domingo, 24 de agosto de 2008

Terceirização, uma maneira de aprofundar a exploração dos trabalhadores

Dia 26/08 às 18h30 no Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) da PUC-SP na Rua Monte Alegre, 984

Hoje já é mais que comum que cada empresa tenha seus trabalhadores terceirizados, ou seja, aqueles prestadores de serviço que não têm vínculo com a empresa em que trabalham. Geralmente, os trabalhadores da limpeza são os primeiros a serem terceirizados, tendo os salários mais baixos e as piores condições de trabalho, o que consequentemente divide a classe trabalhadora entre efetivos e terceirizados. E são principalmente os trabalhadores negros (as) e as mulheres que ocupam esses postos de trabalho, pois fazem parte da camada mais explorada da classe trabalhadora.

Na PUC-SP, nos deparamos com a demissão de 214 funcionários (as) da limpeza, que por conta do fim do contrato com a empresa Paulista e da contratação de uma nova empresa por um preço mais baixo, perderão seus empregos. É preciso denunciar a prática da terceirização do trabalho e exigir que todos os trabalhadores sejam efetivados como funcionários da PUC-SP com os mesmos direitos e salários. Convidamos todos a essa discussão.

Núcleo Pão e Rosas - Discussões sobre a mulher na sociedade de classes

domingo, 10 de agosto de 2008

Lançamento dos Filmes dos Grupos Medvedkine



No final dos anos 60, Chris Marker promoveu e organizou a formação dos Grupos Medvedkine, em Sochaux e Besancon, na França.

O nome dos grupos foi escolhido em homenagem ao cineasta soviético Alexander Medvedkine, que no contexto da revolução de outubro impulsionou o “CineTrem” para percorrer o amplo território soviético retratando a vida dos operários e camponeses, com quem elaborava conjuntamente cada filme.

Retomando essa experiência, os Grupos Medvedkine, buscaram retratar a vida dos operários franceses no contexto do ascenso operário e estudantil de 68. Os grupos eram formados por jovens cineastas e operários de distintas fábricas. Seus filmes se opuseram a qualquer valor mercantil, procuraram canais alternativos de difusão e buscavam antes de tudo gerar um debate, estabelecer discussões e diálogos com o público. Seus documentários permitiram um olhar ao mundo operário tão ocultado pela maior parte do cinema.

A presente co-edição Iskra | Contraimagem tem o objetivo de difundir estes valiosos documentos históricos na América Latina e demais países de língua portuguesa e hispânica. A seleção de documentários é um aporte imagético a este importante capítulo da história da luta de classes. A produção dos grupos resgata ainda uma experiência importante de realização cinematográfica, militante e coletiva.

Há 40 anos do Maio Francês muitas homenagens e reivindicações do período se ocupam em ocultar o conteúdo revolucionário e a destacada participação operária. Os documentários dos Grupos Medvedkine nos aproximam de uma forma profunda dos principais protagonistas da história.



OS OPERÁRIOS TAMBÉM

(“Les ouvriers aussi”)

França / 2007 (35 min)

Uma olhada ao passado conduzida por Bruno Muel, cineasta da ISKRA e membro do Grupo Medvedkine em 1968, e por Xavier Vigna, historiador que recentemente lançou um livro sobre a insubordinação operária francesa nos anos 1960. Este curta-metragem destaca o protagonismo dos trabalhadores com valioso material de arquivo e fragmentos de filmes da época. Será exibido na abertura de cada sessão.

ATÉ LOGO, ESPERO

(“A bientôt j´espère”)

Chris Marker / Mario Marret, 1967 / França. (44 min)

O documentário retrata de maneira direta a greve ocorrida na fábrica têxtil de Rhodiaceta, na localidade de Besançon, em março de 1967. Acontecia ali a primeira ocupação de fábrica pelos operários desde 1936. Chris Marker foi chamado à Besançon para registrar o desamparo, o isolamento, mas também a audácia dos operários da Rhodia que reivindicavam um trabalho mais humano, mas também um direito à cultura. É o antecedente mais importante das produções dos coletivos cinematográficos que se expandiram ao calor dos sucessos de maio de 1968.

SOCHAUX, 11 DE JUNHO DE 1968

(“Souchaux, 11 juin 1968”)

Coletivo de cineastas e trabalhadores de Souchaux, 1970 / França (20 min)

Um filme destinado a relembrar a morte dos operários Beylot e Blanchet, assassinados pela brigada da polícia enviada pelos patrões da fábrica Peugeot em 11 de junho de 68. Depois de 22 dias de greve a polícia ocupa pela força a fábrica, ferindo 150 e matando 2. A repressão foi a forma utilizada por De Gaulle e a burguesia para frear o maior ascenso operário já vista na França.

OS OPERÁRIOS TAMBÉM

(“Les ouvriers aussi”)

França / 2007 (35 min)

Uma olhada ao passado conduzida por Bruno Muel, cineasta da ISKRA e membro do Grupo Medvedkine em 1968, e por Xavier Vigna, historiador que recentemente lançou um livro sobre a insubordinação operária francesa nos anos 1960. Este curta-metragem destaca o protagonismo dos trabalhadores com valioso material de arquivo e fragmentos de filmes da época. Será exibido na abertura de cada sessão.

CLASSE DE LUTA

(“Classe de lutte”)

Grupo Medvedkine de Besançon, 1968 / França (39 min)

Relata a criação de uma seção sindical da CGT na fábrica de relógios Yema em 1968. A protagonista deste feito é Suzanne Zedet, operária que aparece nas imagens de “Espero que esteja pronto”, ocultada e timidamente reservada por seu marido. Ela mantém o seu corpo discreto, quase muda ainda quando o desejo de falar aflora, retido todavia por sua timidez, o peso das tarefas domésticas e a dificuldade de conciliação de uma vida melhor e de mãe com as exigências da militância política. Em dezembro de 1967, Suzanne se cala. Em Classe de Luta ela tomou a palavra e, as razões que lhe impediam falar, se bem que não desapareceram totalmente, parecem resolvidas na ação.

COM O SANGUE DOS OUTROS

(“Avec le sang des autres”)

Grupo Medvedkine de Sochaux, Bruno Muel, 1974 / França (56 min)

Uma descida ao inferno. O trabalho na linha de montagem da Peugeot. Som direto e imagem simples, ensurdecedora imagem. Isso é o essencial do império Peugeot: a exploração em excesso do trabalho humano. E fora da fábrica, a exploração continua. Grandes armazéns, supermercados, distrações, férias, alojamentos, a própria cidade, tudo ao horizonte é Peugeot. A violência é diretamente percebida pelo espectador, que rapidamente acha insuportáveis as seqüências filmadas ao interior da fábrica. Repetidas, elas indicam a natureza mesmo do trabalho (sempre os mesmos movimentos, sempre o mesmo estado de fabricação), cinematograficament e longas, elas são a tradução do tempo real.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

REPRESSÃO AOS TRABALHADORES DA REVAP

Na refinaria da Petrobrás – REVAP- em São José dos Campos, os operários terceirizados mobilizaram uma greve de 31 dias. Foram mais de 10 mil operários organizados por uma comissão de fábrica eleita internamente contra a empresa e contra o sindicato burocrático da CUT, que conseguiram arrancar redução de jornada para 40 horas semanais e 20% de aumento salarial.
Além de ter a comissão de fábrica demitida e se enfrentado com a mesma Tropa de Choque, que invadiu a PUC, contra estas demissões; depois de ocuparem a Usina em protesto, os trabalhadores da Revap sofreram nova repressão. Dia 01/04, na tentativa de se organizar, os trabalhadores estavam fundando a Associação dos Trabalhadores da Revap em assembléia na sede da Conlutas de SJC, quando a sede foi invadida por homens armados que destruíram o local deixando um trabalhador, parte da comissão interna da fabrica, ferido à bala.
As empresas, como a Petrobras, querem expandir a terceirização justamente para explorar mais e dividir a classe trabalhadora diminuindo seu potencial de ação. Assim, uma mobilização de operários terceirizados expressa uma ameaça concreta aos poderosos e burocratas que fazem de tudo para freiar suas lutas. Ações facínoras como essas estão a serviço dessa lógica: manter a exploração e acabar com a mobilização!
UM CHAMADO AS ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS!
Nós do APP estivemos no ato logo após a invasão da policia na refinaria, onde pudemos conversar com diversos trabalhadores, que estavam na hora que policia entrou atirando, batendo e soltando bombas. Porém, mesmo após essa truculenta repressão, o animo dos trabalhadores era em prosseguir, não a toa a patronal e seus agentes, como a burocracia sindical, avançou para velhos métodos de combate a organização dos trabalhadores A ELIMINAÇÃO FISICA DOS MESMOS.
Desde a universidade não veremos isto calados! Vamos denunciar os responsáveis por esse terrível atentado e desde já colocamos todas as nossas forças para defender os trabalhadores da REVAP, para que inclusive continuem lutando contra a terceirização e ultra exploração, servindo de exemplo a todos os trabalhadores do pais que são obrigados a sustentar suas famílias com 480 Reais, abaixo ainda de assedio moral e jornadas extenuantes de trabalho, como é o caso dos homens e principalmente das mulheres terceirizadas de nosso universidade.
Achamos que os Centro Acadêmicos devem se posicionar em relação a essa atitude promovida pela burocracia e pela patronal contra os trabalhadores da revap. Chamamos os companheiros da gestão do CACS, assim como os demais CA's, AFAPUC, APROPUC e os estudantes da PUC-SP, a realizar nessa Quinta-feira (07/08) as 19hs no pátio da Cruz uma reunião de emergência que discuta medidas de apoio e solidariedade aos trabalhadores de São José dos Campos contra essa atitude reacionária.

ABAIXO AO MÉTODO DE AGRESSÃO FISICA DENTRO DO MOVIMENTO OPERÁRIO E SINDICAL.
CONTRA O TERRORISMO DA BUROCRACIA E DA PATRONAL.
PELA ALIANÇA OPERÁRIA ESTUDANTIL! SOLIDARIEDADE E APOIO ATIVO DAS ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS AOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS DA REVAP.
INCORPORAÇÃO DOS TERCEIRIZADOS ÀS EMPRESAS E INSTITUIÇÕES EM QUE TRABALHAM , COM IGUAIS SALÁRIOS E DIREITOS!
CARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA PARA TODO TRABALHADOR INFORMAL!
POR UMA CAMPANHA PELO SALÁRIO MÍNIMO DO DIEESE (R$ 2.072,70)!

Balanço ENECS 2008

ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS 2008
Pouca discussão, nenhum encaminhamento
Por Tati - Unicamp
Entre os dias 20 e 25 de julho se realizou na UFBA, em Salvador, o Encontro Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais com o tema: “As Ciências Sociais pensando o mundo: os conflitos da diversidade e as incertezas contemporâneas” . Com cerca de 1500 estudantes de todo o Brasil inscritos, estava colocada uma importante oportunidade de discutir e tirar um programa frente aos brutais ataques que as ciências sociais de conjunto vêm enfrentando, como o fechamento dos cursos da FAFIL, na Fundação Santo André; ou as reformas curriculares que vêm flexibilizando o currículo, como é o atual caso da Unicamp.
Desde 2004, quando foi decretado o enterro da FEMECS (Federação do Movimento Estudantil de Ciências Sociais) por seu descolamento das universidades, o ME de C. Sociais sofre de uma desarticulação que vem comprometendo seriamente as possibilidades de construção de uma resistência unificada aos ataques que este curso vem sofrendo. Findado este ENECS, continuamos sem uma articulação e um programa.
Dado o enorme número de inscritos, a reduzida Comissão Organizadora enfrentou diversos problemas para a efetivação do Encontro, tanto nas questões estruturais (alimentação, alojamentos) quanto nas questões políticas (GDs esvaziados e inexistência de um regimento para o encontro). Além disso, a programação em si teve um caráter muito pouco classista, sem um debate sequer para a discussão sobre a serviço de quem está o conhecimento que produzimos.
Para além destes limites, ainda sim seria possível através dos grupos de discussões pautarmos as principais questões que hoje permeiam as C. Sociais e o ME de conjunto: como a imensa repressão que assombra diversas universidades, um balanço sobre as lutas estudantis do ano passado e deste, as principais lutas operárias verificadas neste último período, os ataques aos currículos, etc. No entanto, PSTU e PSOL, que hegemonizaram os esvaziados GDs, se limitaram, respectivamente, à defesa do calendário de luta aprovado no ENE e à proposta de construção de uma executiva nacional sem nenhum debate na base.
Enxergamos que um dos principais papéis que pode ser cumprido pelos estudantes de C. Sociais é justamente o de um encarniçado embate ideológico na academia em defesa do marxismo e dos trabalhadores. Foi nesse sentido que apresentamos nossas Teses sobre o Ascenso operário na década de 1970/80, as quais acreditamos serem um importante aporte ao estudo da classe operária brasileira e à critica da historiografia petista.
Enquanto o PSTU seguia proclamando a luta (fracassada) contra o REUNI como principal bandeira a ser levada pelo ME, o PSOL seguia com sua política de votar mais uma estrutura vazia de conteúdo e aparelhada. Nossa posição a esse respeito foi a de construir uma forte discussão na base dos estudantes de ciências sociais para que então, pudéssemos ter um acumulo para votar uma instância nacional; nesse marco, defendemos junto à Além do Mito (Alagoas) e à Ação Direta Estudantil (Niterói) a construção de um GT com delegados eleitos em assembléias de base que visasse construir um congresso também nesses moldes a fim de fortalecer a articulação entre as universidades e em combate a esse tipo de ENECS que não passa de um encontro festivo e turístico.
Frente à relativa adesão a esta proposta, PSTU e PSOL se apressaram em fazer um acordo unificando suas propostas em uma só: a construção de um Conselho Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais (CONECS), a partir de entidades; que foi aprovado. Sabemos que esse tipo de organização não só não significa uma organização realmente pela base, como não é capaz de acumular nenhuma discussão mais profunda entre os estudantes.
Ainda que relativamente maior que os GDs, a plenária final não contou com mais de duzentas pessoas. A proposta da comissão organizadora (referendada nos GDs e com a qual concordamos) foi de que as deliberações fossem tiradas nos próprios GDs, a fim de evitar a famosa tática da “boiada” (na qual simplesmente “surgem” militantes na plenária, devidamente equipados com seus crachás, mas sem ter participado de nenhuma discussão), bastante usada pela UJS nos congressos da UNE. Considerando que o número de pessoas que participaram dos GDs foi no máximo de 120 pessoas, podemos dizer que cerca de 80 ali apareciam pela primeira vez.
A primeira proposta que foi encaminhada à votação foi acerca do caráter da plenária: deliberativa ou não. Nesse momento, sem microfone e acústica adequada, aos berros se aprovou que a plenária seria, de fato, deliberativa; contraditoriamente, o mesmo grupo que defendeu a proposta vencedora se retirou da plenária alegando um burocratismo da mesa que tornava impossível continuar. De forma ainda mais contraditória, esse setor foi capitaneado justamente por quem durante todo o Encontro defendeu que os GDs deveriam ser deliberativos, ADE. Assim, duas plenárias passaram a ocorrer ao mesmo tempo, ambas considerando- se legitimas.
Na nossa opinião, é inegável que o PSTU e o PSOL estavam mais interessados em aprovar seus acordos do que na construção, de fato, de um movimento de Sociais combativo. Entretanto, não podemos ficar a favor de um grupo que racha sem coesão alguma, fundamentalmente por um sentimento anti-partido, mas que era composto até por um militante assumidamente simpático ao PDT. O discurso contra o burocratismo, de forma oportunista e sem um programa definido, pode ser abraçado tanto pela ultra esquerda quanto pela direita.
Por fim, não há consenso sequer sobre o que valeu: se os GDs, se a plenária final, ou se a plenária do racha. Mais um ENECS acaba sem que haja nenhum programa para lutarmos juntos. Tudo o que sabemos é que o próximo será na Paraíba.