terça-feira, 10 de novembro de 2009
Ato de estudantes e trabalhadores boicota a 1° rodada das eleições para REItor da USP!!!
Cerca de 500 pessoas estiveram presentes, hoje, no ato pelo boicote do processo eleitoral para a escolha do próximo REItor da USP.
Visto a antidemocrática estrutura de poder da universidade, estudantes e funcionários, em ato em frente à Reitoria da USP, com batuques, músicas, faixas, teatro etc, levaram à frente a resolução da assembléia de estudantes e trabalhadores pelo BOICOTE ativo do processo eleitoral.
A Reitoria se pronunciou pela adiamento das eleições para amanhã, com local a ser definido.
Os estudantes presentes no ato passam em salas de aula neste momento para convocar a assembléia chamada para hoje, às 18 horas, no prédio da História, que vai organizar o ato de amanhã para a continuidade da luta pela boicote e por democracia na universidade.
Levar a frente a luta pelo BOICOTE ativo do processo eleitoral!
Abaixo a repressão!
Defesa do Sintusp, dos estudantes e dos trabalhadores!
Dissolução do C.O.!
Flavia, Movimento A Plenos Pulmões
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Desatai o Futuro PUC/SP- Edição Especial: Todo apoio a anti-candidatura de Chico de Oliveira!
Iremos nos concentrar a partir das 10hs no Pátio da Cruz e convidamos todos que lutam contra a repressão e por uma universidade mais democratica a serviço dos trabalhadores e do povo pobre a participar dessa mobilização importante que deve se difundir para vários outros lugares. O ato de boicote as eleições será as 12:00 em frente a reitoria da USP, e é importante que desde a PUC-SP e da luta que impulsionamos aqui contra a FUNDASP também se expresse através da solidariedade e defesa aos estudantes e trabalhadores da
USP.
Todos ao boicote: Terça-feira (10/11), às 12h, em frente a reitoria da USP!
Concentração na PUC-SP, às 10hs no Pátio da CRUZ!
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Grande ATO-DEBATE em frente a reitoria da PUC-SP lança campanha contra a repressão e pela democratização da Universidade!!!

Mais de 300 estudantes comparecerem em frente a reitoria da PUC-SP na última quinta-feira (05/11) e participaram do Ato-Debate contra a repressão e pela democratização da universidade organizado pelo Movimento A plenos Pulmões, Centros Acadêmicos e a Apropuc. Quebrando a atual rotina acadêmica de câmeras, perseguições e proibições, o ato expressou um profundo questionamento da atual estrutura de poder da universidade controlada a base dos decretos da FUNDASP e seus respectivos Padres, assim como a conivência da atual gestão da reitoria e dos conselhos da PUC-SP que nada mais fazem do que acordar com um modelo sustentado no pagamento religioso da dívida aos bancos e uma produção de conhecimento mercantilizada e agora com interferência direta da Igreja.
O Ato contou com a participação do Profº Chico de Oliveira, anti-candidato a reitor da USP, a Profª Beatriz Abramides da Associação dos Professores da PUC-SP, Guilherme Salvini pelo CACS que foi indiciado no último período pela reitoria com a justificativa do centro acadêmico ser um espaço de “uso de drogas”, uma desculpa para disciplinar e atacar as organizações estudantis. E também teve a presença de Claudionor Brandão como convidado especial a partir do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP) que impulsiona junto com o Profº Chico de Oliveira, o DCE e a APG uma candidatura de protesto e boicote a arcaica estrutura de poder da Universidade que pune e persegue trabalhadores e estudantes alem de ter um caráter hoje totalmente anti-popular e anti-operário.

“NÃO QUERO PAGAR MENSALIDADE...TRABALHADOR NA UNIVERSIDADE”
Brandão iniciou o ato colocando a partir do programa levado na anti-candidatura do Profº Chico de Oliveira para as eleições de reitoria na USP, que é fundamental unificar as bandeiras estudantis e dos trabalhadores na Universidade com as bandeiras da população e da juventude pobre que não tem acesso a educação nesse país. Brandão também ressaltou a importância de por o atual conhecimento produzido não como reprodução do status quo, mas sim como um instrumento de transformação a serviço dos trabalhadores e das camadas mais pobres da população brasileira:
“...Nós que trabalhamos o ano inteiro e somos obrigados a pagar 4 meses de salários com impostos para os atuais governos, em universidades privadas como a PUC-SP se quisermos estudar ainda nos impõe pagar mensalidades milionárias, restringindo o acesso geral dos trabalhadores e da juventude pobre.”
Depois Guilherme Salvini e a Profª Beatriz Abramides resgataram um pouco da trajetória da PUC-SP ate chegar ao ponto de controle da FUNDASP com um estatuo que lhe dá poderes máximos. A profª Bia explicou dizendo que “as mundanças, aumento da repressão, controle da FUNDASP não vem de agora, se iniciou em 2005/2006 com um processo de demissão massiva de funcionários e professores e que a partir de um acordo estabelecido entre Conselhos, Reitoria e Fundação São Paulo com os Bancos Bradescos e Real inciou-se uma grande elitização na Universidade, aumento ainda mais das mensalidades e cerceamento das liberdades democráticas.”.
Guilherme do CACS, que sofreu um indiciamento da reitoria da PUC-SP num claro ataque ao CACS, falou do processo de reorganização do movimento estudantil nos cursos, da necessidade da luta pela democracia na universidade e da atual luta pelo boicote ao ENADE onde dias atrás teve também um debate com importante presença de estudantes questionando esse tipo de avaliação do governo federal.
O Profº Chico de Oliveira encerrou o Ato ironizando o atual controle da FUNDASP nas diretrizes acadêmicas e políticas da PUC-SP dizendo que seria como uma profanação questionar as autoridades clericais que querem colocar a mão no nosso conhecimento. Disse também que a Universidade deve ter um papel de subversão e contestação da sociedade da sua época, esse seria seu papel histórico que hoje é corrompido por um conhecimento mercantilizado que no Brasil do ponto de vista do acesso e da estrutura interna de poder não chegamos nem ao patamar da Revolução burguesa do século XVIII.
Na abertura para o plenário várias falas importantes e palavras de ordem foram puxadas como: “Não quero pagar mensalidade....trabalhador na universidade”. Rodrigo “Tufão”, militante da Ler-qi e estudante sindicado pela PUC-SP em 2007 por causa da ocupação do prédio da reitoria contra, naquela época, o processo de redesenho institucional que era votado sem nenhuma participação dos professores, funcionários e estudantes da PUC-SP denunciou a atual gestão do reitor Dirceu de Melo que obriga aos sindicados daquela ocupação a pagar 2 mil reais como punição a aquela ação pacífica e política. Onde o que teve de mais violento foi a quantidade de viaturas e tropas de choque da PM para retirar os estudantes do prédio.
O estudante de história Fernando Silverio, militante do Movimento A plenos Pulmões, reivindicou a participação do profº Chico de Oliveira como um intelectual que leva a frente o questionamento da estrutura de poder da universidade a partir de um programa votado em assembleia direta dos trabalhadores da USP e que sem dúvida dentro da academia é uma postura bastante progressista que deveria ser levada como exemplo a muitos intelectuais que atualmente não saem de seus gabinetes. Denunciou também a nova composição clerical do comite de etica da PUC-SP onde os padres terão uma representação de ¼ na avaliação das pesquisas da graduação e da pós, além da humilhante condição de trabalho dos funcionários terceirizados que sofrem com a não possibilidade de organização sindical e quando reivindicam melhores condições acabam sendo demitidos de forma unilateral pela empresa e com conivência da reitoria.

Felipe Campos estudante de Ciências Sociais e também militante da APP colocou a importância da realização desse ato-debate como uma forma para acabar com a demagogia do atual reitor Dirceu de Melo de ter uma Universidade disposta ao dialogo deixando as portas da reitoria abertas. Felipe falou que a verdadeira democracia se coloca dentro de um debate e organização direta de professores, estudantes e funcionários da PUC-SP. Apontou a necessidade de hoje se impulsionar uma grande campanha pela democratização da Universidade, lutando contra a repressão, participando do boicote no 2º turno dia 10/11 na USP e discutindo esses elementos de forma ligada com as bandeiras populares de acesso a educação superior e contra a repressão:
“É preciso defender o SINTUSP hoje e questionar a estrutura de poder da USP, mas sem deixar de defender o MST da campanha reacionária que sofre por parte da imprensa e mídia reacionária que existe atualmente. Assim como também é preciso defender o CACS, mas não deixando de passar a solidariedade a população e juventude negra das periferias do rio de Janeiro que sofrem com a constante violência policial promovida pelo Governo Federal e Estadual.”
Os diversos estudantes que ficaram ate o final do Ato ainda queimaram um boneco simbólico do reitor da PUC-SP, Dirceu de Mello, que estava vestido com uma camiseta com um cifrão ($), representando os interesses reais da direção da Universidade em relação a mercantilização do conhecimento e o sucateamento dos cursos. A realização desse Ato-debate em frente a reitoria da PUC-SP deve ser entendida hoje como um motor para impulsionar uma grande campanha pela democratização do acesso, com a defesa da estatização das universidades particulares, o fim do vestibular e lutando por uma democracia direta com maioria estudantil nas estruturas de poder da Universidade!!!
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Boletim CACH – Colóquio Marx Engels
Há muito a tradição que se reivindica marxista dentro do instituto de Ciências Humanas literalmente abandona o vínculo indissociável que existe entre teoria e prática, justamente o que distingue a ciência marxista das outras tendências que preconizam essa união de maneira puramente formal, sem medo de demonstrar, sempre que possível sua timidez até no campo da epistemologia.
Infelizmente, tratamos de um período histórico em que o retrocesso do movimento operário no Brasil, principalmente durante a abertura democrática dos anos '80, que passou por cima do movimento de massas da classe operária, carregou consigo o retraimento das caracterizações mais declaradamente classistas da intelectualidade marxista. E é com esse núcleo de intelectuais que queremos travar diálogo sobre a importância de se retornar a uma participação ativa na luta de classes desse próximo período.
Como tratamos do assunto desde um ponto de vista materialista, é preciso lembrar que mesmo os intelectuais com as idéias mais estáticas agem realmente sobre seu meio, principalmente quando a conjuntura política os acorrenta e os arrasta à ação. Até a omissão é um ato político, já que atrasa a política geral e ajuda a construir a passividade. Pois claramente não se trata aqui apenas de trocar cartas com as autoridades do marxismo, afundar a cara em debates ilustradíssimos ou estudar avidamente a nata do materialismo contemporâneo. É claro, sem possuir a segurança de emitir um juízo crítico, pois não se tem “total domínio sobre ela”; como se o marxismo, caros amigos, se tratasse de um ofício de gabinete e da digestão completa de todos os nutrientes revolucionários das obras passadas!
Para nós, a teoria tem de acorrer à prática. Mais do que possuir uma formação cultural e científica erudita, o principal papel dos intelectuais é identificar as contradições e os problemas da sociedade. O objeto todo tem de se tratar pela interferência na realização das necessidades reais da base social que sustenta os órgãos institucionais de pesquisa e desenvolvimento na academia, devolvendo continuamente à sociedade, de cujo movimento brota a força material da ciência, o que sempre foi dela. Os seus esforços teóricos devem equivaler às necessidades teóricas da sociedade, num processo progressivo que culmina no auto-reconhecimento das camadas sociais como sujeitos teóricos de sua história, de tomar em suas mãos as tarefas elaborativas e de cientificamente dar respostas. Os intelectuais autênticos devem associar-se e misturar-se à coletividade fora dos limites acadêmicos, identificar-se com ela, de modo que seus objetivos e interesses devem ser verdadeiramente os objetivos e interesses da sociedade, transformando cientistas em leigos, através da mudança de leigos em cientistas, banindo de uma vez as barreiras que impedem que a base social dialogue e construa unitariamente com a intelectualidade atual.
As discussões sobre as políticas do IFCH são indispensáveis. Diretamente a alguns problemas centrais: por exemplo, a intelectualidade precisa se preocupar com o destino do AEL. Não se ouviu uma só palavra por parte dos diretores do AEL acerca da completa irresponsabilidade da direção, que tem o dever de curar pelo patrimônio histórico desse acervo inestimável para a história da luta de classes no Brasil, sobre o fato de que o acervo Edgar Leuenroth fora inundado por infiltrações e ficado, literalmente, à mercê da crítica roedora das traças e cupins. A mesma diretoria, que utiliza estudantes para fazer o trabalho braçal (bolsistas SAE), arrenega da contratação de funcionários capacitados para a realização do trabalho técnico da preservação dos documentos, que estão empacotados há décadas na seção da Reserva Técnica – mero depósito de material não organizado –, que na verdade só pode nos reservar surpresas acerca das novas espécies de insetos que se encontrarão lá!
A falta de funcionários para a higienização, preservação e catalogação do arquivo, além de funcionários para estabelecer um cronograma para organizar o material, ainda em caixotes (o arquivo possui cerca de 30 mil livros) e retirá-lo deste depósito improvisado, precisa ser discutida imediata e seriamente por aqueles que hoje são responsáveis burocráticos mas não responsáveis militantes, o que é a base da responsabilidade descomprometida.
Não é possível ocultar mais, ao custo de vidas inteiras dedicadas à preservação da história revolucionária, a política da reitoria e das diretorias dos institutos de terceirização e contratação de funcionários através das Fundações. Isso coloca em risco patrimônios culturais insubstituíveis da humanidade, que estão sob a guarda da Universidade, e arruína descaradamente a importância do funcionalismo público como identidade da universidade pública e autônoma, e sendo mesmo o seu selo intransigente contra a transformação de espaços públicos em locais de negócios privados. A inauguração do AEL contará inclusive com a presença do atual reitor, conivente com a política de “dilúvio dos materiais a celulose”, e que também não forneceu qualquer esclarecimento sobre o descaso a respeito dos arquivos do AEL e da inundação de umas das maiores bibliotecas marxistas do América Latina. Exigimos uma audiência pública com os diretores do AEL para esclarecerem os fatos descobertos em julho! Além da adoção de um programa de contratações elaborado pelos próprios funcionários do arquivo, verdadeiros guardiões do acervo Edgar Leuenroth.
Pelo fato do instituto reivindicar a tradição marxista, achamos incondicional que o debate a respeito das questões referentes à luta de classes internacional pertença à ordem dos dias. Neste aspecto a disponibilidade para discussão com os docentes do instituto é nula. Reivindicamos o repúdio urgente ao golpe de estado sangrento em Honduras, cujo povo sofre cotidianamente com ás práticas autoritárias e o barbarismo violento dos paramilitares, mesmo com a restituição do Zelaya selada na mesa de negociatas. Ademais os acontecimentos no Haiti, com a participação direta do exército brasileiro para reprimir e torturar o povo hondurenho – renovada recentemente por mais um ano pela ONU - nunca teve espaço nos debates deste “tradicional instituto marxista”.
Quanto aos nossos vizinhos uspianos nada se diz sobre a forma autocrática como as eleição para REItor são conduzidas. Foram necessárias bombas e balas para que o instituto se mobilizasse, com o rosto da militarização, contra problemas que são mais nodulares na divisão hierárquica de poderes dentre a burocracia acadêmica vinculada aquela do estado.
A luta pela garantia de que a Unicamp se torne um pólo cultural da comunidade acadêmica e da cidade de Campinas também deve ser frisada, investindo-se contra todos os ataques do atual reitor, Fernando Costa, conivente com as punições sistemáticas e consciente de suas repressões mais acríticas, cegas pelos interesses do capital que deseja defender durante a mais tranqüila passividade dos estudantes e funcionários, às expressões artísticas e humanizadoras, muitas vezes propostas para suprir os deveres que o próprio Estado deixa de cumprir, por exemplo para com os movimentos sociais como o MST, o MAB, o MTST, entre outros. Além disso, reivindicamos total liberdade de expressão e propagação de opiniões políticas no âmbito acadêmico, incluindo panfletagens, colagem de cartazes, atividades políticas e culturais em todos os institutos da Unicamp!
Por fim, criticamos o posicionamento tardio dos professores do IFCH durante a greve do primeiro semestre, e sua retirada pueril dela, em associação à Adunicamp, quando a PM deixou as instalações da USP. Como se o problema fora resolvido até as suas raízes! Para não dizer daqueles que nem bocejaram durante o espetáculo. Por que raios são tão mudos e apáticos para responder à altura o ataque ao ensino público representado no programa para o ensino superior do governo do estado, a Univesp? As investidas anti-democráticas, em todos os campos, se combatem imediatamente no aparecimento, e não em digressões pessimistas depois de tudo ocorrido! A expansão da universidade deve ser em sua estrutura física e que compreenda toda a sociedade, sem perda para os estudantes que para cá se deslocarem. O marxismo estudado por marxistas só se dá na aliança da teoria científica com a prática transformadora. Enquanto a academia “marxista” continuar se esquecendo disso, nós os continuaremos lembrando com ações. O Governo do estado de São Paulo e sua camarilha de doutrinadores educacionais não esperarão ninguém fechar seus livros.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O Congresso de Iniciação Cientifica e a mercantilização do conhecimento produzido na universidade!
O MOVIMENTO A PLENOS PULMÕES E O DAF CONVIDAM TODAS E TODOS PARA DISCUTIRMOS!
SEXTA-FEIRA 06/11 HORÁRIO: 21:00 NA SALA DO DAF.
“O Estado, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e suas demais agências de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas e ICTESP’s1 voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento que objetivem a geração de produtos e processos inovadores”.
O trecho acima é o artigo 3º da Lei Complementar nº1049, de 19 de junho de 2008, a Lei de Inovação Tecnológica do Estado de São Paulo. Essa lei é a comprovação nítida da intervenção governamental na autonomia universitária. Desde 2007 com os decretos, o governador José Serra vem dando demonstrações de como pretende colocar o processo pedagógico, a metodologia de ensino, as pesquisas científicas, os serviços prestados à sociedade, enfim, toda a universidade pública do Estado de São Paulo sob o controle direto do governo do Estado e dependente das intenções políticas dos partidos que estão no seu controle.
O governo tucano, a nível estadual e com uma política mais agressiva, serve aos mesmos interesses que norteiam a política federal do governo Lula1, que é o interesse das grandes empresas e monopólios industriais de possuírem cada vez mais o aporte do Estado, de suas agências de fomento e das universidades públicas para o desenvolvimento de novas tecnologias produtivas que possibilitem a sua sobrevivência no, cada vez mais competitivo, mercado internacional das mega-transnacionais. Além do aprimoramento na super-exploração do trabalhador, com a terceirização do trabalho, precarização das condições de segurança e higiene, utilização de mão-de-obra estrangeira e barata, inserção da qualificação “mão-de-obra especializada” para justificar uma diminuição brutal do piso salarial; os grandes empresários contam com o apoio do Estado e da União para a utilização de pessoal, infra-estrutura e verbas públicos para aprimorarem as suas taxas de lucro.
Essa lógica nefasta, macabra e perversa pode ser resumida e compreendida da seguinte maneira: imaginemos um trabalhador metalúrgico que pague mensalmente os seus impostos (descontados no salário, nas tarifas de contas, nas despesas alimentícias, etc.). Uma parte desses impostos arrecadados pelo Estado (9,57% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS) deve ser utilizado na manutenção, melhoria e ampliação das universidades estaduais paulistas. Levando em conta que, dos 7,2 milhões dos jovens entre 18 e 24 anos do Estado de São Paulo2, apenas um milhão cursa o ensino superior3, sendo que apenas 16% destes estão em uma universidade pública4, muito provavelmente os filhos deste trabalhador não estarão entre eles, o que, por si só, já é, minimamente, um contra-senso, para não dizer absurdo, afinal, o mínimo que um pai, que trabalha durante tanto tempo de sua vida e que reverte grande parte do seu salário para o funcionamento da universidade pública, espera, é que os seus filhos tenham garantido o seu direito constitucional5 de concluir seus estudos superiores em uma universidade que seja pública, gratuita e presencial e que, para isso, não tenham que se submeter ao filtro social que é o vestibular.
Se não bastasse o impedimento desse trabalhador e de sua família de terem acesso ao conhecimento historicamente acumulado pela humanidade e ensinado nas universidades, o conhecimento produzido, por meio das pesquisas científicas realizadas, não é direcionado à resolução dos problemas mais elementares dos quais eles são vítimas diariamente, como: moradia precária, condições de vida insalubres, doenças vetoriais e parasitárias, enchentes e desastres ambientais, meios de transporte insuficientes, entre outros problemas que, da mesma forma, contribuem para a manutenção de suas condições de vida precárias e insalubres. O conhecimento produzido nas universidades está, cada vez mais, vinculado aos grupos empresariais privados que, por meio de legislações sancionadas pela Assembléia e pelo governo do Estado ou pelo Congresso e pelas Medidas Provisórias (MP’s) do presidente Lula direcionadas às universidades públicas estaduais e federais, se tornam os maiores beneficiários do papel capacho que cumprem nossos reitores, diretores e aqueles docentes que permitem e se permitem à utilização suas e da universidade para lucros exorbitantes dos grandes monopólios.
Enquanto isso, caso o trabalhador brasileiro precise de um remédio para uma doença sua ou de um familiar, terá que esperar a avaliação da indústria farmacêutica de que o retorno da fabricação do remédio será lucrativo, caso a análise seja positiva, terá que esperar uma firmação de vínculo entre a indústria e a universidade pública ou um grupo de pesquisa para a fabricação do remédio. Só então o trabalhador terá o direito de comprá-lo com o seu salário, mesmo ele tendo sido fabricado somente devido aos impostos que ele paga diariamente ao Estado. O mesmo ocorre caso ele precise construir uma moradia adequada, ou caso precise de algum sistema de proteção contra enchentes, entre outras necessidades vitais.
Sem contar que, em breve, esse trabalhador será substituído por uma máquina tecnologicamente desenvolvida em alguma universidade financiada pelos seus impostos. Conclusão, quando a exigência do aumento da produtividade do operário no trabalho atinge o seu limite de exploração, gerando mais e mais miséria para o trabalhador, o patrão o substitui por uma tecnologia mais desenvolvida adquirida devido ao suor do próprio operário e coloca-o na rua sob a condição de desempregado.
Com toda essa análise chegamos ao Congresso de Iniciação Científica (CIC), um espaço que teria tudo para ser um local de troca de informações entre os diversos pesquisadores espalhados pelos 23 campi da UNESP, em que poderia ocorrer discussões e debates muito qualitativos acerca da resolução dos inúmeros problemas sociais, inclusive com ações imediatas, diretas e autônomas, independentes de interesses empresariais e de outros grupos alheios tanto às universidades (como as fundações de direito privado) quanto às demandas do seu maior investidor: a classe trabalhadora.
Porém, o que vemos, é um espaço totalmente voltado para o aprofundamento das relações universidade/empresa e da transformação do estudante e pesquisador em empreendedor. Um espaço voltado mais para a divulgação às empresas de qual grupo de pesquisa possui um melhor projeto de desenvolvimento tecnológico e de engenharia não-rotineira do que para o aprimoramento das relações entre os estudantes e pesquisadores das diversas unidades da UNESP. Haja vista o enorme aporte financeiro da reitoria na melhoria da infra-estrutura do campi sede do CIC para causar uma aparente “boa impressão” nas multinacionais visitantes. A comunidade do IBILCE reivindica há anos a reforma dos vestiários e banheiros do instituto, assim como a contratação de funcionários para o funcionamento do Restaurante Universitário (R.U.), sendo sempre alegada a falta de verbas. Porém, “surpreendentemente”, no segundo semestre de 2009, inúmeras reformas tomaram corpo no IBILCE, assim como a abertura de concurso para a contratação de funcionários para o R.U.
É por todas essas razões que nós exigimos e gritamos em alto e bom som:
Para que todos os que queiram tenham o direito assegurado de cursar o ensino superior público, gratuito e presencial:
- Pela estatização das instituições de ensino particulares e pelo fim do vestibular, pois o acesso ao conhecimento deve ser público em todos os seus níveis;
- Pela valorização do professor da rede pública!
Para que todos possam definir os rumos das universidades públicas:
* Democracia na gestão, na administração e nas eleições:
- Que os cargos eletivos da universidade não sejam restritos aos docentes;
- Pela dissolução do Conselho Universitário (C.O.) e demais estruturas burocráticas;
- Por um governo e eleições proporcionais entre docentes, estudantes e funcionários!
Para que todos tenham acesso ao conhecimento produzido nas universidades:
- Pelo fim das parcerias público-privadas (PPP’s);
- Pelo fim das fundações públicas de direito privado;
- Por uma produção de conhecimento livre, autônoma e desvinculada dos interesses do capital!
1 No âmbito federal, o governo Lula sancionou em 02 de dezembro de 2004, a Lei nº10.973, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências.
2 Dados do site Info Escola referentes ao número de jovens entre 18 e 24 anos no Estado de São Paulo em 2000.
3 Dados do IBGE, segundo a Folha de São Paulo de outubro de 2009
4 Dados do Portal Fator Brasil de 2009: “Ensino Superior: mesmo com os avanços ainda é uma realidade para poucos”
5 No artigo 205 da Constituição Federal, afirma-se: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família”. No 206, especifica-se que: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] IV gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais”. Inova-se a formulação da gratuidade, assegurando-a em todos os níveis na rede pública, ampliando-a para o ensino médio, tratada nas Constituições anteriores como exceção
e, para o ensino superior, nunca contemplada em Cartas anteriores.
1 ICTEP’s: Instituição Científica e Tecnológica do Estado de São Paulo, órgão de administração pública estadual, com permissão de compartilhar todas as suas instalações com empresas associadas, podendo desenvolver projetos de inovação tecnológica em conjunto com instituições públicas e privadas, podendo transferir o direito de uso de exploração de criação que tenha desenvolvido para empresas, sendo os contratos considerados sigilosos e protegidos de divulgação e a propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencentes às empresas detentoras do capital social.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
DEMOCRACIA DIRETA NA UNIVERSIDADE! ABAIXO A REPRESSÃO!

com* Prof. Chico de Oliveira
Anti-candidato de protesto à reitor da USP,
Associação dos Professores da PUC-SP e
Conselho de Centros Acadêmicos da PUC-SP
*Além da presença do Sindicato dos Trabalhadores da USP
como convidados especiais do evento!
5ª - 05/11, às 19h
Rua Monte Alegre
em frente à PUC-SP
Nesta quinta feira nós estudantes da PUC iremos presenciar um ato-debate que pretende indicar como podemos ter uma universidade baseada na democracia direta e na liberdade de expressão onde cada membro da universidade tenha o mesmo poder de decisão, como meio mais eficaz para o objetivo de uma educação pública, com acesso irrestrito e produção de conhecimento atrelado aos interesses dos jovens trabalhadores que enfrentam os problemas diários do mercado de trabalho na busca de respostas à sociedade repressora em que vivemos.
Estará presente o professor Chico de Oliveira, anti-candidato de protesto às eleições da USP, a professora Bia Abramides pela Associação dos Professores da PUC-SP e Guilherme Salvini pelo Conselho de Centros Acadêmicos da PUC-SP. Além da mesa teremos como convidados especiais a presença dos trabalhadores do Sintusp, protagonistas na greve em defesa da autonomia, ampliação e democracia universitárias neste ano.
Compareça!