornaram uma das vias de precarização do trabalho nas universidades, promovendo a terceirização.
Nas reformas universitárias aprovadas pelo governo Lula e apoiadas pela UNE, UJS/PcdoB e PT, as fundações foram legalizadas e regulamentadas. Desta forma, uma camada de professores da universidade, a que nós denominamos de burocracia acadêmica, se enriqueceu devido a esta relação empresarial que estabeleceram com os grandes monopólios capitalistas. Uma das reformas de Lula, por exemplo, aprovou uma lei que permite a todo professor romper sua dedicação exclusiva para prestar, durante alguns anos, consultoria às empresas ou abrir seu próprio negócio.
Por esta via entendemos porque hoje o REUNI vem sendo defendido por essa burocracia de professores. Como toda lógica mercantil, é por meio das fundações que se proliferaram a corrupção dentro das universidades. A demanda dos estudantes por abrir os livros de contabilidades destas fundações pode ser uma importante tática para denunciar como se processam os lucros e a corrupção nestes meios. Mas não podemos nos iludir com as proposta defendidas pelos governistas e setores do ME, de se limitar a exigir “transparência” nas contas das Fundações.
Para nós Fundação é sinônimo de privatização da universidade e nossa luta é pelo seu fim.

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Contribuição de Gilson Dantas
ex-aluno da UnB, coordenador do Instituto Karl Marx de Brasília.


1 – primeira impressão sobre o atual movimento de ocupação da UnB
2 – primeira comparação com 68
3 – perspectivas que vejo para esse movimento.

1 - A tradição recente do movimento estudantil aqui em Brasília é a de um movimento conduzido por uma UNE praticamente estatizada, chapa-branca, que evita – como o diabo a cruz – estimular experiências de mobilização direta e de democratização do movimento, isto é, de experiências de luta a partir da sala de aula.
Nesse sentido, a primeira boa impressão desta experiência atual da ocupação da reitoria da UnB é, por um lado, tremendamente positiva, ou seja, estamos diante de estudantes de base e de destacamentos bem combativos que se lançam a uma experiência de métodos de luta e confronto direto com o Estado em um nível que não se via desde os anos 70. E que vão ganhando auto-confiança, capacidade de iniciativa, experiência de que podem decidir, dirigir iniciativas de combate contra o Estado.
Mas por outro lado, vigora uma evidente falta de experiência de combate programático e ao mesmo tempo de escassas iniciativas de busca de pontes com a população pobre. Ou seja, falta total de busca de coordenação política com a população trabalhadora.
Não é culpa das bases: estas, ao contrário, tiveram a coragem de ocupar uma reitoria enfrentando o governo diretamente. E, em grande medida, por cima das próprias direções, dispostas a conciliar politicamente. Este é, aliás, o maior risco que o movimento corre. Em suma, o que temos é um enorme potencial de luta que esbarra na burocratização das últimas décadas, das direções estudantis. Tanto isso é verdade que eles acolhem a nata da politicalha oportunista tipo Cristovam Buarque, em suas assembléias, com deferência e aplauso.
A elevação política desse movimento é possível, necessária e ao se lançarem a formas de combate direto, os estudantes de base possuem as condições de evoluir nessa direção, especialmente apoiando-se em experiências mais avançadas de outras ocupações como a da USP. E procurando aprofundar politicamente sua crítica política ao atual comando estudantil e inclusive a crítica a direções do PSOL, PSTU, PC do B, que em absoluto não priorizam a democratização do movimento e nem a aliança com a classe trabalhadora.

2 - A comparação com as lutas de 68 a 70 – na própria UnB – época de desenvolvimento da ditadura militar e de muita repressão policial e assassinatos traz, inicialmente, duas lições.
A primeira, a vigência dos debates da grande política, da política revolucionária que naqueles tempos fazia parte do cotidiano do movimento estudantil, especialmente nos seus últimos estertores antes dos anos de chumbo.
O movimento era mais atravessado por discussões sobre o processo revolucionário mundial, Vietnã, maio de 68 na França; o discurso antiimperialista era mais evidente que hoje e, nessa medida, o próprio programa reformista ganhava matizes mais revolucionários ainda com todos os desvios posteriores como o da luta armada sem o proletariado.
Outra questão ainda, comparativa, é a de que hoje, o perfil do movimento estudantil em que pese seu aspecto mais importante – o método combativo de ocupações, por exemplo – continua sendo corporativo, ou, em outras palavras, isola-se no interior da luta universitária e mais ainda, da universidade como ela é, procurando melhoras, reformas, derrubada de um reitor aqui, ali, mas ainda sem estender-se, programaticamente, em direção á classe trabalhadora, no sentido de defesa, por exemplo, da ampliação maciça e imediata das vagas públicas e gratuitas (naturalmente contra o PROUNI, REUNI, todos esses remendos eleitoralescos), vagas voltadas para as camadas mais pobres da população, defesa de bandeiras dos trabalhadores – como no caso da UnB a integração de todos os terceirizados aos quadros da Universidade – e também uma UnB a serviço dos bairros pobres, das demandas populares.

3 – Dessa avaliação, bem sucinta, se desprendem perspectivas de luta que vejo como prioridade para que o movimento ganhe auto-sustentacão e transcendência.
A primeira é a superação dessa herança burocrática: pela reinvenção de um movimento estudantil baseado em comitês de luta e de coordenação com a população trabalhadora e com a comunidade, baseados em sala de aula, com encontros de delegados eleitos em sala de aula e com representantes diretos dos setores mais combativos (exemplo: os que ocupam a reitoria os que se lancem mais resolutamente à ação).
Neste momento, mais importante que os DCE´s e a UNE, é a necessidade de atribuir voz e iniciativa às bases, a cada sala de aula, e incentivar todo tipo de experiência de auto-organização, recorrendo, para isso, a todo pretexto que apareça, seja cultural, político ou social. A outra perspectiva absolutamente necessária é a do debate programático. Uma é inseparável da outra. Universidade aberta aos trabalhadores, voltada para os bairros, para a comunidade e os centros de produção. Isto significa discutir demandas concretas dos trabalhadores, ouví-los, estabelecer formas de diálogo direto com os bairros e empregados, operários. E com os mais pobres. Discutir cotas de 50% das vagas para os estudantes das escolas públicas, por exemplo. E revolucionar o conteúdo da Universidade, sua função, começando por democratizá-la e deselitizá-la. Em poucas palavras é isto.

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Ocupação reitoria da UFMG: mais uma luta contra a repressão policial e da reitoria

Seguindo os métodos do movimento estudantil da UnB e do ano passado, os estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ocuparam a reitoria da universidade como protesto à ação truculenta da Polícia Militar ocorrida no dia 3 de abril. Neste dia estava programada no Instituto de Geociências a exibição de um documentário (“Maconha – Grass”) e um debate sobre a legalização da maconha. A PM, que está instalada dentro da universidade há alguns anos, organizou um enorme aparato para impedir a realização do evento: 50 PM´s, várias viaturas e até um helicóptero cercaram a faculdade impedindo a entrada e saída de trabalhadores e estudantes. Convocada e autorizada pela Reitoria, os policiais agrediram os estudantes e deu voz de prisão a um deles.
A repressão dentro das universidades, cada vez mais recorrentes nestes últimos anos, fazem parte de uma ação combinada das reitorias e da burocracia acadêmica para impedir as manifestações de estudantes e trabalhadores contra os seus projetos de ataques a educação superior. Mandam a polícia, perseguem, assediam moralmente, abrem sindicâncias, tudo para intimidar os lutadores. Nas estaduais paulistas não foi diferente: em Araraquara a diretoria enviou a Tropa de Choque para acabar com a ocupação; nas estaduais correm vários processos de sindicância contra os grevistas e ocupantes...
Mas a repressão na UFMG através da ação policial já vem se tornando uma tradição dentro desta universidade. O ultimo caso, que ficou conhecido nacionalmente, foi a invasão da PM em 1998 na Moradia Estudantil. Esta existia há 18 anos e era gerida pelos estudantes num prédio ocupado da universidade. A Reitoria, que tinha um projeto de implementar taxas de cobranças nas várias dependências, acabou com a ocupação, construiu um novo prédio, e agora cobra quase R$200 para os estudantes estudarem e morarem numa universidade pública. E quem gere a assistência estudantil na UFMG? Uma Fundação Privada chamada FUMP.
Por isso, fazemos nossa a demanda dos estudantes da UFMG de Fora a PM do Campus e a punição de todos os responsáveis pela repressão e chamamos os estudantes de todo o país a colocarem essa luta na ordem do dia em cada universidade!


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E a luta contra o REUNI??????

No ano passado, o movimento estudantil das federais soube denunciar muito corretamente que o REUNI veio para sucatear a qualidade do ensino e atacar de várias maneiras a universidade. Agora, com os escândalos do Thimothy, ficou evidente que tipo de gente vai controlar a mísera verba que o governo federal disponibilizará com o REUNI. E para onde vai a verba? Para lixeiras de R$ 1.000,00 e saca-rolhas de R$800,00! E se explica também porque as burocracias acadêmicas aprovaram o REUNI de maneira anti-democrática e na base da tropa de choque: privilégios....
A melhor maneira de lutar contra o REUNI e a reforma universitária do governo é unificando o movimento nacionalmente em torno das demandas levantadas pelos estudantes da UnB, que tem um grande potencial de ganhar apoio dentro e fora da universidade. Hoje, o melhor golpe no governo é levantar uma luta em todo país contra a corrupção, pela democratização na universidade e contra as fundações privadas, pois esta é a base de sustentação e implantação da sua Reforma Universitária.
E para sermos vitoriosos precisamos superar as debilidades da luta contra o REUNI do ano passado, que acabou se isolando da sociedade porque não arrancou das mãos do governo a bandeira da democratização da universidade. Lutar simplesmente contra o REUNI aparecia para os que estão de fora da universidade como uma luta contra o aumento das vagas (que são projetadas para um aumento de mais de 70%). Isso em grande parte é responsabilidade do PSOL e do PSTU por não colocarem nenhuma demanda pela positiva que desmascarasse o governo.
A única maneira de derrotar a reforma universitária do governo seria se o ME ultrapassasse os muros da universidade e se ligasse aos trabalhadores e ao povo, mostrando como a verdadeira “democratização da universidade” só virá a partir de uma enorme luta de massas. Mas essa aliança não poderia se dar somente “Contra o REUNI”, mas se o movimento estudantil levantasse uma luta por uma expansão massiva de vagas públicas através da expropriação sem indenização de todas as universidades particulares, com as verbas necessárias para um ensino de qualidade sob a base do não pagamento das dívidas externa e interna. Essa seria uma maneira de acabar com o vestibular, pois já há mais vagas nas universidades do que estudantes que se formam no colegial. A verdade é que sem questionar o funil elitista e racista do vestibular e que cerca de 70% dos universitários do país são obrigados a pagar para estudar, não é possível falar de “Universidade para Todos”!

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Coloquemos a USP novamente à frente da luta do movimento estudantil

No ano passado, a USP foi o estopim. Agora, a UnB tem esse potencial e nós, estudantes da USP, temos que atender à esse chamado e nos colocar novamente na primeira linha da luta para barrar os ataques e passar à ofensiva.
Antes mesmo das ocupações da UnB e da UFMG já tínhamos motivos de sobra para reacender a chama do movimento estudantil da USP. Após a greve e ocupação na USP, a reitoria, junto às diretorias de unidades, estão tentando transformar as conquistas parciais em derrotas. Isso acontece com a garantia da reforma de prédios que vêm com a retirada dos espaços estudantis, onde o principal ataque da reitoria é à faculdade que foi o bastião de nossa luta: a FFLCH. O circular e o bandejão aos finais de semana também se transformaram em ataques.... aos trabalhadores, pois não houve as contratações necessárias por parte da Reitoria e nem as horas extras estão sendo pagas. E o V congresso? A Reitoria quer parecer boazinha ao dizer que poderia ceder a estrutura, mas ao mesmo tempo quer aprovar pelo Conselho Universitário e pelas Congregações de unidades uma reforma estatutária que concentra ainda mais o poder nas poucas mãos da casta burocrática que hoje governa a universidade. E pior, já está claro que não vai aceitar nenhum estatuto votado pela comunidade universitária se não for imposto pela força da luta. Afinal, já se foram os congressos anteriores (4) dessa maneira. Para aplicar todos esses ataques e tentar fechar a crise aberta na USP ano passado a reitoria precisa: dividir estudantes e trabalhadores e punir os lutadores (na USP já são mais de 40 sindicâncias contra estudantes e processos administrativos e perseguição política aos trabalhadores).
Agora, com a UnB, já se transforma numa necessidade urgente que todos aqueles que lutaram no ano passado se coloquem novamente em movimento, não somente pelas questões que estão postas na USP, mas se somando à luta contra a corrupção, pela democracia na universidade e contra as fundações. Coloquemos na parede (e abaixo!) os Thimothy´s que existem aos montes na USP e em todas as universidades brasileiras, que são a casta de professores que para manter seus privilégios mantém um regime universitário autocrático e abrem as portas para as fundações e empresas terceirizadas.
O V Congresso da USP tem que ser preparado pelos estudantes e trabalhadores de forma a organizar os professores combativos e lutadores da universidade para barrar os ataques que estão sendo colocados e para derrubar este regime reacionário. Para isso precisamos preparar uma grande greve universitária, com medidas radicalizadas, assim como fazem os estudantes da UNB hoje.


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Eleições do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) da PUC-SP
Chapa Germinal: ligar o movimento à luta da UnB e da UFMG

Nós do Movimento A Plenos Pulmões, que fizemos parte da ultima gestão do CACS, que se colocou na luta contra os ataques da Reitoria e da Igreja, estamos participando das eleições nos dias 9, 10 e 11 com a Chapa Germinal.
Se estivemos à frente da luta contra o Redesenho Institucional (que quer ligar ainda mais a PUC aos interesses do capital e extinguir os cursos de ciências humanas) e contra a repressão, agora, nos entusiasmamos com as lutas da UnB e da UFMG e tomamos para nós a solidariedade com estas lutas que as outras chapas não dão nenhuma importância.
Independente do resultado da eleição, continuaremos a batalha por colocar o movimento estudantil da PUC ao lado das diversas lutas do país afora, lutando para transformar a PUC num bastião da luta pela unidade entre o movimento estudantil das públicas e das privadas, pois esta é única maneira de derrotarmos os ataques e passar à ofensiva numa luta pela estatização das universidades particulares e por uma universidade à serviço dos trabalhadores e do povo, o que é a saída de fundo que propomos programaticamente nessas eleições.

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Unesp: exemplos de aliança operário-estudantil

Nos últimos tempos, alguns exemplos importantes para o movimento estudantil (ME) têm surgido no interior de São Paulo, onde um setor do ME da Unesp de Marília e de Franca levaram adiante alianças com os trabalhadores.
Em Marília, após anos de luta pela construção de um Restaurante Universitário, a burocracia tenta, para que consiga fragmentar os dois setores, transformar as vitórias do movimento estudantil em ataques aos trabalhadores: com almoço em quantidades insuficientes e com grande parte de cursos noturno, a diretoria aponta que o período noturno do RU só virá com o aumento de horas dos trabalhadores e com ainda mais exploração. O movimento responde, deixando claro que a perspectiva é de união entre trabalhadores e estudantes, e que a luta será por garantir que o RU seja aberto a noite com a contratação de mais funcionários, e por colocar o restaurante sob o controle dos estudantes e trabalhadores, para que seja garantido tanto a qualidade como o direito dos trabalhadores. Um grande exemplo que pode servir para a luta dos estudantes da Unesp - Bauru, que frente a refeições que custam mais de 5 reais, também estão em luta.
Em Franca, ano-a-ano, temos avançado em soldar uma aliança com os sapateiros. Os trabalhadores vem sofrendo com demissões massivas, super-exploração, falta de direitos e desemprego que tem aumentado a cada ano devido à concorrência com os produtos no mercado, principalmente a China. Frente a isso nós do Movimento A Plenos Pulmões junto com outros setores colocamo-nos ombro a ombro com os trabalhadores, construindo a “Frente Permanente em Defesa dos Trabalhadores”, colocando o conhecimento dos cursos de direito, historia e serviço social a serviço desses trabalhadores, desmascarando os patrões, resgatando a história dos trabalhadores e desmascarando a constituição burguesa. Além disso, estamos presentes nas assembléias, panfletando materiais e discutindo com as famílias dos trabalhadores.
Os estudantes de Franca e Marilia firmam um grande passo na construção de uma aliança estratégica para que avancemos na luta contra a universidade elitista e racista que existe hoje e que coloquemos nosso conhecimento a serviço dos trabalhadores.

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Unicamp: a luta contra a precarização do trabalho e do curso!

Na Unicamp, estamos impulsionando junto ao CACH e independentes uma luta em defesa dos terceirizados contratados por uma Fundação, a Funcamp, que é ligada a Reitoria da universidade. Essas contratações são do inicio dos anos 90 e foram feitas ilegalmente, escondendo por trás desvios de verbas públicas. Mais um exemplo de como a UnB não é uma exceção e de que seria uma luta muito importante de ser impulsionada nacionalmente. Agora, o Ministério Público, depois de anos sem fazer nada, determinou a demissão de todos os funcionários (que poderá chegar a 600) e considerou os contratos nulos, ou seja, sem direitos trabalhistas. Enquanto isso, a burocracia acadêmica, responsável por contratar estes trabalhadores, continua impune e realizando seus ataques à universidade.
Também no IFCH, iniciamos uma luta contra a precarização de nosso curso a partir da flexibilização dos currículos. Neste instituto a reforma universitária vem passando pela via das reformas curriculares. A reitoria não libera a contratação de novos professores, pois considera o instituto disfuncional para a lógica capitalista, e os professores, ausentando-se da luta, seguem adequando os currículos para suprir este déficit de docentes.

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Por um encontro estadual dos estudantes paulistas para reorganizar nosso movimento!

São Paulo foi o estopim das lutas do ano passado e seguem as lutas na PUC-SP, Fundação Santo André, Casper Líbero e UNICID, que são todas privadas (ou de direito privado como a FSA). Estas são importantes para, ligadas às estaduais paulistas, onde começa a haver incipientes mobilizações, soldar uma aliança inédita entre o movimento estudantil das públicas e privadas. É por isso que começamos a dar uma batalha por um encontro estadual de estudantes. Agora, com a luta da Unb, essa tarefa se torna ainda mais urgente. Na construção desse encontro, que deve ser amplamente discutido nas bases, devemos partir de cercar de solidariedade as lutas em curso. Para nós, esse Encontro Estadual contribuiria muito para aportar para a reorganização do ME nacionalmente. Chamamos a todos a somarem forças por essa perspectiva.

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Participe do seminário sobre o maio de 1968 e de nossa Plenária aberta

Em maio, estaremos comemorando uma data importante: 40 anos das lutas estudantis e operárias de 1968. Nós do Movimento A Plenos Pulmões, que levantamos um programa político pautado na estratégia da transformação radical da universidade através de uma aliança entre os estudantes e a classe trabalhadora para colocá-la a serviço das lutas e das necessidades dos trabalhadores e do povo pobre, reivindicamos centralmente as experiências da luta estudantil de 68, especialmente o Maio Francês.
Foi na França que o ME mostrou todas as suas potencialidades como camada social capaz de abalar as estruturas da sociedade capitalista. Após anos de experiência nas lutas contra a dominação imperialista francesa e de solidariedade internacional com a luta de libertação dos povos da Argélia e Vietnã, os estudantes franceses, diante uma repressão policial na Universidade de Nanterre, se levantam em 1968 contra a estrutura de poder e o caráter da universidade. Mas como camada sensível da sociedade, “caixa de ressonância” das contradições sociais e econômicas, que sentia as conseqüências da crise que estava se processando nos países centrais do capitalismo, os estudantes rapidamente ampliaram sua luta para abranger as demandas dos setores mais oprimidos e explorados da sociedade. Sua radicalização, seu programa, seus métodos de auto-organização viraram espelho para a classe operária, que saiu em greve e ocuparam fábricas, concretizando uma fantástica aliança entre estudantes e trabalhadores.
Nós do Movimento A Plenos Pulmões, composto por militantes independentes e da Liga Estratégia Revolucionária, construímos na universidade um corrente de estudantes que se colocam na luta política e teórica para colocar esta tradição de pé, resgatando seus métodos e programa, fazendo balanço dos acertos e erros, e tirando lições a partir de cada situação concreta da atualidade.
É por isso que nós convidamos a todos a participarem do seminário que faremos nos dias 10 e 11 de maio sobre o Maio de 68 e da nossa Plenária onde discutiremos um programa político para a atualidade.