Na última quinta-feira, 17/6, a Comissão de Cultura da ocupação da reitoria da USP organizou um debate sobre o Haiti. A iniciativa foi motivada não apenas pelo fato gravíssimo da ocupação militar em curso neste país, que é feita pelas tropas da ONU e comandada pelo exército brasileiro sob o comando de Lula, mas também pelas declarações feitas por Rodas na sua entrevista à rádio bandeirantes, de caráter extremamente preconceituoso, racista e elitista, em que o reitor afirma que o Sintusp está transformando a USP nos morros cariocas e que, se as coisas permanecerem como estão, logo a USP se transformará em um Haiti.
Assim, a Comissão de Cultura resolveu fazer um debate sobre o Haiti. Estiveram presentes Lúcia Skromov, do comitê pró-Haiti, e Simone Ishibashi, editora da revista Estratégia Internacional. Lúcia ressaltou como a opinião de Rodas reflete profunda ignorância a respeito da história e da cultura do povo haitiano. Destacou aspectos pouco conhecidos no Brasil sobre este país, que teve a oportunidade de conhecer em suas viagens pelo comitê. Lúcia esclareceu, por exemplo, como foram os haitianos que ensinaram a agrônomos estrangeiros que foram ao país que a rotatividade de culturas em um solo pode preservar a qualidade e evitar o desgaste da terra. Falou também sobre a economia haitiana, sobre a solidariedade que há entre seu povo, e como, apesar de mais de um século de opressão imperialista sobre o país, os haitianos são capazes de se organizar de modo excepcional para suprir as suas necessidades que o governo, marionete dos interesses do imperialismo, não é capaz de atender. Um dos episódios relatados por Lúcia foi o do extermínio de todos os porcos do Haiti, uma base econômica e alimentar importante para seus moradores, por parte do imperialismo americano.
A apresentação de Lúcia foi fundamental para resgatar a tradição de luta deste povo, que foi o primeiro país a abolir a escravidão através de uma revolução negra que declarou sua independência e que foi capaz de derrotar as temidas tropas de Napoleão Bonaparte. Por isto, como foi colocado no debate, os trabalhadores da USP reivindicam sim a luta do povo haitiano e se colocam ao seu lado na luta contra a opressão imperialista e pela retirada das tropas de Lula e de Obama. No ano passado, durante sua greve, já haviam organizado um debate com um dirigente sindical haitiano em que afirmaram sua solidariedade ao povo do Haiti.
Além do debate, Lúcia levou diversos materiais, como fotos e produtos haitianos, com os quais foi organizada uma exposição dentro da reitoria. Parte da exposição ainda encontra-se montada para visitação dos ocupantes. Participaram também deste debate vários estudantes da Unesp de Marília que, após encerrarem a ocupação de sua diretoria com a notável conquista de barrar a terceirização do restaurante universitário, vieram para São Paulo prestar solidariedade ativa à greve dos trabalhadores da USP, dando um exemplo a todas as correntes de esquerda e ao movimento estudantil da USP.
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