quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Repudiamos a presença do Deputado petista José Eduardo Cardozo na PUC-SP!
“Temos um mandato da ONU para cumprir e não podemos fugir às nossas responsabilidades perante a comunidade internacional. A presença brasileira é positiva para a reconstrução do país e da democracia no Haiti”
Desde a deposição e seqüestro do ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide por militares estadunidenses, em 2004, as tropas da ONU ocupam militarmente o país com o propósito de conter a mobilização dos haitianos e assegurar o governo do novo presidente René Preval (eleito sob a tutela direta dos EUA). Lula e o PT, pleiteando uma vaga permanente no Conselho da ONU e maior participação nos fóruns internacionais, não apenas defendem como participam ativamente da criminosa ocupação militar do Haiti desde seu início, com o Brasil cumprindo um papel de liderança na cinicamente chamada “missão de paz” da ONU.
Ainda que Lula diga que o propósito da intervenção do exército brasileiro é “respaldar um governo democrático”, tudo que a ocupação militar tem causado são assassinatos, repressão, estupros, massacres nos bairros pobres e violações diversas dos direitos humanos. É o que demonstram dados, relatórios, vídeos e imagens de diversos movimentos sociais e organizações de direitos humanos. Um dos muitos casos documentados foi o massacre ocorrido no dia 22 de dezembro de 2006 em Cite Soleil, após a organização de um protesto de cerca de dez mil pessoas que exigiam a retirada das tropas militares estrangeiras.
Segundo relatos da população local e imagens em vídeos produzidos pela organização Haiti Information Project – HIP [Projeto de Informação do Haiti], as forças da ONU atacaram a comunidade e assassinaram cerca de 30 pessoas, inclusive mulheres e crianças. A MINUSTAH justificou suas ações com o pretexto de combater supostas gangues em Cite Soleil. Porém, as imagens gravadas pela HIP revelam que as tropas da ONU atiraram desde helicópteros contra civis desarmados. O diretor do HIP, Kevin Pina, acusa a MINUSTAH de atuar em conjunto com a Polícia Nacional Haitiana em execuções sumárias e prisões arbitrárias e avalia que, “neste contexto, é impossível continuar vendo a missão da ONU como uma força independente e neutra no Haiti”.
Após a catástrofe do terremoto que vitimou centenas de milhares de haitiano, essa situação se acirrou. Sob o pretexto de “ajuda humanitária” há um recrudescimento da ocupação militar, com os EUA enviando 14 mil fuzileiros e soldados (o dobro do número de militares da missão da ONU, 7 mil) que atualmente controlam os portos marítimos e os aeroportos do país. Ainda mais grave, essas mesmas tropas interventoras e assassinas controlam todo tipo de ajuda enviada ao Haiti em recursos financeiros, alimentos e medicação. E não são poucas as denúncias atuais de que essa ajuda sequer chega ao povo haitiano, e de que os soldados extorquem os haitianos e submetem as mulheres à prostituição em troca de mantimentos. Que tipo de “ajuda humanitária” os haitianos podem esperar daqueles que assassinam seus irmãos e estupram suas irmãs?
E o Governo de Lula e do PT não poderia deixar de fazer seu trabalho sujo, enviando mais 750 soldados e 150 policiais ao Haiti. Nesse sentido, é emblemática a declaração do comandante das tropas brasileiras no Haiti, João Batista Bernardes para quem: “o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas”. Não por acaso, há manifestações no Haiti, desde as últimas semanas, que passaram a se referir especificamente ao Brasil e tratar com hostilidade o governo brasileiro. Palavras de ordem como “Brasileiros, Go Home! Não cumpram o papel sujo do imperialismo” passaram a ser visíveis em faixas e cartazes do povo haitiano, denunciando o papel nefasto cumprido pelas tropas brasileiras chefiadas por Lula, que, cinicamente, continua a chamar a criminosa intervenção militar brasileira no Haiti de “nobre missão”.
O cinismo de Lula e do petismo é também visível nas palavras do Deputado do PT José Eduardo Cardozo. Questionado pela Folha de São Paulo sobre a presença militar brasileira no Haiti, Cardozo declarou: “Temos um mandato da ONU para cumprir e não podemos fugir às nossas responsabilidades perante a comunidade internacional. A presença brasileira é positiva para a reconstrução do país e da democracia no Haiti”. Que tipo de reconstrução pode existir em um país cercado por milhares de soldados estrangeiros? Somente na visão de mundo nefasta do petismo de Cardozo é possível haver democracia em meio a assassinatos, estupros e prisões arbitrárias.
Não nos surpreende que nosso magnífico Reitor, Dirceu de Mello, que aprendeu a necessidade de adular os partidos da ordem dominante, convide este mesmo ilustre deputado para ministrar uma palestra sobre “juventude e política” na PUC-SP. Mas isso não diminui a nossa indignação! E entendemos que nossa juventude não tem nada a aprender sobre política com um representante do petismo, símbolo de traições históricas, da corrupção orgânica do mensalão e dos crimes e assassinatos no Haiti. Temos a aprender com os jovens estudantes haitianos que, junto dos trabalhadores, saem às ruas exigindo melhores condições de vida e a retirada incondicional das tropas assassinas; que estamparam na entrada da Universidade de Porto Príncipe a frase em creolé “Não nos calarão!” com os destroços das bombas atiradas contra eles pelas tropas de Lula, com o apoio e os aplausos dos petistas como Cardozo.
Nós do Movimento A Plenos Pulmões, que não nos contentamos com as declarações hipócritas e a falsa solidariedade que mascara interesses políticos, entendemos que nenhuma reconstrução de um país devastado será possível enquanto ele continuar ocupado militarmente por tropas estrangeiras. Não há nenhuma possibilidade de auto-determinação para um povo sob as botas de tropas militares. E por isso entendemos que qualquer declaração séria e sincera de solidariedade ao povo haitiano deve passar pela exigência de retirada imediata de todas as tropas do Haiti, que oprimem e massacram o seu povo, e que os próprios haitianos controlem todos os recursos enviados em ajuda, através de suas próprias organizações populares e de trabalhadores. Da mesma forma, entendemos que não há qualquer possibilidade de desenvolvimento a um país miserável que está submetido a uma dívida externa impagável, imposta a ele de forma espúria. Por isso defendemos também o fim da dívida externa ao Haiti.
- PELA RETIRADA DAS TROPAS IMPERIALISTAS E DE LULA DO HAITI!
- QUE O PRÓPRIO POVO HAITIANO CONTROLE A AJUDA ENVIADA!
- PELO CANCELAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA DO HAITI!
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