terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desatai o Futuro - PUC-SP

Editorial
Hector Palacios – Militante do Movimento A plenos Pulmões e estudante do 2º ano Economia PUC-SP
Podemos observar um colapso no sistema organizativo da universidade dentro do Brasil. A universidade brasileira é uma instituição que sofre um ataque e tem sua ideologia voltada à classe dominante. A principal característica da crise na universidade brasileira é uma massificação tardia e de caráter privatista. A universidade hoje está ligada ao processo de reestruturação produtiva, visando aumentar o número de profissionais “qualificados” para o mercado conforme as reestruturações tecnológicas e automatizadas, mas ao mesmo tempo fazer da universidade um mercado, administrando a universidade como um novo nicho de valorização do capital (como muitos grupos multinacionais hoje especulam dinheiro da educação na bolsa de valores).
De uma maneira mais geral, a universidade brasileira tem duas grandes peculiaridades: “o primeiro é do ponto de vista da burguesia, que necessita de formação de mão-de-obra qualificada”1 para o aumento da produção e acumulação, mantendo desta forma a produtividade; “o segundo é do ponto de vista da população, que anseia (ainda que de forma passiva) pela democratização do acesso. É nesse marco que devemos encarar a política dos governos, as tendências a ataques, mobilizações e eventualmente concessões (...) Foi esse duplo aspecto da crise na universidade brasileira que Lula conseguiu explorar, desarmando o movimento estudantil”2.Nos defrontamos com problemas novos frente à crise financeira (que observamos na universidade), mas também com antigos e históricos obstáculos que entravam nosso avanço. E um desses problemas antigos, muito conhecido por todos nós é a questão da agitação, propaganda e imprensa.
Teremos um espaço que caminhará paralelamente com o Núcleo de Estudos por nós proposto de uma maneira contundente em nosso Manifesto Fundacional (neste boletim publicado); fazer discussões sobre arte e cultura dentro da sociedade e o seu papelinovador e criador de um novo tipo de sociedade com a exposição de artigos que explicitem uma cultura rica, anteposta à ideologia e propaganda da burguesia; e também, sempre buscaremos inserir as datas de eventos relevantes aos estudantes em geral.Como disputar o espaço na consciência da classe trabalhadora com a imprensa burguesa? Essas e outras questões sempre fizeram parte das nossas preocupações, porque sempre vemos o espaço da esquerda estendido até os lugares mais distantes, aonde a militância cotidiana não consegue chegar. Procuramos então descobrir o segredo de fazer um jornal que fosse uma ferramenta de aglutinação de idéias, de enlace entre aqueles que estivessem dispostos a transformar a sociedade. O nosso jornal é democraticamente organizado e não burocratizado. São características necessárias!
Com nosso jornal, esperamos contribuir com a construção de um movimento estudantil que adote uma perspectiva estratégica e que lute pela aliança entre estudantes e trabalhadores!
A hegemonia da burguesia dentro da universidade que hoje é sustentada pela burocracia acadêmica serve à sua permanência e manutenção de hegemonia social. Disso parte a necessidade de um movimento estudantil que não lute meramente por “espaços” e “melhorias” em cada universidade, mas que enfaticamente questione a universidade e a sociedade, o conteúdo lecionado, e a burocracia acadêmica.
É tempo de desatarmos o futuro! E com isso fechamos este editorial, convidando a todos que participem conosco da construção do Desatai o Futuro – PUC, um boletim de debate marxista, cultura e política, impulsionado pelo Movimento A Plenos Pulmões!
Manifesto de fundação do Núcleo de Filosofia e Práxis Marxista- “Communards”.
“Paris dos operários, com sua Comuna, será eternamente exaltada como o porta-bandeira glorioso de uma nova sociedade. Seus mártires têm seu santuário no grande coração da classe operária. Quanto a seus exterminadores, a história já os cravou para sempre num pelourinho, do qual todas as preces de seus clérigos não conseguirão redimi-los”
Karl Marx (Guerra Civil em França - 30 de Maio de 1871)

A esquerda e os trabalhadores sofreram durante as últimas décadas uma imensa derrota, que atingiu a consciência e a ideologia revolucionária, enquanto simultaneamente a massa da população do planeta empobreceu como trabalhadores assalariados. O fim da URSS, a restauração da economia de mercado no Leste Europeu e da propriedade privada na China, abriram as portas para as ideologias conservadoras da “globalização”, da “livre concorrência”, da “mão invisível do mercado” e do desenvolvimento “ilimitado” do capitalismo financeiro. As políticas conservadoras deixaram, como herança para as novas gerações de trabalhadores do campo e da cidade, o desemprego estrutural, o trabalho informal e desregulamentado, serviços públicos cada vez mais precários e uma liberdade assistida, parcelada e cobrada a prestações.

O Estado burguês-liberal, que dizia combater o totalitarismo, é o mesmo que proporciona a opressão policial nas periferias, a tortura, a “guerra ao terror” imperialista que extermina grupos étnicos e implanta golpes militares. Os recentes Golpes de Estado, consumados ou fracassados, nos mostram que a luta contra a ditadura não acabou nas constituintes. Em todos os países “democráticos” ou ditatoriais, ainda vivemos em uma verdadeira ditadura do capital. A crise capitalista atual e seus reflexos nos mostram os limites da fantasia contemporânea da “democracia como valor universal” na sociedade capitalista.

A “esquerda oficial” de outrora - e seus burocratas - se transformou hoje em ministra direta do Estado capitalista. Os partidos “comunistas” tradicionais apenas mantiveram seu nome, e como exemplo mais legítimo desta tragédia, não existe mais uma referência política da classe trabalhadora e dos movimentos populares.

É do monopólio corporativo toda a propriedade, o uso do conhecimento ainda é de direito exclusivo do patrão. Na universidade, historicamente aristocrática e elitista, o ensino virou uma linha de montagem de trainees da doutrina técnica e funcional, o espaço dos pensadores liberais e dos “críticos” pós-modernos “por excelência”. O capitalismo se reproduz dentro da universidade, na censura do controle de financiamento às pesquisas, na interferência das empresas de consultoria, das grandes farmacêuticas, das grandes empreiteiras, do monopólio bancário e industrial, nas ONG’s privadas, e por fim, na privatização direta das instituições e do conhecimento produzido.

Nossa luta é contra os intelectuais que se limitam a transmitir conhecimento “puro” (e também “neutro” diante das classes sociais antagônicas), que se adaptam à academia amorfa, contra os técnicos funcionais, os pseudo-democratas, os “libertários” de gabinete, o pretenso conhecimento “crítico” pedante que se coloca acima da vida concreta. Diluído neste caldeirão de idéias dominantes se prolifera um marxismo acadêmico, de teoria estéril e desprovida de ação subversiva. Estes cientistas estão plenamente legalizados pelo capitalismo, sobrevivem de nichos próprios, da necessidade de colóquios e direito a certificado e conclusão curricular. O marxismo não está no gabinete, nem tampouco no sindicalismo negligente ao rigor teórico, alheio à ciência marxista que está igualmente legalizado e absorvido pelo estado constitucional.

O marxismo está na busca incessante pela liberdade, na ciência da realidade, no enfrentamento à propriedade privada junto aos presos políticos, às diaristas, aos operadores de telemarketing, nos portões de fábrica, nos canaviais e dentro de empresas terceirizadas. A camada mais sólida do conhecimento humano deve se fundir com a camada mais explorada da sociedade.
Estamos diante da carência estrutural e pobreza curricular, academicista e formalista de que se reveste a universidade. As grades curriculares atuais têm a necessidade de formar para a “prática profissional” e para o exercício da “cidadania”. Através da consciência revolucionária, é necessário o questionamento do conhecimento produzido pela academia e seu uso pelo capitalismo. Partimos do questionamento da sociedade de classes para o questionamento da universidade de classes. A universidade deve estar em disputa!

Nosso objetivo maior é promover o debate da política, da teoria, da economia, da arte e da filosofia com base num estudo aprofundado da teoria e ação marxista – condição fundamental para uma legítima unidade dialética entre teoria e prática. Não nos restringimos aos colóquios e palestras para atingir nosso objetivo. Estamos nas ruas, nos sindicatos, nos parques industriais, nos conflitos com a polícia, no cotidiano. Sem consciência e teoria revolucionária não há prática revolucionária, a nossa existência determina nossa consciência e por isso a subversão é necessária para unificar a Arma da crítica e a crítica das armas!

PARTICIPE DAS PRÓXIMAS DISCUSSÕES DO NÚCLEO “COMMUNARDS”
1ª REUNIÃO : “MARX NAS BARRICADAS DA COMUNA DE PARIS”.
DIA 16/09 (QUARTA-FEIRA) AS 18HS NO MUSEU DA CULTURA!

PROIBIDO proibir PROIBIDO!
Por Felipe Campos.
1968
No teatro TUCA Caetano proferia as seguintes estrofes “A mãe da virgem diz que não...E o anúncio da televisão...Estava escrito no portão...E o maestro ergueu o dedo...”. Em evidente ruptura estética musical com aquilo que havia se padronizado como música brasileira (“o banquinho e o violão), Caetano era vaiado pela platéia que não percebia que ele em 4 estrofes contestou a moral sexual, a ideologia dominante, o modelo do consumo capitalista e o cerceamento da liberdade artística. Com a influência das manifestações estudantis e operárias que tinham na França naquele ano de efervescência cultural e política, Caetano e Gil, foram para aquele Festival Internacional da Canção com a intenção de quebrar o “ideal de cultura” ali posto e consagrado.
Minutos antes de cantar “proibido proibir” (clara alusão ao movimento estudantil francês), Gil acabara de ter sido desclassificado do festival por ter cantado “Questão de Ordem”. Caetano indignado com a estrutura do festival começou a cantar ao som das guitarras elétricas, prerrogativa para também, paralelamente, começar a ser vaiado. Decidiu então parar no meio da música e denunciar o caráter do festival, assim como mostrar que a juventude que lhe vaiava não enxergava a subversão e política como elementos ligados para combater a ditadura militar. Nas palavras dele:
“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir, este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado! São a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. Hoje não tem Fernando Pessoa. Eu hoje vim dizer aqui, que quem teve coragem de assumir a estrutura de festival, não com o medo que o senhor Chico de Assis pediu, mas com a coragem, quem teve essa coragem de assumir essa estrutura e fazê‑la explodir foi Gilberto Gil e fui eu. Não foi ninguém, foi Gilberto Gil e fui eu!”

Caetano, assim como indicava em sua música – “Eles estão nos esperando...Os automóveis ardem em chama...”-o questionamento do movimento estudantil no maio de 68 em relação aos valores pré determinados da sociedade capitalista, ao mesmo tempo alertava a juventude para radicalização política da arte.
2009.
Caetano e Gil não são os mesmos artistas radicais daquele período, assim como a Puc-SP e o TUCA não tem mais a tradição de abrigar manifestações como aquela. Hoje a Puc-SP é administrada diretamente pela Igreja e o TUCA gerido pelo Banco Bradesco. O resultado disso é que o proibido proibir foi proibido, e hoje não podemos entrar com um simples violão que somos barrados na porta da universidade...Quiçá guitarra elétrica!
Hoje são inventadas desculpas através da criminalização ao usuário de drogas para aumentar a vigilância dos seguranças e câmeras na universidade, assim como também aprovar carteirinhas (como o CONSAD está deliberando através dos padres e do reitor) para identificar os estudantes no campus e mais pra frente construir catracas que garantirão quem entra ou não na Puc-SP. É lógico que a Puc-SP de hoje também se enquadra na lei-anti fumo, pois o que for “anti” é bom para a Fundação São Paulo e para a reitoria.
Festas, hoje, são proibidas, estudantes são punidos por lutarem por uma educação pública e pelo fim da influência da Igreja no ensino. E tudo isso em nome da “democracia”, a mesma “democracia” que os militares em 68 falavam em garantir. Não precisa aprovar nenhum AI-5 atualmente, já existe um estatuto que fala que a universidade deve se guiada pelos ideais cristãos que significam criminalizar o direito o aborto as mulheres, coibir o uso da camisinha, criar um comitê de ética que avaliará nossas pesquisas acadêmicas e ensinar uma moral de uma igreja que hoje apóia o Golpe militar em Honduras. Esses elementos não têm nada a ver com a fé que vários estudantes possuem em relação a uma religião, mas sim tem haver com uma instituição milenar que historicamente sempre esteve a favor das classes dominantes.
Recuperemos o espírito revolucionário de 1968 que estudantes e trabalhadores questionavam não só os valores culturais, como também um modelo econômico e político sustentado pela ganância e exploração. Façamos da subversão não um fim em si mesmo, mas sim um fim político que se confronte com a ordem imposta pela estrutura de poder atual do controle da Igreja e da burocracia acadêmica a serviço do pagamento religioso da dívida com os grandes bancos. E como diria o Caetano de 1968: “Derrubar as prateleiras, as estantes, as estátuas, as vidraças, louças, livros sim...”.

PUC-SP inicia o semestre sem aulas, mas com carteirinhas e Padres no Comitê de ética!
Por “Marquinhos”- Estudante de Ciências Sociais, militante da Ler-qi e do Movimento A plenos pulmões.

Mais um semestre se inicia e os problemas acadêmicos, financeiros e políticos da Puc-SP permanecem. Filas irritantes, longas e que geralmente não resolvem nossos problemas na SAE, mensalidades que já passaram do nível de absurdas e agora estão no patamar inacreditável, um reitor que tem pose de democrático, boa retórica, mas faz tudo que a Fundação São Paulo quer. Além de tudo isso, o curso de Ciências Sociais mais uma vez inicia o semestre sem licenciatura pra variar, e o pior, também sem aulas.
Entretanto, de onde vem esses problemas que sempre nos deparamos? E a serviço de quem está o conhecimento produzido na Puc-SP?
Essa duas perguntas apesar de diferentes, possuem respostas que convergem e estão intimamente ligadas a estrutura de poder da Universidade. Para sanar um rombo financeiro histórico que a Puc-SP tinha com mais de 17 bancos, a Fundação São paulo e seus padres representantes conseguiram ter uma força política maior para intervir na Universidade. Lógico que isso foi acordado com todos os “conselheiros” do CONSUN que com medo da PUC-SP fechar pela má gerência deles, acabaram ficando nas regras do capital, prometeram pagar a dívida para os “pobres” Bancos Bradesco e Real e imploraram para que a Fundação São Paulo os ajudasse como mantenedora que é.
A Fundação São paulo ajudou todos os burocratas que controlam a Universidade, mas em torca disso exigiu demissões, maximizou contratos e é claro buscou todas as brechas para ter também sua fatia no bolo nas instâncias de poder da PUC-SP.
Maura Véras se foi e entrou Dirceu de Melo na reitoria com discurso de mudança, e na prática o que vimos ser feito nos bastidores foi o redesenho de todas as faculdades e a continuidade do poder cada vez maior da Igreja e de seus Padres. Votou-se um novo estatuto e criou um orgão de deliberativo superior aos todos já famigerados conselhos que é o CONSAD, concretizando o poder administrativo, político e financeiro da Fundação São Paulo na Puc-SP.
Tudo isso foi junto com uma elitização de todos os cursos da universidade, cortando bolsas de estudo, expulsando inadimplentes, e criando modernos mecanismos de cobrança que dificultam a permanência de qualquer estudante. Mas os senhores e sacerdotes que estão no Controle ainda não estão satisfeitos, querem mais! Logo no início do semestre, quando as aulas nem tinha começado já desenvolveram outros ataques que são expressão do livre terreno que a Igreja quer ocupar de forma reacionária e conservadora na Universidade. As propostas da vez agora são as velhas carteirinhas e a reformulação do comitê de ética em pesquisa.
A função das carteirinhas todos já sabemos que é para formalizar e institucionalizar algo que já existe implicitamente em relação ao acesso a Universidade, restringindo a presença dos trabalhadores e da população . Por isso, que independente das desculpas sacerdotais que as carteirinhas seriam por questões de segurança, o fato é que expressam o 1º passo para a criação de catracas e um salto no cerceamento aos espaços da universidade, impedindo cada vez mais a entrada “dos estranhos- aqueles que não tem dinheiro para dar para Igreja”.
Já esse comitê de ética é tão sinistro quanto as propostas das carteirinhas. Ele seria reformulado pelas pró-reitorias e pela Fundação São Paulo (os padrecos), sendo um orgão que avaliaria todas as pesquisas acadêmicas da Universidade. Ah...Você quer pesquisar sobre a colonização do Brasil? Nada de pesquisar sobre os indios que foram torturados e massacrados pela Igreja católica viu! Só pode saber dos Sermões do padre Vieira e também das empreitadas de Anchieta! Quer estudar segunda guerra mundial? Tudo Bem! Mas só não vale falar que a Igreja Católica apoiou o nazismo e o fascismo!
Enfim, temos que nos mobilizar e desde já oferecer alternativas a esse projeto conservador da reitoria, bancos e Fundação São Paulo. Nos colocando contra esses ataques, mas também entre nós pensar e discutir como podemos oferecer a saída para uma Universidade que permita novamente a criação e pesquisa acadêmica, que abra suas portas para os trabalhadores e o povo e não seja mais controlada por esses carcomidos representantes da ordem e dos bons costumes!

Reproduzimos abaixo um entrevista que o Boletim Desatai O Futuro fez com Natasha Bachini, estudante do 3º ano de Ciências Sociais. Natasha fala sobre a condição acadêmica atual da Universidade e de como ela vê essas questões relacionadas a estrutura de poder.

Como começaram as aulas na sua turma?
N.B.: Em nossa turma, nos deparamos com pelo menos dois problemas: uma grade horária fictícia publicada na pré-matrícula, onde pelo menos 50% dos nomes de professores citados para ministrar as disciplinas não correspondia a realidade, e o atraso do início da disciplina de Política VI devido a falta de um professor para a disciplina.Além disso, todas as solicitações de revisão de nota não foram respondidas dentro do prazo estipulado pela Faculdade de Ciências Sociais. A unificação das secretarias das Faculdades desta Universidade resultou também em filas enormes e grande perda de tempo na hora de resolver questões de cunho administrativo.

Você vê algum tipo de relação com o que aconteceu no começo do semestre e o redesenho institucional, assim como a aprovação do novo Estatuto? Qual?
N.B: Grande parte das falhas administrativas e dos conflitos de informações ocorridos neste semestre são resultado da implementação das alterações realizadas pelo Redesenho Institucional nesta Universidade. A unificação das secretarias e o novo sistema de informações são um exemplo disso. Não sou a favor do inchamento burocrático que sempre foi marca registrada da PUC-SP, mas certas mudanças devem ser estudadas com cautela antes de serem colocadas em prática. A idéia deveria ser facilitar as relações acadêmicas, e não complicá-las ainda mais.

Quais iniciativas você vê para se enfrentar esse problema?
N.B: Percebo muita reclamação por parte dos estudantes, dos professores e dos funcionários, no entanto, não há mobilização. Apesar de insatisfeitas, as pessoas são desestimuladas pela atual estrutura acadêmica para reagirem, seja por conta dos lentos processos burocráticos, seja pela falta de espaço ou segurança para propostas e contestação. Sinto que alguns sentem receio de se manifestarem, temendo até mesmo algum tipo de retaliação. As instâncias administrativas consultadas se dizem propostas a resolverem as questões, mas até agora nada de concreto chegou até nós.

Na sua opinião, quais são os principais problemas da Puc-SP?
N.B:Nossa! Essa é uma pergunta que pode gerar páginas e páginas de resposta, risos.
Para mim, o principal problema da PUC-SP é a sua eterna contradição. Uma Universidade que aspira as liberdades de uma instituição de ensino pública dentro de um universo privado.
Vivemos uma Universidade que tem uma história de luta democrática, que garante a eleição de um reitor eleito pela comunidade e ao mesmo tempo as principais decisões administrativas são realizadas por interventores da Igreja. Se trata de uma universidade se diz filantrópica mas cobra uma mensalidade abusiva, mais de mil reais por mês, o que já seleciona uma boa parte de seus estudantes. O valor da mensalidade se reflete também nos serviços indiretos disponibilizados em prol da universidade, como a biblioteca, o xerox, alimentação e transporte.Muitos dos estudantes que aqui convivem comigo só conseguem se sustentar dentro da PUC-SP porque trabalham, e mesmo assim, há um alto índice de desistência. Principalmente os bolsistas, que obviamente não dispõe de recursos financeiros, sofrem dificuldades dentro do ambiente acadêmico devido ao seu alto custo, o que contribui para a intensa elitização do seu corpo discente.

Você acha possível solucioná-los pela atual estrutura de poder?
N.B.: A estrutura de poder na PUC é apenas uma das ramificações da forma como se organiza nossa sociedade. Pense nos problemas contemporâneos, como o desemprego, a desigualdade social, precarização do ensino, o desperdício de recursos naturais, etc. Você acha possível solucioná-los através da permanência do sistema do qual estes são conseqüência?

Fora Sarney ?!
Por Guilherme Soares- Estudante de Ciências Sociais e militante do Movimento A plenos Pulmões

Diante do lamaçal do Senado brasileiro e da tentativa da gestão do CACS (te convido a lutar) de ir além das reformas do C.A.


A história do Brasil é a história das oligarquias agrárias e seus coronéis disputando com a indústria do sudeste quem explora e assalta o suor dos trabalhadores. Depois da ditadura militar da qual José Sarney foi representante, esta se travestiu de “democracia” em 1985, com Sarney como presidente. O atual Senado brasileiro serviu desde então como uma instituição completamente aristocrática para ser apenas um contrapeso à Câmara dos Deputados. As leis votadas na Câmera dos Deputados são revistas no Senado, nele os estados mais populosos e com movimento operário e popular mais organizado são sub-representados em função dos estados com menor número de trabalhadores. Rondônia e Amapá tem a mesma representação de Rio de Janeiro e São Paulo.

O Senado absolveu Sarney, tendo como protagonista a intervenção direta de Lula, a bancada governista e toda a oposição burguesa, que também estava envolvida com os “atos secretos” como o caso de Arthur Virgilio (PSDB).

Pedir o “fora” de um senador ou outro não vai resolver os problemas “morais” causados pelo Senado, e ainda iguala a oposição de esquerda ao governo Lula com a oposição cínica da direita demo-tucana. É necessário levantar uma bandeira que seja de fato democrática aprofundando o descrédito dessas instituições do Estado que escancaram seu verdadeiro caráter, antes de tudo, é mais do que necessário exigir ABAIXO O SENADO! Por uma câmara única com deputados mandatados e revogáveis que não ganhem mais que o salário de um servidor público!
No último dia 27, quando houve um ato “Fora Sarney’’ realizado na frente do apartamento que o senador possui em São Paulo, o PSTU organizou apenas as entidades da qual faz parte, o CACS foi uma delas. Segundo os militantes do PSTU, o “Fora Sarney” não expressa suas posições políticas, seria na verdade para “mobilizar mais gente” e “dialogar” com o sentimento da maioria dos estudantes. Essa postura foi completamente fracassada, pois o ato que foi convocado de um dia para o outro não mobilizou mais do que 100 pessoas no total, de toda a PUC foram apenas sete pessoas, nem mesmo a atual gestão do CACS compareceu com todos seus membros.

Por que então fazer um ato que “não expressa” a sua verdadeira posição política? A resposta está nas eleições de 2010. A qual, o PSTU almeja costurar uma aliança com Heloisa Helena (que defende a Igreja, é contra a legalização do aborto e apóia alianças com empresários e a manutenção do Senado e da atual “democracia” como ela é) para a presidência numa dita “frente de esquerda”. O “Fora Sarney’’ acaba sendo a forma de dialogo com a bancada parlamentar do Psol, e acaba não questionando o regime político brasileiro

Reivindicamos a atual gestão do CACS em se colocar num debate político nacional. Porém, para nós essa saída só se constrói com um programa político que responda as contradições atuais da crise capitalista que demite trabalhadores na EMBRAER e promove golpe de Estado em Honduras, e não um programa eleitoral. O CACS vem se distanciando cada vez mais politicamente dos estudantes, mesmo tentando camuflar com reformas no espaço físico que não tem nenhum reflexo político. Queremos que o C.A. não seja apenas um Centro de entretenimento, mas sim de política, resistência, debate teórico e ideológico para o movimento estudantil.

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