quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fora PM, Fora Suely e o Conselho Univesitário!

Por um governo de estudantes, funcionários e professores, com maioria estudantil e uma assembléia estatuinte!

A greve desatada pelos trabalhadores da USP ganhou novas dimensões a partir da resposta dos estudantes e professores à truculência da reitoria e de Serra. A tentativa da mídia de fazer parecer que o movimento é de uma minoria de radicais fica cada vez mais ridícula. A repressão do dia 9 generalizou em cada canto da USP, chegando até mesmo a vários estudantes de cursos como direito e FEA, a exigência do Fora PM, Fora Suely e diretas para reitor. Vários diretores de unidade soltaram uma carta em apoio à reitora, o que mostra que a burocracia acadêmica tenta se preservar por trás dela. Serra tentou se desresponsabilizar da repressão e pode indicar a possibilidade de que resolva rifá-la para preservar-se. A militarização da USP abriu uma crise ao redor da qual se expressa inclusive a disputa entre o PT e o PSDB para as eleições de 2010.
Muitas questões estão em jogo nessa greve que se expande cada vez mais e pode se transformar num marco na luta pela democratização da universidade e num referencial para que os estudantes e os trabalhadores do Brasil saiam à luta unificados para fazer com que a crise seja paga pelos capitalistas. Essa potencialidade só pode ser plenamente desenvolvida se, partindo impor a reabertura das negociações, de expulsar a PM do campus e de derrubar a reitora, avançamos para questionar a estrutura de poder e a que ela serve. Para isso, será necessário armar-nos com um programa capaz de responder à campanha da direita e superar o entrave das direções que limitam nosso movimento. Esse é um dos objetivos centrais do debate que aqui apresentamos.

Uma ditadura de meia dúzia para manter a universidade a serviço de uma minoria

Falam que nosso movimento é minoritário, apesar dos atos de milhares. Minoritária é a camarilha de 100 professores que dominam o Conselho Universitário e governam a serviço dos seus interesses com uma ditadura docente. Uma casta tão antagônica com os interesses dos 100 mil da comunidade universitária que só pode governar em base à perseguição dos defensores da universidade pública, que teve como caso emblemático a demissão do Brandão, “protegendo” a reitoria com portas blindadas e agora revivendo a ditadura militar com as botas da tropa de choque.
Por que tão pouca democracia? A na USP que a burguesia realiza suas pesquisas milionárias, com dinheiro do povo. Para manter a universidade a serviço da minoria da universidade e da sociedade são necessários estes métodos. Por isso, qualquer um que fale em abrir as portas da USP aos trabalhadores e ao povo pobre é tão odiado. Portanto, a luta pela democratização da estrutura de poder deve estar ligada à democratização do acesso e à perspectiva de mudar sua função social, colocando-a a serviço da maioria da sociedade, os trabalhadores e o povo pobre. Nem a USP a serviço dos empresários de Serra nem demagogia de universidade popular de Lula. Abram as portas das universidades: abaixo o vestibular!

Diretas para reitor não resolve o problema da democracia
Por um governo de estudantes, funcionários e professores, com maioria estudantil

“Não basta propormos como palavra de ordem Diretas Já (...) Temos que pensar a maneira pela qual vamos desestruturar essa estrutura vertical e centralizada que a USP se tornou”. Quem diz isso é a petista Marilena Chauí. Mas, entre o Fora Suely e a estatuinte, quem manda na casa? O vice? Eleições antecipadas?
A política da ADUSP e do PSOL, seguida pelo PSTU, é chamar eleições diretas paritárias, negociando, em uma nova correlação de forças, a coexistência pacífica entre os “progressistas” e as camarilhas tucanas que impuseram a atual ditadura. Nas paritárias, o voto do estudante continuaria valendo muito menos do que o dos professores, assim como o dos funcionários. Esta política está atrás até da revolução francesa que há 200 anos apontou o princípio elementar “uma cabeça, um voto”. Até para presidente do país é assim, mas na torre de marfim da USP não! Há que se exigir no mínimo o direito democrático do sufrágio universal e que todo membro da comunidade possa se candidatar
[1].
Porém, esta não pode ser a nossa estratégia, temos que questionar o regime mais profundamente. Devemos avançar para derrubar a reitora, mas nos organizando para impedir manobras de impor o vice ou uma eleição controlada; como aconteceu na UnB que a partir da intervenção do parlamentar Cristovam Buarque tirou-se o corrupto para por o repressor, ex-secretário de segurança pública do RJ. Existem outras federais com consulta paritária, com aceite do MEC, mas que mantém o regime anti-democrático e repressivo como se expressou no tratamento policial para acabar com as ocupações contra o REUNI.
Nossa estratégia deve ser impor, pela força da mobilização, a dissolução do atual Conselho Universitário e que a USP seja gerida por um governo provisório das organizações e setores em luta, até colocar de pé um governo tripartite com maioria estudantil que organize uma estatuinte livre e soberana. Só assim poderemos democratizar a USP, sua estrutura de poder, seu acesso e o conhecimento.
Para concretizar essa perspectiva, nossa tarefa imediata e urgente deve ser organizar um forte comando de greve unificado, com delegados eleitos nas assembléias de base dos 3 setores, mandatados e revogáveis. Essa é a maneira não somente de unificar nosso movimento em base à democracia direta, mas de começar a conformar uma alternativa de poder na universidade frente à possível queda da reitora, organizada de baixo para cima pelos 3 setores.
Trata-se de uma disputa entre dois programas que expressam duas estratégias. De um lado, a Adusp e o PSOL (seguidos pelo PSTU) levantam a perspectiva de reforma das instituições. Assim como defendem CPI para “moralizar o parlamento”, defendem pequenas mudanças no regime universitário de acordo com sua perspectiva de construir uma universidade “autônoma, progressista, democrática e crítica”, que não é mais do que uma utopia numa sociedade dividida em classes. Nossa estratégia é colocar abaixo esse o governo e o regime universitário para reorganizar a universidade de baixo para cima colocando-a a serviço dos interesses da maioria da comunidade universitária e da população.
[2]

[1] Recorrendo à imposição do professor para reitor transformam uma questão política em uma questão “acadêmica”. Assim reproduzem-se todos os preconceitos da sociedade capitalista de que os trabalhadores precisam de patrões, o povo de uma “elite esclarecida”, etc. Isso transposto para a universidade significa que um estudante não pode discernir acerca do melhor projeto político, por supostamente não possuir “méritos suficientes”. Quais são os “méritos” que sustentam esta oligarquia? Não são suas contribuições à ciência e ao conhecimento, mas o fato de serem os que melhor respondem às necessidades dos grandes capitalistas.[2] Infelizmente, essa política não encontra eco nem mesmo nas correntes que se tentam se apresentar como a “ultra-esquerda”. O Negação da Negação, não tem nenhum programa de democratização da universidade e deve explicar para os estudantes e para a população porque é contra a luta por mais verbas para a universidade pública, por assistência estudantil plena, por mais professores, pela democratização da estrutura de poder, e tantas outras demandas como a estatização das universidades particulares e o fim do vestibular. Em síntese, para eles o fato de que a universidade é burguesa transformaria a luta por essas demandas em um reformismo sem sentido. O grande objetivo deles é conquistar o “Território Livre” que não se sabe muito bem o que é, mas a recente ocupação do DCE é uma pequena amostra do que seria este objetivo estratégico. Por sua vez, o PCO coloca a necessidade de um governo tripartite com maioria estudantil nas palavras, mas que se transformam em palavras soltas se ligadas à sua perspectiva sectária de ser contrários a qualquer política de massificação do movimento e de frente-única.

[2] Infelizmente, essa política não encontra eco nem mesmo nas correntes que se tentam se apresentar como a “ultra-esquerda”. O Negação da Negação, não tem nenhum programa de democratização da universidade e deve explicar para os estudantes e para a população porque é contra a luta por mais verbas para a universidade pública, por assistência estudantil plena, por mais professores, pela democratização da estrutura de poder, e tantas outras demandas como a estatização das universidades particulares e o fim do vestibular. Em síntese, para eles o fato de que a universidade é burguesa transformaria a luta por essas demandas em um reformismo sem sentido. O grande objetivo deles é conquistar o “Território Livre” que não se sabe muito bem o que é, mas a recente ocupação do DCE é uma pequena amostra do que seria este objetivo estratégico. Por sua vez, o PCO coloca a necessidade de um governo tripartite com maioria estudantil nas palavras, mas que se transformam em palavras soltas se ligadas à sua perspectiva sectária de ser contrários a qualquer política de massificação do movimento e de frente-única.

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