Unicamp: Atrás da revolução francesa
Desde 2007 o movimento estudantil vem tomando para si, de forma massiva e radicalizada, a luta contra os ataques vindos dos governos estaduais e federais. Essas mobilizações foram inevitavelmente além da oposição aos ataques em si e aos governos que os impunham, pois acabavam tendo de se enfrentar contra agentes internos da própria universidade, que se empenhavam (e continuam se empenhando) em transformar a academia em um espaço ainda mais burocrático, elitizado, repressor e dependente do setor privado. As greves de 2007 e 2009 mostraram, fundamentalmente, que para lutar contra os ataques do governo é necessário também lutar contra a burocracia acadêmica.
Quanto mais antidemocrática a estrutura de poder na Universidade, mais fácil, por parte dos governos, empresas e reitorias imporem seus ataques. Os decretos do Serra em 2007 e a gritante repressão a greve dos trabalhadores da USP neste primeiro semestre deixa evidente a quem serve a atual estrutura de poder na Universidade. Estudantes e trabalhadores são excluídos dos espaços de decisão que são monopolizados por endinheirados professores que, muitas vezes, são os mesmo que possuem obscuras ligações com empresas privadas. A verdade é que um lugar que concede 70% do poder de decisão a uma minúscula minoria e onde a comunidade não pode nem decidir quem será o próprio reitor, pois quem decide isso no final é o governador, está muito mais próxima de um feudo e de uma ditadura, do que de um pólo progressivo de produção de conhecimento.
As lutas dos estudantes se enfrentam, então, com uma estrutura de poder que condiz com uma universidade que exclui a grande maioria da população e ainda tenta calar os que estão dentro dela. Para nós, todas as lutas do movimento estudantil devem estar ligadas com uma postura firme de combate a oligarquia existente. Pois se queremos outra universidade, que esteja a serviço dos trabalhadores e da maioria da população, é necessário lutar contra os que cotidianamente mantêm e aprofundam seu caráter racista e elitista.
UNICAMP: Cada vez mais aberta às empresas e fechada para estudantes, trabalhadores e população
A Unicamp é considerada um dos pólos de conhecimento mais avançados do país. Porém, uma análise mais cuidadosa nos leva a uma pergunta: A quem serve esse conhecimento?
Não é de hoje que vemos em nossa universidade pública espaços que necessitam ser pagos para sua utilização, além dos diversos cursos de extensão que rendem altíssimos dividendos para alguns professores. Concomitantemente, vemos uma imensa repressão às festas dentro do Campus como há tempos não se via. Há algumas semanas, o CACH recebeu uma intimação judicial por ter organizado uma confraternização, além da perseguição que a própria reitoria vem impulsionando a festas como a do FEIA e o IFCHstock. A repressão as festas, na verdade, é um ataque claro contra a utilização pública da Universidade, que tenta restringir não apenas as festas, mas também a livre manifestação política e artística. Irônico é que para propagandas e eventos de empresas e bancos a UNICAMP deixa suas portas abertas.
Nesse marco, se torna urgente, uma ampla campanha por liberdades democráticas, que lute pela liberdade de ocupação da universidade e denuncie que querem transformar a UNICAMP em um laboratório empresarial, como se já não bastasse o filtro do vestibular que tanto a elitiza.
Eleições para DCE: A luta deve ser por outra Universidade
Depois destes anos de luta contra ataques oriundos também por parte do governo Lula, o governismo ainda tem a cara de pau de tenta ocupar algum espaço na UNICAMP. Apesar de não dizerem, a chapa “Vou a luta com essa Juventude” é impulsionada pela UJS (PCdoB), que é base mais do que aliada do governo Lula, deixando claro que não está disposta se enfrentar com os projetos privatizantes criados por aquele.Por sua vez, a chapa “Não sou massa de manobra”, que, em nome da “pluralidade de idéias”, se recusa a se posicionar de forma contundente frente às principais questões que hoje permeiam o movimento estudantil; de tão “plural” rachou no meio e, para nós não configura de forma alguma uma alternativa, pois precisamos de posições claras e decididas no ME, pois assim são os ataques que estamos enfrentando.
Por outro lado, a chapa “Tem mais Samba”, é impulsionada pelo mesmo grupo (Domínio Público/PSOL) que está a quase dez anos no DCE e, mesmo com todo esse tempo, pouca diferença fez no movimento estudantil da Unicamp. Essa chapa discursa contra os projetos dos governos Serra e Lula porém, na prática, se adapta a uma lógica super estrutural de privilegiar a própria construção através do DCE. Isso faz com que nos momentos de luta este grupo não consiga fazer o papel que o DCE deveria ter de articular e unificar as lutas. Mesmo com um discurso mais a esquerda, a prática do grupo Domínio Público é viciada aos moldes de um antigo movimento estudantil, que luta por barganhas frente à estrutura acadêmica, mas está longe de ter uma atuação estratégica por outra universidade, ou mesmo dispostos a levar as lutas até o final. Em última instancia, essa concepção só se implementa a partir da construção de um ME despolitizado e passivo e é por isso que espaços importantes para um movimento estudantil combativo e democrático, como as assembléias gerais ou mesmo os congressos estudantis, praticamente inexistam na prática desse grupo e, quando ocorrem, são visivelmente esvaziados.
Entendemos que o momento das eleições deveria ser um momento importante para propagandear frente ao conjunto dos estudantes a necessidade da construção de uma nova tradição no ME, que privilegie a democracia direta e discuta profundamente as bases de um novo programa para a Universidade. Para nós, faz parte fundamental das lutas contra os ataques a universidade contrapô-los a um programa próprio do ME que busque destruir o atual feudo universitário para construir uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.
Por outro lado, a chapa “Tem mais Samba”, é impulsionada pelo mesmo grupo (Domínio Público/PSOL) que está a quase dez anos no DCE e, mesmo com todo esse tempo, pouca diferença fez no movimento estudantil da Unicamp. Essa chapa discursa contra os projetos dos governos Serra e Lula porém, na prática, se adapta a uma lógica super estrutural de privilegiar a própria construção através do DCE. Isso faz com que nos momentos de luta este grupo não consiga fazer o papel que o DCE deveria ter de articular e unificar as lutas. Mesmo com um discurso mais a esquerda, a prática do grupo Domínio Público é viciada aos moldes de um antigo movimento estudantil, que luta por barganhas frente à estrutura acadêmica, mas está longe de ter uma atuação estratégica por outra universidade, ou mesmo dispostos a levar as lutas até o final. Em última instancia, essa concepção só se implementa a partir da construção de um ME despolitizado e passivo e é por isso que espaços importantes para um movimento estudantil combativo e democrático, como as assembléias gerais ou mesmo os congressos estudantis, praticamente inexistam na prática desse grupo e, quando ocorrem, são visivelmente esvaziados.
Entendemos que o momento das eleições deveria ser um momento importante para propagandear frente ao conjunto dos estudantes a necessidade da construção de uma nova tradição no ME, que privilegie a democracia direta e discuta profundamente as bases de um novo programa para a Universidade. Para nós, faz parte fundamental das lutas contra os ataques a universidade contrapô-los a um programa próprio do ME que busque destruir o atual feudo universitário para construir uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.
Chamamos a votar criticamente na chapa “Outros Maios Virão”
Para nós, o movimento estudantil da Unicamp necessita urgentemente de um grupo que, de fato, seja uma oposição a atual gestão do DCE. Que leve até o final as bandeiras de luta necessária no momento ligando-as com um programa de transformação da universidade, articulando e unificando os distintos setores da universidade, se ligando aos setores mais explorados da sociedade e se articulando com as lutas sociais e com o movimento estudantil das privadas e secundarista. Que lute por um DCE militante de fato, que faça de seu programa sua prática cotidiana e que privilegia a expressão da base dos estudantes. Que faça política para ganhar a grande maioria dos estudantes para a mobilização direta e por uma transformação radical da Universidade, construindo junto ao movimento um novo projeto de universidade e um novo movimento estudantil, anti-imperialista, pró-trabalhadores, subversivo e questionador.
Nesse sentido, para nós é necessário combater firmemente a concepção de movimento estudantil do campo “Dominio Público”, onde as lutas mínimas e o diálogo com a burocracia universitária têm mais importância que a mobilização direta. Nesse sentido criticamos o chamado feito pela chapa “Outros Maios Virão”,composta fundamentalmente por militantes do PSTU, para compor uma chapa unitária com a atual gestão do DCE. Entendemos que essa política esconde as diferenças existentes sob uma unidade no abstrato. Pois mesmo que tenhamos acordos em diversas bandeiras de luta não significa que, na prática, temos as mesmas concepções sobre como respondê-las.
Vemos que a chapa “Outros Maios Virão”, apesar das oscilações, representa um setor no movimento estudantil mais ligado às lutas reais, e mais conseqüente nas mobilizações. A chapa “Outros Maios Virão” afirma a necessidade de construir um pólo de organização das lutas estudantis através da ANEL. Mesmo que tenhamos divergências com o PSTU sobre como construir a ANEL, entendemos que essa política é muito mais progressiva que atuação dentro do braço do governo que é a UNE, como defende todas as outras chapas concorrendo ao DCE. Por isso chamamos os estudantes a votar na chapa “Outros Maios Virão”, com intuito de construir uma oposição permanente de esquerda a atual gestão do DCE. Nesse sentido também chamamos o PSTU a serem mais firmes com essa política e deixar de lado o semear de ilusões num grupo que mais paralisa do que faz avançar o ME, rompendo de vez com as tentativas de acordos super estruturais com o Domínio Público que nada agregam à construção do ME que precisamos.
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