segunda-feira, 21 de junho de 2010

Debate e exposição sobre o Haiti na ocupação da reitoria da USP


Na última quinta-feira, 17/6, a Comissão de Cultura da ocupação da reitoria da USP organizou um debate sobre o Haiti. A iniciativa foi motivada não apenas pelo fato gravíssimo da ocupação militar em curso neste país, que é feita pelas tropas da ONU e comandada pelo exército brasileiro sob o comando de Lula, mas também pelas declarações feitas por Rodas na sua entrevista à rádio bandeirantes, de caráter extremamente preconceituoso, racista e elitista, em que o reitor afirma que o Sintusp está transformando a USP nos morros cariocas e que, se as coisas permanecerem como estão, logo a USP se transformará em um Haiti.

Estudantes presentes no debate veem as fotos do Haiti

Assim, a Comissão de Cultura resolveu fazer um debate sobre o Haiti. Estiveram presentes Lúcia Skromov, do comitê pró-Haiti, e Simone Ishibashi, editora da revista Estratégia Internacional. Lúcia ressaltou como a opinião de Rodas reflete profunda ignorância a respeito da história e da cultura do povo haitiano. Destacou aspectos pouco conhecidos no Brasil sobre este país, que teve a oportunidade de conhecer em suas viagens pelo comitê. Lúcia esclareceu, por exemplo, como foram os haitianos que ensinaram a agrônomos estrangeiros que foram ao país que a rotatividade de culturas em um solo pode preservar a qualidade e evitar o desgaste da terra. Falou também sobre a economia haitiana, sobre a solidariedade que há entre seu povo, e como, apesar de mais de um século de opressão imperialista sobre o país, os haitianos são capazes de se organizar de modo excepcional para suprir as suas necessidades que o governo, marionete dos interesses do imperialismo, não é capaz de atender. Um dos episódios relatados por Lúcia foi o do extermínio de todos os porcos do Haiti, uma base econômica e alimentar importante para seus moradores, por parte do imperialismo americano.
Lúcia Skromov no debate

A apresentação de Lúcia foi fundamental para resgatar a tradição de luta deste povo, que foi o primeiro país a abolir a escravidão através de uma revolução negra que declarou sua independência e que foi capaz de derrotar as temidas tropas de Napoleão Bonaparte. Por isto, como foi colocado no debate, os trabalhadores da USP reivindicam sim a luta do povo haitiano e se colocam ao seu lado na luta contra a opressão imperialista e pela retirada das tropas de Lula e de Obama. No ano passado, durante sua greve, já haviam organizado um debate com um dirigente sindical haitiano em que afirmaram sua solidariedade ao povo do Haiti.

Estudantes veem exposição e ouvem explicações de Lúcia

Além do debate, Lúcia levou diversos materiais, como fotos e produtos haitianos, com os quais foi organizada uma exposição dentro da reitoria. Parte da exposição ainda encontra-se montada para visitação dos ocupantes. Participaram também deste debate vários estudantes da Unesp de Marília que, após encerrarem a ocupação de sua diretoria com a notável conquista de barrar a terceirização do restaurante universitário, vieram para São Paulo prestar solidariedade ativa à greve dos trabalhadores da USP, dando um exemplo a todas as correntes de esquerda e ao movimento estudantil da USP.

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