Um dos elementos centrais, para além da intransigência das reitorias e da política de direções traidoras como os governistas do STU, que faz com que nossa mobilização estadual ainda não tenha arrancado maiores conquistas é porque o movimento estudantil das estaduais paulistas ainda não resgatou a força que demonstrou na greve massiva de 2007 contra os decretos de Serra, quando houve 51 dias de ocupação de reitoria na USP, 11 ocupações de diretorias na Unesp e 2 ocupações na Unicamp. É porque o movimento estudantil das estaduais ainda não resgatou a força que demonstrou na luta contra a Univesp, pela reintegração do Brandão, contra o regime universitário e para expulsar a polícia USP em 2009. Porque o DCE da USP e da Unicamp estão nas mãos do PSOL e são uma completa paralisia. Porque os estudantes que foram parte dessas lutas profundas acham que este ano não é possível organizar uma mobilização qualitativa. Mas o movimento estudantil de Marília mais uma vez sai à frente, com métodos radicalizados, ombro-a-ombro com os trabalhadores e abre a possibilidade real de romper a passividade e coordenar rapidamente o movimento estudantil estadualmente para colocar todo o movimento estudantil de pé junto aos trabalhadores. Depois que os trabalhadores da USP entraram em greve no dia 5/5 e os trabalhadores da Unesp de Marília entraram em 12/5, começamos a organizar uma greve estudantil. A da Ciências Sociais começou no dia 20/5. Alguns dias depois, foram os estudantes de filosofia que deliberaram por greve. Os cursos de Pedagogia, Terapia Ocupacional, Arquivologia e Biblioteconomia tiraram paralisações em apoio à luta. Tivemos que implodir uma Congregação para obrigar a diretoria a convocar uma Congregação aberta para nos escutar e, quando ela convocou, fez uma manobra para esvaziá-la e impedir as votações “por falta de quórum” e, sentindo a força do movimento, chegou até a dizer que apoiava nossa pauta contra a terceirização do restaurante universitário, jogando a responsabilidade nas mãos da reitoria. Como resposta, organizamos uma assembléia geral com mais de 400 estudantes que votou massivamente a ocupação da direção da faculdade desde 31 de maio dando um novo salto na mobilização. Os trabalhadores da nossa unidade, com uma energia renovada e uma assembléia lotada, votaram seu apoio à ocupação e um trancaço no dia 2/6 que contou com mais de 100 estudantes e trabalhadores paralisando completamente o campus. A assembléia da pedagogia acaba de votar paralisação para toda a semana que vem. Em síntese, o movimento estudantil de Marília mais uma vez volta à cena. É hora de retomar o espírito de luta contra os ataques e contra o regime universitário, assim como os métodos combativos, do movimento estudantil das estaduais paulistas.
Nossa pauta avança junto com nosso método
Ocupar é um método radical que o movimento estudantil vem resgatando nacionalmente. No entanto, essa radicalização dos métodos raramente vem sendo acompanhada de uma radicalização política. Sempre são levantadas apenas reivindicações mínimas dos estudantes, muitas vezes inclusive em caráter defensivo. Quando os governos tentam impor seus planos, como o ensino à distância (no nosso caso, Univesp) ou o REUNI, normalmente se limita a defender a universidade tal como ela é, ficando isolado frente à sociedade que vê estes projetos como uma política de democratização das estaduais paulistas que são das mais elitistas e racistas do país. É isso que o movimento estudantil de Marília começou a forjar uma tradição de questionamento. Se organizamos greves e ou ocupações por aqui em todos os últimos anos, exceto 2008, a do ano passado significou uma primeira mudança de qualidade. Em 2009, demos um exemplo ao contrapor à Univesp a política do fim do vestibular e da estatização das universidades particulares com tamanho peso que os jornais da cidade noticiaram que na nossa greve com ocupação era para que toda a juventude pudesse estudar na universidade pública. Além disso, fomos parte dos setores mais ativos na defesa do Sintusp contra a perseguição anti-sindical e a demissão ilegal do Brandão. Foi em 2009 que arrancamos a promessa do reitor da Unesp, Herman Jacobus, no acordo de fim de greve, de abrir restaurante universitário à noite, para ampliar a política tão restrita de permanência estudantil, porém com contratação de funcionários efetivos, pois a luta contra a terceirização era parte da nossa pauta. Foi pela força que foi ganhando a luta contra a terceirização que a diretoria e todos os congregados se declaram publicamente contra a terceirização. Basta ver as condições de trabalho das trabalhadoras terceirizadas da limpeza para ver como se trata de uma mentira para tentar desarmar nosso movimento que se massifica cada vez mais. Assim, um dos eixos do nosso movimento é obrigar o reitor a concretizar a sua promessa, que tivemos que meter o pé na porta para “lembrá-lo” que já está atrasada há 1 ano. Não contente em demorar tanto, depois de vários meses enrolando, exigindo um relatório de demanda (que já tínhamos organizado de maneira independente há tempos) e recentemente propôs um “teste” com um modelo privatizado e terceirizado por tempo indeterminado. Alerta estudantes da Unesp: esse teste em Marília está sendo proposto como modelo para implementar a mesma política de restaurante para todos os campus. Não passarão! Exigimos a presença do reitor em Marília para negociar a nossa pauta e esperamos que tenha percebido que não vamos nos contentar com promessas! Outro eixo central da nossa greve com ocupação é a solidariedade ativa à greve dos trabalhadores e em pelo atendimento de suas reivindicações. Dessa vez, aprofundamos a aliança entre trabalhadores e estudantes no campus, não somente pela nossa pauta, mas porque estamos pensando e organizando em comum as ações da greve. Agora, votamos na assembléia que as salas das finanças localizadas na diretoria, nas quais os trabalhadores estão trabalhando em regime de plantão para garantir o pagamento, não seria ocupada pelos estudantes. No dia seguinte, organizamos um grande trancaço na universidade juntos. É essa política que queremos aprofundar construindo um comando de greve unificado! Por fim, mas não menos importante, levantamos uma série de demandas específicas dos estudantes como o repúdio a UNIVESP, a contratação imediata de mais professores, melhores condições para os laboratórios e para a biblioteca, dando peso nas questões de permanência estudantil que são essenciais para manter os poucos filhos de trabalhadores que conseguem superar o filtro reacionário do vestibular e entrar na universidade pública. Alerta Diretora Fujita: palavras não bastam para conter a nossa mobilização! Você também vai ter que ceder aos estudantes em luta! Coloquemos o movimento estudantil em todo o estado de pé junto aos trabalhadores de forma coordenada! Podemos arrancar conquistas maiores se unificamos nossa força como estamos fazendo em Marília. É preciso generalizar isso em todo o estado. Por isso, foi muito importante a votação da proposta de realizar o Conselho de Entidades da Unesp-Fatec em Marília nos dias 12 e 13 de junho, para organizar a luta. Vamos continuar dando a batalha em todos os lugares onde estamos pela construção de uma reunião estadual para unificar as lutas, como viemos fazendo junto a outros setores do movimento estudantil da Unesp. Nesse sentido, propomos que convidemos os trabalhadores em da USP, UNESP e UNICAMP e seus sindicatos, assim como o AMOR Crusp e todos os setores em luta para participar de um dia de nosso CEEUF e transformá-lo numa alavanca da mobilização estadual. Também podemos chamar os estudantes da Unicastelo, uma universidade privada de São Paulo que está tendo um ascenso estudantil em apoio a uma greve de professores e funcionários que começou no dia 12/5, chegando a organizar um ato nos últimos dias com mais de 500 pessoas nas ruas da zona leste de São Paulo. Além disso, nós de Marília podemos trabalhar para trazer estudantes das universidades privadas e secundaristas da cidade.
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