terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

USP - CALOURADA 2008


Glossário ________________________________________

Vocês verão muitos glossários explicando como funcionam as coisas. Nós não temos o intuito de explicar tudo, mas de colocar a visão que o Movimento A Plenos Pulmões tem de algumas coisas que ajudam a entender o ME e a atuação política na universidade.

Adusp – Associação dos Docentes da USP. Escreve textos interessantes e desiste fácil das lutas. Alojamento – a versão mais precária e insalubre do CRUSP- improvisado nas arquibancadas do CEPEUSP (ver os dois abaixo).
Assembléia – reunião de todos estudantes que queiram discutir e decidir sobre o que bem-entenderem. Organismo máximo dos estudantes. Pode ser por curso, faculdade, geral...
Bandex, bandeijão – rango nutritivo e barato. Feito à base de suor e doenças de trabalho dos trabalhadores da COSEAS, para alimentar os estudantes e a comunidade universitária (com exceção dos professores que tem seu próprio restaurante, melhor, mais arrumado e bem caro!).
Burguesia – Segundo Marx e Engels, com os quais compartilhamos, é a classe detentora dos meios de produção e que explora a classe trabalhadora para extrair dela seus lucros.
Centros acadêmicos - CA´s e Diretório Central dos Estudantes-DCE – Os primeiros são relativos a um curso ou faculdade, enquanto o segundo abarca o conjunto dos uspianos. São as entidades, em tese para a defesa dos interesses dos estudantes, o que não acontece quando é dirigido pelos governistas do PT, PCdoB e PMDB (como no ano passado, que boicotou a ocupação). Infelizmente, correntes que se colocam no campo da luta contra o governo e em defesa dos interesses dos estudantes, como o PSOL e o PSTU, muitas vezes reproduzem muito dos métodos, da prática e da política dos governistas....O Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) acontece periodicamente e reúne todos os CAs. É melhor buscar saber o que seu CA está fazendo lá, porque quase nenhum se baseia em assembléias de curso para atuar... É por isso que lutamos por revolucionar essas entidades!
Cepeusp – mais conhecido como Cepê – é o clube dos estudantes que fica próximo à Faculdade de Educação. Você pode trazer filhos e cônjuges para usar o clube, mas é fechado para quem tem “vínculo com a universidade”, como quase tudo aqui dentro. Paira no ar a construção de uma piscina aquecida há uns 5 anos...
Circular – também conhecido como secular ou circulento, é o escasso meio de transporte gratuito dentro da universidade. A reitoria não investe em sua melhoria, quantidade. E assim faz os motoristas terem de enfrentar a fúria de todo mundo.
Classe Trabalhadora – Você vai ouvir o professor dizer na sala de aula que ela não existe mais, mas ao mesmo tempo vai vê-la limpando nosso banheiro, te servindo no bandejão, dirigindo os circulares etc. É a classe que produz tudo na capitalismo, mas não se apropria de nada e possui apenas sua força de trabalho para vender.
CO (Conselho Universitário) – reunião da casta que governa a universidade. Local onde os funcionários e estudantes (e até professores que não são titulares) não podem falar nem votar, mesmo pedindo licença “às honradas excelências”. Neste lugar quem decide tudo são apenas alguns escassos professores titulares. Participação da FIESP, entre outras barbaridades (ver texto nesse contramanual).
Congregação – Uma espécie de CO (ver abaixo) de cada faculdade, que reúne cada chefe de departamento (que só podem ser titulares, pra variar), o diretor da faculdade e um par de estudantes e funcionários que não palpitam.
Conlutas/Conlute – São, respectivamente, a Coordenação Nacional de Lutas (que reúne algumas entidades e movimentos de trabalhadores, sindicatos como o Sintusp etc) e a Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes (que reúne algumas entidades estudantis). Impulsionamos essas coordenações com o intuito de coordenar as lutas nacionalmente, já que a CUT e a UNE não o fazem nem tem interesse em fazer, mas nenhuma delas conseguiu ser o que necessitam os lutadores, devido às limitações que a política (ou a falta de política) do PSTU impõe por ser direção majoritária das duas.
COSEAS – a “assistência social”, os que comprovam que você não tem onde cair morto para morar no CRUSP (ver abaixo). Também tem sua tropinha, de funcionários burocratas a serviço da reitoria, para expulsar da moradia os que já se formaram ou passaram a ter renda. Os trabalhadores da COSEAS, que inclui o bandejão, o CRUSP, entre outros, não têm nada a ver com a falta de prioridade e investimento da reitoria nesse setor.
Crusp – moradia precária, difícil de conseguir vaga que a reitoria oferece em pouquíssimo número para aqueles que comprovarem que estão praticamente passando fome e não tem onde morar.
CUT – Todo mundo conhece... Central Única dos Trabalhadores. Aqui na universidade também não dão as caras para ajudar os trabalhadores a se organizar há muito tempo (mesmo antes do Sintusp romper com a CUT e entrar na Conlutas) e quando vem é para boicotar, ainda que segue sendo referência para milhões de trabalhadores pelo país.
Independente – militante do movimento estudantil que não faz parte de nenhuma organização política.
ME – sigla para movimento estudantil.
Partido - Grosso modo, uma organização política em torno de concepções de mundo, sobretudo as políticas, em torno da organização e funcionamento da sociedade. Ou seja, um grupo de pessoas que atua organizadamente para concretizar estas concepções. A discussão sobre partido é inseparável da discussão de quais idéias, programa e classes sociais defende determinado partido.
Representantes de base ou delegados - São as pessoas escolhidas nas assembléias dos cursos/faculdades para comporem uma “coordenação”, em base a critérios de proporcionalidade. Podem ser revogados a qualquer momento - caso seja a vontade de sua assembléia. A revogabilidade garante que a vontade da maioria prevaleça no corpo de delegados.
Sintusp – Sindicato dos Trabalhadores da USP, um dos mais combativos do país.
UNE – União Nacional dos Estudantes, você já deve ter ouvido falar. Mas aqui não vai encontrar ninguém da UNE, a não ser na hora eleições e das lutas (para trair negociando pelas costas dos estudantes com a burocracia)!! Ah, também aparecem para eleger delegados pro Conune (Congresso Nacional da UNE), onde são aprovadas as políticas da UJS/PCdoB (que dirige a UNE desde quase sempre...) de apoio a tudo que faz o governo Lula. A última vez que apareceram aqui foi numa mal (dita) “jornada de lutas em defesa da educação”, depois da nossa greve, para tentar de maneira oportunista capitalizar nossa luta que eles boicotaram (e o pior é que o PSOL e o PSTU estavam juntos....). Felizmente, quase nenhum estudante compareceu nessa farsa, a não ser para repudiá-la!
Uspão – padaria do Crusp que fica perto da parte de trás do bandejão.


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USP pra que e pra quem?

A USP tem o 175° posto entre as maiores universidades do mundo, oscila entre o primeiro ou segundo lugar em produção de conhecimento na América Latina. Você sabe que entrou numa universidade que produz conhecimento, mas provavelmente não te falaram é o que sustenta e a quem serve esse conhecimento.
Neste ano de 2008, de acordo com o site da FUVEST, você, que passou da segunda fase do vestibular faz parte dos : 77% brancos, 66,9% que somente estudaram em escola particular, 80,2% que não trabalham, 86% com renda maior que mil reais por mês(mais que o salário médio do paulistano que é de 900 reais), 61% dos que o pai passou pelo ensino superior.
O vestibular barra a maioria do povo pobre e dos trabalhadores a entrarem na universidade. Já começa por aí... a maioria do povo e dos trabalhadores que, através do seu trabalho, sustentam a universidade pagando impostos, fazendo a manutenção dos laboratórios, das salas de aula, fazendo a comida, transporte, literalmente construindo e mantendo a universidade, não podem estudar nela e nem decidir sobre o que é produzido na universidade.
POR QUÊ?
Os governos servem aos empresários e capitalistas (que entre outras coisas bancam suas campanhas eleitorais), e o grupo dos professores que dirigem a Universidade, fazem desta um centro de conhecimento à serviço das empresas e do lucro destas. Não poderia ser diferente, já que quem escolhe o reitor não é a comunidade universitária e sim poucos professores titulares que elegem três nomes, e aí o governador escolhe quem será o reitor entre os três (a lista tríplice)!!! Além disso, todo o regime universitário é feito para que os estudantes e trabalhadores não tenham nenhuma voz e que manda são alguns professores, os “titulares” (que são mais ou menos 800 dos 5000 professores da USP). Isso é o que chamamos burocracia acadêmica: uma casta de privilegiados, que ganham rios de dinheiro e mandam na universidade de acordo com os interesses de (suas) empresas e dos (seus ) governos...

Senão, vejamos:
A Fiesp, a Fundação Otávio Mesquita (Estadão) e diversas fundações privadas são membros permanentes do Conselho Universitário.
A reitoria e o conselho universitário ficaram ao lado do governo Serra apoiando os decretos e a pesquisa operacional (pesquisas de caráter pratico ligado à linha de produção das empresas, por exemplo).
Pesquisa com verba na geologia tem uma fórmula: Petrobrás.
As ciências humanas e as áreas de formação de professores para o ensino médio são extremamente precarizadas e não recebem verba.
A farmácia antes estudava doenças tropicais (malaria, febre amarela, tuberculose, etc) e hoje produz cosméticos para a Avon, etc.
O Instituto Butantã agora pesquisa botox,
a Educação Física sobre as palmilhas da Nike, a Engenharia logística dos caminhões da Coca, na Economia o aumento da produtividade das empresas explorando mais os trabalhadores, nas Ciências Sociais como ter uma polícia que reprima os estudantes, os trabalhadores e negros com um ar de dignidade, evitando maiores conflitos etc...

Certamente, as pesquisas da USP poderiam contribuir para grandes descobertas que favorecessem os trabalhadores e o conjunto da população ao invés de, na maioria das vezes, servir para aumentar o lucro e manter o status quo. Retocando a maquiagem de que tudo está cada vez mais perfeito escondendo uma “democracia” já decadente, que vende seu corpo para quem pagar bem...
Nós do Movimento A Plenos Pulmões achamos fundamental questionar o conhecimento que é produzido hoje, por isso buscamos nos unir às lutas dos trabalhadores e do povo pobre e negro (sem-teto, sem-terra, desempregados...) e colocar nosso conhecimento a serviço dessas lutas, para transformar a sociedade.

A burocracia acadêmica defende o interesse de quem?
O reitor da UNB está sendo investigado por ter usado mais de 450 mil reais na reforma de seu apartamento, por ter comprado um carro de 72 mil, três latas de lixo de mil reais, e até um abridor de lata folhado a ouro de 200 reais, tudo isso com o dinheiro de uma fundação privada.
Junto com ele está o dono do restaurante privado da Química da USP, que é membro do Conselho Universitário (o professor Mario Beni, dono da empresa StarBeni, ex-diretor do Banespa envolvido no escândalo do BANESTADO).
Será que estão interessados na livre produção de conhecimento na universidade? Ou de seus próprios bolsos e empresas?


Congregação da FFLCH quer Diretas pra reitor????!!!!
A congregação da FFLCH aprovou um documento se posicionando a favor de eleições diretas para reitor... Significa que vão fazer então eleições diretas pra diretor da unidade, né? Para que possamos expulsar o atual diretor Gabriel Cohn, que se posicionou contra a ocupação da reitoria desde o primeiro dia, que colocou uma grade fechando o espaço dos estudantes da ciências sociais e depois construiu uma laje no mesmo lugar; temos que exigir eleições diretas para diretor na FFLCH! É uma palhaçada votar por eleições diretas pra reitor se a unidade não dá o exemplo!!! Nos mobilizemos para impor essa demanda que até a congregação diz concordar...


Estatuinte, uma vitória da greve??
Uma das demandas da greve e da ocupação que foi concedida pela reitoria é um Congresso Estatuinte, supostamente organizado pelo “comunidade universitária”. Entretanto, a reitoria está discutindo a reforma do estatuto para ser aprovado no CO antes mesmo do Congresso acontecer!!! Quando for o Congresso, já terão o estatuto pronto e aprovado na burocracia!!! Contra isso temos que BARRAR A ESTATUINTE DA BUROCRACIA e garantir um CONGRESSO ESTATUINTE LIVRE E SOBERANO, organizado conjuntamente a partir das assembléias de base de trabalhadores, estudantes e professores!!! Só assim poderemos lutar para transformar a universidade, o acesso, a estrutura arcaica de poder e o conhecimento produzido nela, no caminho de colocar a universidade a serviço dos trabalhadores.


Governador decreta fim da autonomia das universidades...
Reitora se cala...

Pé na porta!

“Do rio que tudo arrasta sediz que é violento mas
ninguém diz violentas
as margens que o comprimem” B. Brecht

Todo mundo ouviu falar da ocupação da reitoria da USP. Todo mundo ouviu sobre os decretos do Serra e que tinham algo a ver com esse fervilhão. E tinham. A ocupação da reitoria junto com a greve que cresceu dela, realmente abalou as estruturas na USP.
Foi um movimento forte como não se via há muito tempo, que incentivou os estudantes de todo país a lutarem contra a precarização do ensino e seu atrelamento aos governos e às empresas. Ao final, o tucano Serra foi obrigado a recuar em parte dos decretos. Mais tarde o “super-secretário” Pinotti (ex-reitor da Unicamp) renunciou, mas a secretaria ainda se mantém.
Lá dentro, longe das lentes da mídia, centenas de estudantes davam sua energia para garantir a manutenção da ocupação. Passaram por cima das antigas direções políticas aliadas aos governos, como DCE[1] (ver glossário) e também dos que, achando que a ocupação deveria acabar com algumas migalhas (principalmente PSOL e até o PSTU).
Começava um novo momento da mobilização dos estudantes. Participamos da ocupação e defendemos esta como uma ferramenta de luta, mas ainda que pela primeira vez tenhamos conseguido uma mínima coordenação entre as universidades estaduais de São Paulo, ainda não existiu uma direção democrática dos estudantes, com delegados eleitos em cada curso, para fazer valer as posições políticas do conjunto dos estudantes.
Foi com uma direção democrática desse tipo que os estudantes organizaram na França quando derrotaram o CPE. A luta por um movimento organizado desde as assembléias de base, que busque o apoio da sociedade é fundamental para ligar os estudantes aos trabalhadores (na greve também não conseguimos nos aliar ao funcionalismo público que também era atacado pelos decretos) e juntos lutarmos contra o elitismo da universidade brasileira, na luta por ampliar vagas e verbas nas universidades públicas e estatizar as particulares. Uma discussão que queremos abrir desde já com os calouros, preparando-nos para as próximas lutas.


Que decretos eram, mesmo?
O ano de 2007 começou com uma "ótima" notícia para as universidades estaduais: Serra, logo no primeiro dia de governo, baixou aquilo que ficou conhecido como os "Decretos do Serra". Entre outros efeitos, destacamos a intenção de privilegiar as “pesquisas operacionais”, para aprofundar ainda mais o caráter mercantilista do conhecimento produzido nas universidades; corte de verbas na Universidade e maior controle do governo sobre os gastos; e a proibição de contratação e negociação salarial de funcionários e professores sem aprovação direta do governo estadual.
Essas medidas pretendiam aprofundar o controle direto do estado sobre a administração da Universidade, assim como sobre o conhecimento produzido aqui, para que estudássemos apenas aquilo que é interessante para empresários e governantes. Há muito mais para refletir sobre a suposta autonomia que existe hoje, autonomia de alguns burocratas escolhidos pelo governador. Aliás, você sabe o que a excelentíssima reitora faz com os 180 milhões de verba mensal da USP?? Deve comprar muito laquê...
Veja os decretos feitos até maio de 2007 em: http://www.adusp.org.br/dossies/decretos/Dossie_Decretos_Serra.pdf


Não queremos almoço de domingo com base na super-exploração dos trabalhadores do bandejão!!!
Você sabia que uma das reivindicações atendidas da ocupação da reitoria da USP foi o bandejão de domingo, porém não se contrataram funcionários suficientes para cobrir esta função?
O resultado disso é que os poucos contratados estão se acabando em horas-extras e muito mais trabalho pesado (imagine o que é fazer quase 6000 refeições diárias... só no bandex central!!!). Sem contar que a reitoria está se aproveitando disso para jogar os trabalhadores contra os estudantes. Não podemos deixar que nossas refeições sejam servidas através de suor, hora-extra e muito dorflex dos trabalhadores da COSEAS!
Os estudantes, começando pelos do CRUSP que são os mais beneficiados com o almoço de domingo, devem apoiar os trabalhadores, fazendo uma campanha por CONTRATAÇÕES JÁ no bandejão!


Você sabia?
... que governo federal arrecadou cerca de 603 bilhões de reais em 2007, dos quais reservou 421 bilhões para o pagamento dos juros e das amortizações da dívida externa e interna, ou seja, quase 70% de toda a arrecadação de 2007, e somente 11 bilhões com a educação?


Plin-plin: a grande mídia cumpre seu papel
Por uma mídia independente dos lutadores!

A ocupação da reitoria foi um boom televisionado. Com ela, queríamos alardear nas TV’s e jornais os ataques que ontem e hoje a universidade e o ensino público sofrem, por conta da sede de lucro de governos e empresários.
Mas as mídias oficiais são serviçais aos interesses dos empresários e dos governos. Manipularam as informações e criaram a imagem de que não se passava de um movimento de “remelentinhos”, de estudantes que reclamavam de barriga cheia. Tudo para evitar um maior apoio da população ao nosso movimento, e perpetuar a idéia de que não se pode questionar as velhas e tradicionais instituições. A Globo fez até uma ocupação de reitoria na novela das oito com esse objetivo, e o estado criou uma “caça às bruxas” contra os partidos de esquerda e um dos sindicatos mais combativo do país: o SINTUSP.
Se quisermos derrotar os governos, precisamos criar os nossos próprios meios de comunicação, para não dependermos dessa mídia oficial que age contra qualquer movimento e que se coloque contra os interesses do capital.
Se você quer lutar pela democratização da mídia e impulsionar conosco uma mídia alternativa entre em contato pelo e-mail!


Lula e o REUNI: universidade mais voltada para o capital.
O segundo semestre de 2007 ficou marcado pela luta que o movimento estudantil impulsionou nacionalmente contra o REUNI, seguindo o exemplo da USP, estudantes das federais de todo o país ocuparam reitorias e tentaram barrar este ataque. Foi uma luta muito importante, mas derrotada. Mas o que é o REUNI?
O REUNI é parte de um plano do governo Lula para ligar as universidades ainda mais às necessidades das empresas, formando mão-de-obra qualificada e barata. Para isso, se por um lado aumentará o número de vagas, isso virá sem o aumento de verbas necessário para construção de infra-estrutura, novas contratações, e vai também congelar os salários do funcionalismo. Sem contar que aumenta o número de contratos precários e a terceirização.
Temos que acabar com o discurso do governo e mostrar que nós é que queremos que os trabalhadores e o povo pobre e negro estejam na universidade. Para isso é necessário um programa, um projeto de universidade do movimento estudantil e dos trabalhadores, que possa ganhar o apoio da sociedade para o nosso projeto e derrotar o governo Lula.


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SE ATACAM UM, ATACAM TODOS!

Em 2007 os estudantes lutaram contra o projeto dos governos e das burocracias acadêmicas que, junto às empresas, querem ligar ainda mais o conhecimento e as universidades ao grande capital. Nas estaduais com os decretos de Serra, na Fundação Santo André aumento de mensalidades antes de proporem o fechamento dos cursos de humanas, na PUC com redesenho institucional e nas federais com o REUNI, os estudantes foram os que mais saíram às ruas. Em resposta às mobilizações e às ocupações de Reitorias estudantes e trabalhadores das universidades estão sendo punidos ou perseguidos pelos “democráticos” governos das universidades com o apoio do estado burguês:

· Na USP 40 sindicâncias estão em curso, seis estudantes estão sendo indiciados acusados de agressão física a um professor, e em torno de 15 trabalhadores (inclusive importantes ativistas de suas unidades e destacados membros do sindicato) estão sofrendo perseguição com risco de serem demitidos ou até processo criminais, além de, em alguns casos, não os permitir mudar seu horário para estudar.
· Na UNICAMP, durante a greve se instaurou sindicância a sete alunos. E agora uma nova foi aberta contra os integrantes do centro acadêmico de ciências humanas, CACH.
· Na UNESP de Araraquara 4 estudantes estão sendo sindicados, por um ato com 100 estudantes que pintou bancos e caixas eletrônicos (contra a iniciativa privada dentro do campus), e 3 foram condenados - em primeira instância - a 2 anos de prisão pela ocupação.
· 61 demissões aos metroviários por uma paralisação de um dia.
· Na Fundação Santo André, a tropa de choque invadiu o campus duas vezes, para desocupar os estudantes, prendendo-os por várias horas.
· Na PUC-SP, após a desocupação da reitoria, contra o redesenho institucional (processo que visa ligar mais profundamente a universidade ao mercado de trabalho e as empresas) a polícia adentrou o campus, depois 30 anos, e ainda move sindicâncias contra 10 estudantes, e alguns processos judiciais! Além de retalhar todos os estudantes que participaram da ocupação de várias maneiras (não parcelando dívidas, matrícula etc).
· Entrada da Polícia Federal em ocupação da UFF, UFBA e perseguição em várias federais.
Além dessas medidas repressivas por parte da reitoria e direções de faculdades existem também a tentativa de acabar com festas e retirada dos espaços dos estudantes. Para ter uma idéia, Gabriel Cohn, diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, colocou uma lage de concreto em cima do espaço dos estudantes da Ciências Sociais e Filosofia após ter gradeado o espaço para impedir o uso pelos estudantes.

Dizem que ela existe pra ajudar
Dizem que ela existe pra proteger
EU SEI que ela pode te parar
EU SEI que ela pode te prender!!

Porém a repressão não está apenas nas universidades, aos estudantes, trabalhadores e aos lutadores.
Os trabalhadores do metrô sofrem 61 demissões após a greve que fizeram no ano passado. Os moradores dos morros no Rio ou nas periferias de São Paulo sofrem na pele o extermínio e o racismo da polícia, que tem em sua mira, preferencialmente, jovens e negros. Com o discurso de combater o tráfico a polícia faz um extermínio legitimado pelo governo de Sérgio Cabral no Rio, de Lula e a Tropa de Elite serve de exemplo para o governo de São Paulo nas ações da polícia nas favelas, como a desocupação na favela do Real Parque. Nossa campanha contra a repressão deve denunciar a repressão que sofrem todos os trabalhadores e o povo! Deve se colocar lado a lado da revolta da periferia de Salvador que se levantou contra a violência policial. Precisamos derrotar a repressão que recai sobre todos os que se mobilizaram, impulsionando desde a USP, a referência de todas as lutas do ano passado, uma ampla CAMPANHA CONTRA A REPRESSÃO, com a participação de todos os estudantes, trabalhadores, professores, centros acadêmicos, federações de curso, sindicatos, parlamentares, partidos da esquerda. A primeira tarefa é organizar, a partir de cada comitê local contra a repressão, um ENCONTRO ESTADUAL em SP entre todos os lutadores para barrar a repressão por conta dos processos de luta do ano passado. Precisamos defender os estudantes e trabalhadores e denunciar a violência policial ao povo negro.


Conhecimento para matar jovens e negros?
Você que entrou aqui para estudar como salvar vidas, a entender como a natureza funciona, a utilizar seus conhecimentos para transformar a sociedade, provavelmente não sabe que no espaço dessa universidade tem gente aprendendo a matar e torturar jovens pobres e negros numa escola de policiais?
FORA A ACADEMIA DE POLÍCIA BARRO BRANCO! FORA A PM DO CAMPUS!!!


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Fundação Santo André urgente: fechamento das humanas!
Logo no começo desde ano os estudantes da Fundação Santo André foram surpreendidos com a notícia de que os cursos da Fafil, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras serão fechados. A reitoria decidiu não abrir nenhum curso da FAFIL com a alegação de que não existe um número suficiente de estudantes matriculados.
Na greve dos estudantes da FSA ano passado contra o aumento das mensalidades justamente nestes cursos (que em alguns chegava a mais de 100%) isto já estava anunciado. Este é um ataque aos estudantes que não terão mais estes cursos disponíveis, inclusive os que prestaram vestibular ano passado e foram surpreendidos por esta notícia no dia da matrícula. Os professores estão com os dias de seus trabalhos contados. Além disso é um ataque tremendo às ciências humanas que são cada vez mais deixadas de lado uma vez que é mais difícil ligá-las ao grande capital (no caso do ABC as grandes metalúrgicas).
Justamente na universidade onde a repressão aos estudantes para desocupar a Reitoria e tentar minar o movimento contou com a polícia batendo e ameaçando estudantes, a burocracia acadêmica junto à administração municipal do PT quer mostrar sua força e seu elitismo contra os estudantes e lutadores que realmente se colocaram em defesa do ensino e ao direito de estudar.
Esta é uma medida que começa na FSA mas que pode se expandir para outras universidades particulares. Não podemos permitir que uma reitoria autoritária junto aos governos coloquem restrições ao ensino, pesquisa e à licenciatura.
Em defesa das ciências humanas e contra o fechamento da Fafil-FSA!!!!
Organizar solidariedade na USP, como campanhas de cartazes, abaixo-assinado, atos etc.


Todo apoio à luta dos trabalhadores da Ceralit!!!
A fábrica Ceralit, uma importante planta do setor químico em óleo e biocombustível, localizada em Campinas, está ocupada pelos trabalhadores para impedir a retirada das máquinas, que podem garantir o pagamento dos direitos depois que o patrão demitiu vários trabalhadores e atrasou os salários. Chamamos a fortalecer o apoio a essa luta e a lutar para que os trabalhadores sigam o exemplo de Zanon, fábricas de cerâmica no sul da Argentina, que está ocupada, produzindo e gerando novos postos de trabalho há mais de 6 anos, sob controle dos trabalhadores e sem patrões. Os trabalhadores podem controlar a produção muito melhor do que os patrões porque não visam o lucro. Façamos uma ampla campanha de solidariedade e o ME deve estar junto aos trabalhadores nessa luta!


Ultimas notícias: GREVE dos trabalhadores da EEL/USP (ex-Faenquil)!!!
A Faenquil, faculdade de engenharia química de Lorena, foi incorporada à USP, seu nome mudou para EEL e seus estudantes passaram a ser estudantes da USP. Porém, com os trabalhadores não se deu o mesmo, não foram incorporados como trabalhadores da USP, com os mesmos salários e direitos. Os trabalhadores da EEL entraram em greve no dia 25 de fevereiro reivindicando seus direitos. Os estudantes devem organizar solidariedade ativa à essa luta!! Incorporação imediata dos trabalhadores da EEL ao quadros de funcionários da USP!!!


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Participe do 8 de março Classista e anti-governista!!

A Marcha Mundial de Mulheres todos os anos organiza o ato de 8 de março. No entanto, essa organização é dirigida pela mesma corrente (Democracia Socialista/PT) que faz parte a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, que permita que meninas sejam estupradas nas cadeias masculinas desse estado. Além disso, dessa marcha participa o PSOL de Heloísa Helena, que faz coro com a igreja contra o direito elementar das mulheres decidirem sobre seu próprio corpo.
Neste 8 de março, participe do ato classista e anti-governista, na Pça Oswaldo Cruz (início da Av. Paulista), às 10h. O Movimento A Plenos Pulmões chama todos os estudantes e trabalhadores para marchar junto ao bloco que estamos organizando nesse ato.


Atividades impulsionadas pelo Movimento A Plenos Pulmões:

Durante a calourada unificada da FFLCH, quarta-feira (27/02), a partir das 17h30, atividades do Comitê contra a repressão – USP no espaço dos estudantes da Ciências Sociais:
- Vídeo sobre a repressão
- Debate com ADUSP, Sintusp e DCE sobre a repressão
- FESTA contra a repressão!!!

Durante as oficinas da calourada unificada do DCE – quinta-feira (28/02):
- Oficina “A crise econômica e o socialismo do século XXI....aonde vai Cuba?”
- Oficina “Ocupação e repressão”
– com estudantes da PUC, Fundação Santo André, UNESP, Unicamp, entre outros.

Discussões sobre a Mulher trabalhadora no Sintusp, às 12h, com a participação Dr. Mauro Iasi (sociólogo); Renata Piekarski (funcionária/ USP); Conlutas; PSTU; LER-QI; PCO:
- “8 de março (histórico) – a mulher e a revolução” – 05/03
- “A mulher frente à opressão e o Estado capitalista” – 06/03

Conheça as Casas Socialistas de Cultura e Política!
Rio Pequeno – Rua Dr. Sérgio Ruiz Albuquerque, 217 – travessa da Av. Rio Pequeno em frente à padaria “5 Quinas”
Vila Madalena – Pça Américo Jacomino, 49 – em frente ao metrô Vila Madalena
Acompanhe as informações das atividades através do site: www.ler-qi.org





CAMPINAS - CALOURADA 2008


A universidade em crise e as lutas estudantis!


Neste ano as calouradas não serão iguais as anteriores, pois a
universidade e o movimento estudantil (ME) já não podem ser
considerados o mesmo depois da forte greve que fizemos no ano
passado. Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, queremos reabrir o
debate sobre o que e como aconteceram as nossas lutas em 2007,
para que possamos compartilhar com os ingressantes as lições que
tiramos destes processos.
Tudo começou com os Decretos de Serra, que impôs mudanças
importantes às universidades estaduais paulistas. Estes não foram
ataques isolados, mas parte de um projeto maior da burguesia, que
necessita impor uma contra-reforma para adequar as universidades
as suas atuais necessidades. Além dos Decretos de São Paulo, temos
o REUNI de Lula, a Universidade Nova de Naomar da UFBA, os cortes
de bolsas e aumento das mensalidades nas particulares, dentre
muitos outros.
Os Decretos eram autoritários e feriam a autonomia das
universidades paulistas. Foi então que começou o descontentamento,
acendendo o pavio. No entanto, foram os estudantes que estouraram
as primeiras bombas, ocupando a reitoria da USP, e dando início a
maior greve que já fizemos nestes últimos anos, com métodos
radicalizados e assembléias massivas, ocupações de várias diretorias
e prédios pelo estado a fora, manifestações de rua... E a criação no
final da greve de um Comando Estadual de Delegados de Base, ou
seja, as assembléias elegiam pessoas com mandatos para decidir
democraticamente os rumos da greve.
Algumas cabeças caíram, outros balançaram! Fizemos o governo
recuar em parte nos Decretos, mas não impusemos uma derrota ao
seu projeto. Para nós, o movimento estudantil radicalizou seus
métodos, mas não radicalizou seu programa. Ou seja, faltou levantar
um projeto que desse a nossa saída para a crise da universidade.
Para isso, não podemos continuar lutando sozinhos, mas aumentar
nossas fileiras para centenas de milhares. E achamos que a única
maneira de transformar a universidade de fato é nos ligando a
maioria da população: a classe trabalhadora e o povo pobre.

Não queremos neste texto esgotar o rico debate sobre a nossa luta do
ano passado, apenas incitar a vontade de discuti-la mais. A crise da
universidade vem se aprofundando a cada medida dos governos,
criando uma bolha que voltará a explodir em mobilizações. E nós
estudantes seremos novamente vanguarda deste processo! E você
calouro, será parte ativa destas lutas...


Lutar em defesa dos funcionários da Funcamp!
Pela aliança operário-estudantil!

Nos anos 1990, ao mesmo tempo em que se diminuíam as verbas públicas para as
universidades, aumentava-se a terceirização e a precarização do trabalho. Aqui na Unicamp a
terceirização encontra-se num estágio avançado. Já quase não encontramos funcionários efetivos nos
postos mais “baixos” (limpeza, manutenção, cozinha, etc) e começa a entrar nos postos considerados
“fins” (administração, etc). Este processo veio acompanhado por uma série de improbidades
administrativas e suspeitas de corrupção. É o caso das contratações feitas pela Funcamp (uma
fundação privada da Unicamp) nos anos 1990, que usou o orçamento público da universidade para
fazer contratações via fundação privada. Acontece que, depois de anos sem mexer uma palha para
proteger os trabalhadores, o Ministério Público entrou com uma ação contra a universidade,
considerando os contratos nulos e exigindo a demissão de todos os funcionários, sem receber seus
direitos. Ao invés de punir os verdadeiros culpados, a burocracia acadêmica desta universidade, jogam
novamente a culpa aos trabalhadores que dedicaram 15 anos de trabalho para esta instituição e vêem
seus postos de trabalho ameaçados.
O Sindicato do Trabalhadores da Unicamp (STU), sindicato dirigido pelos governistas do PCdoB é
complacente com as demissões, que passam de 1.000. Primeiro, entrou com uma ação judicial em
1994 contra a terceirização, que a primeira vista parecia correta, mas na verdade mostrava que esses
dirigentes confiam na justiça burguesa e impedem a mobilização combativa dos trabalhadores – único
método capaz de dobrar a patronal e mesmo a justiça. Porém, seu corporativismo, incapaz de defender
o conjunto da classe, pensava unicamente na sua base sindical, que começava a diminuir devido a
terceirização. Sua bandeira é “fora os terceirizados e pela abertura de concursos públicos”, ou seja,
demissão em massa dos terceirizados - como se o direito ao emprego tenha que ser subjetivo às
“provas” desses concursos fraudulentos e lucrativos para as universidades e empresas que os realizam.
Os trabalhadores que não têm estudo e qualificação – a maioria dos terceirizados – estão condenados
ao desemprego pois nunca serão aprovados. No ano passado, quando explodiu a luta dos funcionários
da Funcamp contra as demissões, onde nós do Movimento A Plenos Pulmões a partir do CACH e vários
independentes estivemos ombro a ombro, o PCdoB/STU jogou contra a luta, negociando as “demissões
com direitos”.
Nós defendemos a contratação de novos funcionários via concurso público, como mecanismo de
controle contra o “cabide de emprego” - cargos nomeados pelos políticos e governantes – mas achamos
que não considerar o simples fato de que os terceirizados – com salários e direitos rebaixados – são as
vítimas da ofensiva neoliberal só pode levar a condená-los ao desemprego ou a continuarem sendo
superexplorados, pois o plano dos governantes e dos dirigentes das universidades é “enxugar a
máquina” e diminuir os gastos com salários e benefícios em prol dos interesses dos capitalistas., Essa
postura atenta contra a unidade da classe, aceitando a divisão dos trabalhadores em “terceirizados” e
“efetivos”. Nenhum terceirizado entrará numa luta contra a sua precarização ou em defesa dos
interesses comuns com os efetivos sabendo que será demitido no final ou não receberão as conquistas
da luta. E se tornará cada vez mais difícil ter uma forte luta entre os trabalhadores das universidades
sem a unidade entre efetivos e terceirizados. Por isso levantamos a luta contra a terceirização e que
todos os funcionários terceirizados, que já trabalham na universidade, o que prova que são aptos para
suas funções, sejam incorporados de forma imediata e sem concurso na universidade como efetivos,
recebendo os mesmos direitos.
Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, chamamos a todos os estudantes, entidades combativas
da Unicamp, organizações a organizar uma forte luta na calourada contra as demissões dos
funcionários da Funcamp.

Curso sobre “MAIO DE 68:
a insurgência estudantil” e Plenária da APP.
Participe do curso sobre Maio de 68 e a Plenária aberta
do Movimento A Plenos Pulmões
Data: 15 e 16 de março
Local: chácara próxima de Campinas
A Reitoria da FSA não abaixa as mensalidades
e prefere fechar os cursos!

Não podemos permitir!

Construir já um MOVIMENTO EM DEFESA DA FAFIL!

O ano passado foi marcado por duras lutas no movimento estudantil. Na Fundação Santo André, passamos por uma greve de mais de 50 dias que se iniciou contra os aumentos absurdos de mensalidade que a reitoria queria impor e fomos reprimidos duramente pela Tropa de Choque a mando da reitoria controlada por Odair Bermelho e pela prefeitura de Avamileno.
Naquele momento, a reitoria retrocedeu em seu plano de aumentar abusivamente as mensalidades. Mas não retrocedeu em levar até o final o seu plano de transformar a FSA em uma universidade que esteja a serviço dos interesses dos grandes capitalistas do ABC. O ano letivo começou com um ataque nunca visto em outras universidades brasileiras: de uma só vez a reitoria da Fundação está fechando todos os cursos de licenciatura, ou seja, está acabando com a FAFIL. Sabemos que essa é uma decisão política: além de não servir aos interesses maiores da burguesia, foram os cursos da FAFIL os protagonistas da mobilização do ano passado e agora a reitoria vem com tudo para cortar as nossas cabeças.
Os estudantes que se inscreveram para o vestibular dos cursos de licenciatura oferecidos pela FSA estão impedidos de estudar. Além disso, há turmas de 4º ano da manhã que estão sendo cortadas e os estudantes obrigados a se transferir para o noturno (quem trabalha à noite fica sem opção). Mas eles não são os únicos atacados. Quem já estuda ou se formou na FAFIL, vai carregar pro resto da vida um diploma que não vai ser valorizado (de uma faculdade que fechou), se esse ataque da reitoria não for barrado. O ensino fundamental e médio do ABC também está sendo atacado, pois a imensa maioria dos professores da região é formada aqui. E são atacados também os trabalhadores da região e suas famílias, impedidos de ingressar na universidade e escolher seu curso, sendo forçados a estudar nos cursos mais técnicos para ter sua força de trabalho ainda mais explorada.



Mobilizar já estudantes, professores, funcionários e a população em defesa da FAFIL!



Precisamos tirar as lições do movimento de 2007 para agora nos unificar e impedir que a reitoria leve esse processo até o final. No ano passado, as direções do movimento tomaram uma série de decisões que levaram nosso movimento a ficar a reboque de uma ala dos professores que colocava como eixo central a queda do reitor sem questionar a fundo a quem serve esse modelo de universidade e muito menos a estrutura de poder. Com uma discussão de trocar um reitor por outro, o movimento ficou refém das decisões tomadas pela prefeitura de Santo André e dos conselhos internos da Fundação que jamais se colocariam ao lado dos estudantes que estavam em luta. Naquele momento, nós defendíamos que a pauta dos estudantes votada no início da greve (um dos pontos era contra o fechamento dos cursos) não fosse abandonada, como forma de massificar a luta e reunir a força capaz de não somente derrubar o reitor, mas o conjunto da burocracia acadêmica que já deixava nítido que queria acabar com a FAFIL e colocar a FSA mais a serviço dos empresários. Infelizmente, as direções do movimento preferiram deixar a luta pela queda do reitor como única bandeira. O resultado foi não somente a derrota nessa luta, mas que a burocracia acadêmica mantivesse seus planos de ataque.
Hoje, com esse ataque brutal da reitoria à FAFIL, podemos tirar a lição que só com uma política independente contra a burocracia acadêmica, com radicalização dos métodos, questionando seriamente a forma como a universidade é gerida e a serviço de que interesses está essa gestão é que poderíamos ter impedido a ofensiva da reitoria em extinguir os cursos que mais se colocaram em luta no ano passado. Agora temos a tarefa de tirar as lições da luta de 2007 e reorganizar nossas forças para travar uma luta que não permita a reitoria acabar com a FAFIL.
Se esse ataque passar, será uma derrota histórica! Os estudantes não podem assistir a isso passivamente; é urgente colocar-se em cena. Os professores da FAFIL, que estão com seus empregos ameaçados, precisam se colocar ativamente. Chamamos o Diretório Acadêmico (formado por Dalmo e PSTU, junto com estudantes independentes) , a se colocar se colocar à frente dessa luta. É necessário unir todas as forças para barrar esses ataques em base à um plano ofensivo de luta, rechaçando qualquer perspectiva derrotista que tente colocar qualquer setor do movimento. Nosso movimento, que protagonizou uma enorme luta e conseguiu impor o recuo no aumento das mensalidades e na repressão, temos agora que reorganizar as nossas forças para barrar mais esse ataque e passar à ofensiva.
Nós do Movimento A Plenos Pulmões colocaremos todas as nossas forças para fazer uma ampla campanha e colocamos a seguir as nossas propostas de ações imediatas:

1. Precisamos imediatamente exigir que reitoria mostre as listas de todos aqueles que se inscreveram no vestibular e que estão sendo impedidos por ela de fazer o curso que escolheram. Sabemos que cada estudante que entrou nos cursos da FAFIL foi orientado pelas secretarias da Fundação a fazer sua matrícula nos cursos que interessam à reitoria manter!
2. Precisamos nos organizar a partir de cada curso, levantando os nomes de cada um que prestou o vestibular, organizar plantões na FSA para conversar com os estudantes (que virão buscar de volta seu dinheiro da matrícula) e chamá-los a se unir nessa luta. Junto com eles vamos provar mais uma mentira da reitoria, que é a de que não tem número suficiente de alunos para abrir os cursos!
3. Para que todos tenham suas vagas garantidas exigir que as mensalidades sejam reduzidas, pois com o alto preço cobrado é impossível que um jovem trabalhador possa pagar!
4. Publicar uma carta aberta aos estudantes da FAENG e da FAECO e buscar o seu apoio ativo. Essa é uma luta de todos os estudantes da Fundação! Não podemos cair no erro que cometemos no ano passado e deixar nossa luta isolada.
5. Publicar uma carta aberta aos funcionários da FSA, que também terão seus empregos ameaçados com o fechamento da FAFIL. Precisamos não só chamá-los a apoiar a luta dos estudantes e professores, mas também colocar como parte da nossa luta a defesa do emprego dos funcionários da Fundação.
6. Que os professores lancem uma carta aberta em defesa da FAFIL, recolhendo assinaturas de professores e intelectuais de todo o país. Além disso, os professores podem convocar uma coletiva de imprensa na FAFIL, para dar maior repercussão à nossa luta.
7. Vamos mostrar à população do ABC que a reitoria e a prefeitura de Santo André quer impedir que os filhos dos trabalhadores possam estudar na FSA. Colar cartazes pelas ruas do ABC e fazer um abaixo-assinado de rua (estações de trem, terminais de ônibus, portas de fábrica, escolas e faculdades) exigindo a abertura das turmas, redução de mensalidade e reabertura de matrícula.
8. Buscar o apoio de todas as entidades estudantis, pois o plano de acabar com os cursos de licenciatura é parte de um plano nacional para a educação. Chamar a CONLUTE a impulsionar junto com a gente uma campanha nacional em defesa da FAFIL
9. Chamar todos os sindicatos do ABC a impulsionar essa luta, já que esse é um ataque direto a cada trabalhador que está relegado a fazer cursos técnicos de especialização para poder vender sua força de trabalho. Convocar as diretorias e oposições da APEOESP a impulsionar essa mobilização, já que é um ataque direto à formação de professores no ABC.
10. Convocar um grande ato na FSA em defesa da FAFIL para o início da semana que vem, trazendo todo o apoio que conseguirmos ao longo dessa semana. A partir desse ato,
constituir um comitê em defesa da FAFIL.



* Aos estudantes de Ciências Sociais:
Precisamos manter a resolução de organizar o ERECS (Encontro Regional de Ciências Sociais) aqui na FSA. No ano passado, essa decisão foi tomada justamente para fortalecer a luta contra o fechamento do curso. Propomos convocar para o mais breve possível um CORECS (Coordenação Regional de Ciências Sociais) na FSA, convocando os estudantes de Ciências Sociais de toda a região Sudeste a fortalecer a luta em defesa da FAFIL.



Para discutir e implementar essas e outras propostas, propomos organizar assembléias por curso e uma assembléia geral ainda nessa semana. Para nós, as assembléias de curso devem votar suas posições e propostas que devem ser levados por delegados eleitos nessas mesmas assembléias para a assembléia geral.
Breve histórico do ensino superior brasileiro
(por Fernando S., estudante da PUC-SP)

Ou, por que as reitorias são ocupadas?

"Privatizaram sua vida, seu trabalho,
sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contentes querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence".
Brecht

Antes de falarmos sobre a situação atual da PUC, é necessário recuarmos um pouco no tempo e entendermos os processos de transformação que o ensino superior brasileiro vem sofrendo nas últimas décadas. Dessa forma, entenderemos que o Redesenho institucional não pode ser compreendido de forma isolada, e deve ser analisado no contexto dos projetos atuais que são formulados para as universidades.

As universidades privadas e o PROUNI.

Durante os anos do governo Fernando Henrique Cardoso, a partir da metade da década de 90, o Brasil acompanhou um enorme crescimento das universidades privadas. A baixíssima quantidade de brasileiros no ensino superior carecia de uma solução e, naquela conjuntura política, onde a iniciativa privada era professada como resposta para todos os males do país, a criação de universidades privadas surgia como a resposta mágica para o problema.
Assim, as instituições privadas passaram a ter muito mais facilidade para adquirir concessões e ter seus cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação - atraindo o interesse de diversos empresários e profissionais sem qualquer experiência com a área de educação, mas que enxergavam a possibilidade de obter grandes lucros com aquele mercado que se abria – e rapidamente se expandiram por todo o país. O ensino deixava de ser um direito de todos os cidadãos para se transformar em uma mercadoria a ser vendida, e as faculdades deixavam de ser unicamente instituições educacionais para tornaram-se empresas privadas. Os cursos que estas instituições passaram a oferecer, de modo geral, nunca primaram pela 'excelência acadêmica', mas sim por um tecnicismo voltado diretamente ao mercado de trabalho, isso é, uma forma de ensino que tem como fim exclusivo transformar os universitários em mão-de-obra qualificada para o mercado. E ainda assim, boa parte das vezes, só conseguem formar mão-de-obra semi-qualificada.
Os alunos dessas universidades, naturalmente, não seriam majoritariamente os filhos da classe média, mas, sim, os estudantes de classe média-baixa vindos do ensino público. Uma vez na faculdade, estes alunos tiveram enorme dificuldade em arcar com os custos das mensalidades, fazendo com que as universidades privadas tivessem muitos casos de inadimplência. Isso, somado ao quadro de recessão que o país viveu naqueles anos, gerou muitos problemas para as instituições privadas, e por volta do ano 2000 diversas delas já passavam por crise financeira.
Veio então o governo Lula e a criação do PROUNI, projeto que, sob o pretexto de ampliar as vagas nas universidades para alunos vindos do ensino público, repassava às faculdades privadas um considerável percentual das verbas que deveriam ser aplicadas na educação pública, conferindo lucro exorbitante aos donos dessas instituições. O ensino superior privado parecia salvo.

A Universidade Nova e o REUNI.

No cenário atual, entretanto, o mercado das universidades privadas parece não dar mais conta da formação de mão-de-obra especializada que as elites julgam necessária para garantir o crescimento econômico do país. E o REUNI parece surgir para suprir essa falta. O REUNI é um projeto de reestruturação das universidades públicas proposto pelo Governo Federal e fortemente inspirado no modelo europeu de "universidade nova".
O atual Ministério da Educação parte do diagnóstico (correto, a nosso ver) de que o atual ensino superior brasileiro é uma criação da ditadura, extremamente arcaico e elitista, o que torna necessária uma ampla reestruturação. Não costuma mencionar, no entanto, que o ensino superior privado também foi criado pela ditadura militar e, a exemplo do que fazia o predecessor Paulo Renato, sempre tenta se esquivar quando são apontadas as semelhanças entre seus projetos de reforma e os acordos MEC/USAID.
Para o MEC, o mercado e as relações de trabalho se tornaram extremamente voláteis, de forma que um estudante não poderia mais passar quatro ou cinco anos em uma universidade, e seria necessário tornar os cursos universitários mais "ágeis" e "flexíveis". Em outras palavras, um mercado de trabalho precário exigiria a precarização da universidade pública. Dessa forma, o Governo propõe a criação de "ciclos básicos" com cerca de dois anos de duração, ou seja, transformar a universidade em uma extensão do ensino básico, possibilitando a qualificação da mão-de-obra dos alunos que nela ingressem. Após a conclusão do ciclo básico, pelo que indica o projeto, apenas os alunos com melhores notas poderiam prosseguir na universidade.
Ainda de acordo com o MEC, a criação destes ciclos tornaria mais barato o custo com os alunos nas universidades, possibilitando uma "grande ampliação das vagas" existentes. E, para que isso seja possível, é necessário "aproveitar as estruturas físicas existentes e o mesmo corpo docente". Isso é, as mesmas salas de aula serão utilizadas e não serão contratados novos professores. O que implica em um ensino com salas de aula superlotadas e professores sobrecarregados. Mas o Governo Federal promete "premiar" as universidades que aceitarem o REUNI com aumento de verbas, o que torna seu projeto bastante sedutor para algumas reitorias
Como esse aumento de verbas, todavia, será insuficiente dadas as necessidades das universidades federais, o REUNI também possibilita maior facilidade nas parcerias entre os cursos universitários e as fundações e empresas privadas no que diz respeito ao financiamento de pesquisas. As parcerias com o capital privado, que são vistas como fabulosas por alguns, comprometem profundamente a autonomia da universidade e podem torná-la completamente submissa ao interesse das grandes empresas. Um caso emblemático nesse sentido é o da faculdade de Farmacologia da USP que, há alguns anos, era referência mundial na produção de medicamentos para doenças tropicais. Após a parceria com uma fundação, no entanto, a faculdade passou a pesquisar e produzir, quase que exclusivamente, produtos de beleza.
Dessa maneira, percebemos que algumas reivindicações históricas de docentes, técnicos administrativos e estudantes, como a ampliação de vagas e o aumento de verbas para a universidade, são usadas pelo Governo Federal para legitimar um projeto de universidade que propõe uma relação ainda mais direta entre universidades e mercado de trabalho. Fica claro para nós que o REUNI é incapaz de solucionar a contradição neoliberal de ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior público sem instrumentalizá -lo e torná-lo ainda mais funcional e dependente dos interesses do mercado. Muito pelo contrário, o projeto tem como pressuposto básico para a massificação da universidade pública a própria submissão do conhecimento ao mercado.
Projetos como o PROUNI e o REUNI demonstram a profunda crise do modelo atual de universidade pública e da própria cultura bacharelesca brasileira. E em resposta ao corporativismo acadêmico e ao acesso restrito às universidades surge a "democracia de mercado", ou seja, a formação massiva de mão-de-obra especializada como cerne da universidade. Em oposição a um ensino de qualidade para poucos, coloca-se um ensino precário e ainda mais voltado aos interesses do mercado para um número maior de pessoas. Número esse que, embora maior, continuará sendo baixo e mantendo a imensa maioria da população longe das universidades.
Dessa forma, chegamos a um impasse. Defender o modelo de universidade proposto pelo Governo, que contempla um número maior de pessoas apenas com a finalidade de aumentar o percentual mão-de-obra qualificada, ou defender o modelo tradicional, elitista e corporativo? A nosso ver, nenhuma das duas opções parece muito satisfatória. E mais do que nunca se torna necessário levantar a bandeira do ensino superior público, gratuito e de qualidade para todos. E por acreditarem nisso, milhares de estudantes pararam as suas universidades no último ano. Contra a imposição verticalizada do REUNI pelas reitorias, muitas das quais buscaram implementar o projeto sem efetuar qualquer discussão com a comunidade universitária, o movimento estudantil se levantou em 2007 ocupando reitorias e comandando greves em diversas universidades federais.
O que é importante notar é que, evidentemente, ainda que o REUNI seja muito útil para qualificar a mão-de-obra que as elites necessitam para expandir seus negócios e competir no mercado internacional, criando novos auxiliares de escritório, secretárias, etc., este modelo de universidade pública não serve para educar os filhos desta mesma elite e nem mesmo dos segmentos mais abastados da classe média. Assim sendo, será aberto um novo mercado para que a elite econômica, que poderá criar novas instituições privadas de "excelência", com mensalidades caríssimas.

O Redesenho da PUC-SP.

Por tudo o que já foi exposto, parece claro para nós que o mesmo processo de desmonte que se aplicou às escolas públicas agora é aplicado também às universidades públicas. A longo prazo, deverá existir o ensino superior público técnico e/ou de baixa qualidade, e o ensino "de excelência" (leia-se ensino instrumental com cursos de grande projeção no mercado) apenas para aqueles que puderem pagar. E é neste marco que o Redesenho Institucional, o projeto de reestruturação acadêmica e financeira da PUC, deve ser entendido.
Com o "boom" das universidades privadas, o modelo "filantrópico" da PUC se tornou obsoleto e incapaz de fazê-la concorrer com as demais faculdades particulares. Isso, somado à incompetência de algumas gestões, fez a universidade mergulhar em uma profunda crise. E com o surgimento do REUNI, torna-se ainda mais difícil para a PUC conseguir manter-se entre as faculdades de ponta sem alterar seu modelo. Dessa forma, surge a oportunidade perfeita para a PUC se transformar em um centro privado de "excelência", com cursos destinados a formar "jovens talentos para grandes empresas", como a própria reitoria propagou em cartaz há pouco tempo. Assim, a PUC poderá se inserir em um novo e promissor mercado, transformando- se em um grande instituto tecnocrático de ensino e pesquisas voltadas aos interesses do capital financeiro e das grandes empresas; um novo Ibmec. Não há necessidade de apontar o caráter extremamente elitista desse modelo de universidade.
A primeira coisa que se deve ter em mente sobre o Redesenho é que ele não se trata meramente de um pacote de medidas a serem aplicadas em um breve período de tempo, mas, sim, de um conjunto de mudanças que já vêm acontecendo (como se pode perceber pelas reformas que sofreram diversos cursos, muitos dos quais tiveram sua duração reduzidas e/ou sofreram transformações em suas grades curriculares tornando-os muito mais instrumentais e tecnicistas) e que só se concretizarão a longo prazo. A votação do Redesenho, em nossa avaliação, representa apenas uma tentativa de formalização e legitimação institucional destas mudanças.
A Comissão de Redesenho Institucional (CORI) também parte do pressuposto de que o mercado de trabalho se tornou volátil (o que parece ser consenso entre os que propõem reformas universitárias) e que as universidades precisam acompanhá-lo. Isso explica a redução da duração e demais transformações de alguns cursos. A CORI também afirma que é preciso tornar mais ágeis e dinâmicas as três dimensões da universidade: ensino, pesquisa e extensão, com uma possível ampliação do ensino à distância (o que já vem crescendo na PUC nos últimos anos) e a incorporação das estruturas curriculares definidas pelo Processo de Bolonha. Este é o modelo (elitista e eurocêntrico) que a PUC deve seguir.
Entretanto, as três propostas de Redesenho conservam os órgãos burocráticos de poder existentes na universidade e sugerem que se torne ainda mais diminuta a participação dos alunos nos mesmos. Como evitar o corporativismo e a burocratização mantendo essas estruturas arcaicas de decisão e ignorando a participação dos alunos?
O Redesenho também sinaliza com a possibilidade de parcerias com empresas privadas, o que, conforme já dissemos, compromete seriamente a autonomia das pesquisas efetuadas. A CORI repete, como se fosse um mantra, que o objetivo do projeto é "aperfeiçoar ensino, pesquisa e extensão" na universidade. Mas não nos parece que esteja seguindo esse caminho, já que a possibilidade de parcerias com fundações de apoio para captar recursos ameaça gravemente a qualidade desse "sagrado tripé" e nenhum de seus integrantes parece se importar.
Ressalte-se ainda que nas universidade públicas não faltam atividades que se dizem de extensão, mas que nada mais são do que formas de empresas privadas utilizarem o conhecimento produzido na universidade para benefício particular, limitando ao máximo a possibilidade de criação dos estudantes. E certamente não é esse o projeto de universidade que nós queremos para a PUC.
Outro dos pontos defendidos pela CORI é a necessidade de se garantir a "sustentabilidade" da universidade, a fim de torná-la "mais razoável" (leia-se tirá-la do buraco). E isso, ao que parece, serve de legitimação para que os alunos que não podem pagar a mensalidade em dia sejam impedidos de assistir às aulas. Não nos parece estranho, portanto, que a proposta de instalar catracas na PUC tenha ganhado força nos últimos tempos. Pois, assim, os inadimplentes não poderiam sequer entrar na universidade.
Sabemos que a PUC hoje enfrenta uma dívida que ultrapassa os 80 milhões de reais. Sabemos que é necessária uma reestruturação profunda da universidade. Mas queremos participar ativamente deste processo e queremos que ele seja discutido de forma ampla com todos os que integram a universidade. Só é possível aceitar que a Reitoria e uma comissão que não possui qualquer representatividade entre os alunos e funcionários decida quais serão os rumos da PUC se acharmos que é possível prescindir da própria comunidade universitária, ou seja, se considerarmos que estudantes, professores e funcionários não têm o direito de intervir. Mas nós não pensamos assim. Entendemos que a universidade é feita para os estudantes e que esses devem ter voz ativa na mesma. Foi por isso que ocupamos a Reitoria da universidade em 2007 e buscamos desde o primeiro momento impulsionar discussões sobre o Redesenho Institucional. Foi por isso que criamos este grupo de estudos e é por isso que convidamos a todos para fazerem parte dele e nos ajudarem a debater essas questões.
Por trás dos discursos genéricos e ambíguos presentes nas falas da Reitoria e nas propostas de Redesenho, por trás da ausência de debates sobre o projeto, nos parece claro que há a tentativa de se implantar um modelo de universidade no qual as grandes empresas e o lucro são mais importantes do que as pessoas. Temos a convicção de que não podemos deixar esses projetos passarem. E, no que depender de nós, não passarão.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Sobre o movimento

O Movimento A Plenos Pulmões se organiza em diversas universidades e escolas no estado de São Paulo, com os estudantes que querem dar uma resposta independente dos governos, reitorias e diretorias aos problemas que enfrentamos hoje.

Temos travado ao longo de alguns anos diversas lutas em defesa da educação pública, discutindo os ataques que a universidade e a educação sofrem. É assim que atuamos contra as reformas universitárias do governo Lula e do Serra em São Paulo, que pretendem responder à crise da universidade tornando-a ainda mais elitista e racista. Neste sentido também atuamos nas universidades privadas, colocando que a única maneira de acabar com os capitalistas do ensino, que cobram mensalidades exorbitantes e cada vez fazem um ensino mais voltado para o mercado, é estatizar as universidades e fazer universidades públicas para todos.

Nesta luta, nossos inimigos nos respondem com cada vez maior repressão, para impedir a organização e resistência dos es-tudantes e trabalhadores. Por isso lutamos em cada local de manei-ra unificada contra a repressão e pela livre manifestação, organização e confraternizaçã o dos estudantes. É nisso que se reflete hoje cada luta contra a repressão às festas na PUC, contra os ataques aos espaços estudantis na USP e contra a punição dos estudantes que lutam na Unesp.

Foi através destas discussões que, junto a estudantes independentes e outras organizações políticas, conseguimos estar em vários dos principais Centros Acadêmicos (CA´s) do Estado de São Paulo, como foi o caso dos CA´s de Ciências Sociais da USP, Unesp-Marília, Unicamp e PUC-SP, e do CA de Serviço Social da PUC-SP. Longe de ter isso como uma atuação burocrática, buscamos tornar estes CA´s verdadeiras ferramentas dos estudantes em suas lutas, e transformá-los em pólos de atividades culturais, artísticas e sociais, que questione profundamente a arte e cultura que tentam nos fazer engolir. Por isso, em cada CA onde estamosbuscamos realizar cine-clubes, peças de teatro, festas e exposições.

A atuação nos CA´s, para fugir da lógica burocrática que as entidades estudantis estiveram submetidas ao longo dos últimos anos, deve ser uma atuação que parta de construir um novo movimento estudantil (ME), partindo das grandes experiências que tivemos no passado, e forjar um ME que reflita sobre as questões nacionais e internacionais e que se coloque a tarefa de se aliar com os trabalhadores para transformar a sociedade. É neste sentido que atuamos no sentido de organizar discussões, atos e manifestações frente aos acontecimentos dentro e fora da universidade, como é a marcha do dia das mulheres e contra a vinda do genocida Bush ao Brasil, e também das diversas campanhas que fazemos contra os ataques aos trabalhadores que lutam dentro ou fora da universidade, e dentro e fora das fábricas.

Além disso, o Movimento A Plenos Pulmões se coloca a tarefa de refletir qual resposta devemos dar à universidade burguesa, que produz conhecimento para o mercado e para enriquecer os capitalistas. Neste sentido, tentamos apontar de que forma o ME, se aliando aos trabalhadores não só nas lutas concretas, mas também utilizando seu conhecimento para aportar nestas lutas, pode começar desde já a questionar os currículos que nos são impostos nas universidades e lutar por uma universidade a serviço dos trabalhadores e da maioria da população. A luta hoje contra as reformas, seja de Lula ou de Serra, deve trazer junto esta discussão de qual universidade queremos.

Contato

Para entrar em contato conosco envie um email para movplenospulmoes@gmail.com