quarta-feira, 24 de junho de 2009

Debate sobre a ocupação do Haiti na greve da USP

Nesta terça-feira, dia 23/06, o Comando de Greve dos Trabalhadores da USP e a Conlutas promoveram como atividade de greve um debate sobre a situação no Haiti e a ocupação das tropas da ONU (MINUSTAH), lideradas pelo exército brasileiro. Esteve presente Didier Dominique do grupo “Batalha Operária”, que atua na organização dos trabalhadores haitianos que, devido a perseguições políticas, muitas vezes são forçados a se organizar de forma clandestina.

Foi apresentada uma breve retrospectiva histórica da heróica luta do povo haitiano que nos é omitida. Já no começo do século XIX, a luta do povo negro do Haiti conseguiu expulsar os colonizadores, abolir a escravidão e instituir uma independência baseada na luta popular.

Foi apresentado também como, desde os anos 80, a partir do governo do presidente americano Ronald Reagan, se aplicou um plano de completa destruição da economia haitiana, com o objetivo de estabelecer este país como fornecedor de mão de obra barata. Assim, foram eliminados os porcos dos pequenos agricultores, a produção de açúcar, café, entre outros. Foi assim que se preparou o terreno para a situação de miséria que hoje vive o Haiti, com índices de mais de 70% de desemprego e 90% de analfabetismo, e cujos protestos são violentamente reprimidos pelas tropas “de paz” da ONU, enviadas ao país com o intuito de garantir interesses políticos e econômicos do imperialismo dos EUA e França.

Hoje, por exemplo, trabalhadores e estudantes protagonizam mobilizações pelo aumento do salário mínimo, que atualmente tem o valor de 1,70 dólares por dia, o que equivale a cerca de 70 reais por mês. Durante protestos na universidade, as tropas invadiram o campus e até mesmo o hospital universitário, onde uma criança recém-nascida e um idoso morreram intoxicados pelos gases das bombas de gás lacrimogêneo. Estas tropas cumprem um papel cotidiano de repressão, como ficou evidente no recente caso das tropas do Sri Lanka que foram condenadas pelo estupro de diversas mulheres, inclusive crianças. No Haiti, os casos de estupro e exploração sexual infantil praticados pelas forças da ONU e da polícia haitiana, mesmo quando denunciados, seguem impunes.

Os trabalhadores da USP compreendem que a repressão ao povo haitiano feita pelo Brasil e outros países tem o papel de procurar silenciar a revolta do povo e dos trabalhadores que lutam pelos seus direitos, assim como a repressão que hoje se abate sobre o movimento estudantil e os trabalhadores da USP. Por isso, revoltados com o cenário apresentado, os funcionários da USP, reunidos em assembléia após o debate, deliberaram pela criação de um Comitê Pró Povo Haitiano Livre. Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, convidamos todos a se somarem a esta luta e se incorporarem ao comitê para que as tropas brasileiras e de outros países se retirem do Haiti.

Fora do Haiti as tropas de Lula e da ONU!

Pela auto-determinação do povo negro haitiano!

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