No último dia 23, o jornal “O Parasita”, impulsionado por um grupo de estudantes da Farmácia da USP, demonstrou que, ao contrário do que muitos pensam, a universidade não está isenta de episódios e demonstrações inaceitáveis de machismo e homofobia. Um texto de sua última publicação dizia: “(...) O Parasita lança um desafio, jogue merda em um viado, que você receberá, totalmente grátis, um convite de luxo para a Festa Brega 2010.”
Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas e do Movimento A Plenos Pulmões, repudiamos veementemente a posição homofóbica expressa neste jornal e exigimos a imediata identificação e punição dos responsáveis por essa absurda incitação de violência contra os homossexuais. Sabemos que as universidades cotidianamente reproduzem a violência e discriminação contra os setores mais oprimidos de nossa sociedade – os homossexuais, as mulheres e os negros. A violência todos os dias se materializa em mortes e torturas a homossexuais, e no ano passado ganhou destaque na mídia com o assassinato – contando com a conivência da polícia – de Marcelo Campos, um jovem trabalhador, negro e homossexual. Também estamos num momento em que o Vaticano incentiva a violência contra os homossexuais, quando declara que os casos de pedofilia que estão tentando esconder estão diretamente ligados com a homossexualidade.
Toda esta violência se reproduz dentro da USP não só na declaração d´O Parasita, mas também na truculência, perseguição e no preconceito da Guarda Universitária, que sistematicamente aborda e assedia moralmente casais homossexuais dentro da universidade. Nesse sentido, não podemos deixar de lembrar que no dia 18 de abril duas estudantes do Crusp foram agredidas por essa mesma Guarda Universitária, comandada pelo policial civil Ronaldo Penna por conta de uma confraternização que acontecia na moradia! É importante ressaltar que o reitor Rodas se pronunciou em relação à ocupação da Coseas, armando um cerco para poder reprimir esses estudantes (com mais contundência do que esse episódio com a Guarda), mas não se posicionou para rechaçar o ato de homofobia dos alunos da Farmácia e nem muito menos tomou medidas de punição, mostrando total conivência. A violência e a opressão ganham cada vez mais espaço dentro da Universidade de São Paulo, chegando ao absurdo desses dois casos. Mas se expressam também nos inúmeros cartazes machistas e homofóbicos de festas espalhados pelos campus! Se expressam todos os dias quando centenas de trabalhadores terceirizados, na sua maioria mulheres e negras, trabalham na USP ganhando um salário de miséria e sem seus direitos garantidos! Na superexploração das trabalhadoras e trabalhadores dos restaurantes da COSEAS! Na autarquização do Hospital Universitário, que aprofundará ainda mais a precarização no atendimento a todas as comunidades pobres do entorno USP, como a São Remo!
A tudo isso nós dizemos: BASTA! É fundamental que o movimento estudantil de conjunto e suas entidades, como o DCE, os CAs e as Atléticas levantem as bandeiras de luta dos negros, das mulheres e dos GLBTT, contribuindo para uma organização independente da Reitoria, dos governos e dos patrões, porque somente a nossa mobilização independente pode arrancar nossos direitos e lutar contra a violência!
PELA IDENTIFICAÇÃO E PUNIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELA PUBLICAÇÃO HOMOFÓBICA DO JORNAL “PARASITA”!
BASTA DE VIOLÊNCIA, MACHISMO E HOMOFOBIA NAS UNIVERSIDADES! ABAIXO A GUARDA UNIVERSITÁRIA MACHISTA E HOMOBÓFICA DA USP! FORA RONALDO PENNA! POR UMA COMISSÃO INDEPENDENTE DE INVESTIGAÇÃO, FORMADA POR ESTUDANTES, TRABALHADORES E PROFESSORES PARA AVERIGUAR O CASO DA FARMÁCIA!
ABAIXO A VIOLÊNCIA POLICIAL CONTRA A JUVENTUDE NEGRA E HOMOSSEXUAL!
BASTA DE DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA CONTRA GAYS, LÉSBICAS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS! PELO DIREITO AO LIVRE EXERCÍCIO DE NOSSA SEXUALIDADE!
NÃO AO ASSÉDIO MORAL AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS HOMOSSEXUAIS NOS LOCAIS DE TRABALHO! IGUAL TRABALHO, IGUAL SALÁRIO!
PELA REVOGAÇÃO DO ACORDO BRASIL E VATICANO! BASTA DE PERSEGUIÇÃO DA IGREJA E DO VATICANO AOS HOMOSSEXUAIS!
Todos ao ato do dia 04/05, às 18h no gramado da Farmácia contra a homofobia na universidade!
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