Especial Unisantanna
Ensino superior no Brasil: elitista, racista e restritivo
Definimos a universidade brasileira como uma instituição de caráter restritiva, elitista e racista. São hoje apenas 4,8 milhões de matriculados no ensino superior em todo país, uma das menores taxas da América Latina. Neste universo de matriculados, 74,6% estão em faculdades particulares, ou seja, 3,6 milhões. Ainda assim, Lula é visto como quem está democratizando a universidade, se apoiando que em seu governo 2 milhões de estudantes a mais entraram na universidade, mesmo que a maioria esteja nas pagas.
As universidades e faculdades privadas tiveram sua expansão a partir dos anos 1990, crescendo de forma anárquica, cobrando mensalidades exorbitantes para as camadas mais pobres da população. Não a toa que a crise das particulares é centrada na inadimplência, que Lula responde com PROUNI, isenção de impostos e financiamentos públicos. Ao mesmo tempo, se desenvolve a monopolização deste setor e sua financeirização (muitas universidades lucram muito dinheiro com ações na bolsa).
A crise atual da universidade brasileira tem dois aspectos fundamentais: o primeiro, do ponto de vista da burguesia, que necessita de formação de mão-de-obra qualificada e produção de ciência e tecnologia consumindo o mínimo de recursos do Estado. O segundo, do ponto de vista da população, que anseia pela democratização do acesso à universidade. No ultimo período os governos estaduais e federal vêm anunciando e aprovando reformas educacionais em todos os níveis para tentar responder a essa crise, mas precarizando o ensino.
Um exemplo disso é o ensino à distância. Lula, em cujo governo se expandiu mais do que nunca o ensino à distância, criou a Universidade Aberta do Brasil, ligada às instituições públicas de ensino superior e de educação tecnológica. Em São Paulo, Serra lançou a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), que envolve as três estaduais paulistas.
Existem as estruturas físicas das universidades privadas espalhadas em todo país que podem ser aproveitadas para uma ampla expansão da universidade pública. Nós dizemos: a primeira medida séria para expandir o ensino superior no país é estatizando as universidades privadas! E, para tanto, o Movimento Estudantil deverá buscar como aliados os milhares de jovens trabalhadores que estão nas faculdades particulares e com os jovens trabalhadores e secundaristas que estão fora das universidades. Essa é a aliança social capaz de questionar a universidade burguesa e tornar real a perspectiva estratégica da luta por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.
Quem somos e pelo que lutamos?
Nós somos o Movimento A Plenos Pulmões e atuamos em várias universidades do estado de SP, RJ e MG. Não aceitamos a atual situação, em que a educação é tida como mercadoria e nós temos que nos matar de trabalhar para pagar mensalidades exorbitantes, enquanto os donos das faculdades lucram rios de dinheiro. Para nós, o conhecimento não deve estar a serviço da manutenção dessa sociedade desigual, mas sim a serviço da transformação social. A universidade deve estar a serviço dos trabalhadores e do povo pobre!
Por isso defendemos:
-Redução radical das mensalidades sem redução da qualidade do ensino!
-Bolsas para todos os estudantes que necessitam!
-Preenchimento das vagas ociosas nas particulares com bolsas de estudos integral sem subsídio do governo!
-Fim das catracas: abram as portas da universidade!
-Anistia da dívida de todos os inadimplentes e re-matrícula imediata!
-Ensino à distância e expansão sucateada não é democratização real da universidade!
-Criação imediata de vagas públicas presenciais, principalmente de cursos noturnos, a partir da estatização do ensino privado e sem indenização! Verbas para garantir a qualidade do ensino, pesquisa, extensão e permanência estudantil plena!
-Pelo fim do vestibular e dos cursinhos de capitalistas privados!
Ensino à distância ou precarização do ensino?
Exatamente neste começo de semestre o Ensino à Distancia completa dois anos que foi implantado no sistema de ensino da Unisantanna, representando um duro golpe aos alunos da instituição. É claro o objetivo da reitoria em aprovar o e.a.d: por um lado o projeto corta gastos de infra-estrutura e professores, e por outro possibilita a entrada de mais alunos na universidade, maximizando seus lucros.
Esse ataque não foi somente em nossa universidade, universidades privadas como Sumaré, Unicastelo e Uniabc fazem parte da extensa lista de universidades que adotam essa nova metodologia de ensino, dizendo em seus discursos burocráticos que “o e.a.d é uma alternativa para flexibilizar o tempo e o espaço do aluno, permitindo ao aluno, ter acesso às novas tecnologias aplicadas ao ensino, além de propiciar o desenvolvimento de sua autonomia”. Mentira! Uma nova tecnologia onde aulas são disponibilizadas na internet em forma de texto, tirando o vínculo entre aluno e professor e deixando nas costas dos estudantes todo peso de compreendê-las, significa um retrocesso ao ensino. Estamos a favor da tecnologia, mas somente se ela estiver a serviço de dar mais qualidade ao ensino e o que temos visto com a e.a.d. implementada nas universidades é exatamente o contrário!
Neste contexto fica evidente que o e.a.d é mais um aliado ao sucateamento do ensino que vem sendo promovido em nossas universidades. Enquanto as universidades lucram horrores, nós nos matamos pra pagar uma mensalidade absurda. Não queremos apenas o diploma, queremos ensino de qualidade e acessível a toda a população.
Chamamos os estudantes da Unisantanna a discutir e se organizar para lutar contra a precarização do ensino, o que inclui a e.a.d. Somente com a força do conjunto dos estudantes poderemos impor melhores condições de ensino.
Terceirização no ramo de serviços: a super exploração do Telemarketing
Nos anos 90, o processo que ficou conhecido como neoliberalismo trouxe uma série de privatizações e uma onda de terceirização dos serviços, que segue até os dias de hoje. Um importante exemplo deste projeto foi quando a TELESP em 1999, teve sua administração cedida à poderosa multinacional espanhola: TELEFONICA. Diante da mudança, também foram modificados os planos de carreira dos profissionais telefonistas para um novo setor: os operadores de telemarketing. Os postos de atendimento com imensas filas de espera foram transferidos para grandes operações de call center. Mas aí vem a pergunta... Como ficam os teleoperadores nessa história?
A resposta desta questão está ligada à precarização do trabalho. Estamos expostos a um ritmo frenético de trabalho, cobranças intensas, chegando muitas vezes a atender mais de 100 ligações por dia, com horários de pausa que não permitem sequer tempo para comer de verdade e sem a recomendada ginástica laboral, adquirindo assim as lesões por esforço repetitivo. Os salários estão lá embaixo e as mensalidades da faculdade sempre lá em cima. Para muitos de nós, cursar uma faculdade é uma trajetória cheia de dificuldades a cada dia.
Nós do Movimento A Plenos Pulmões, que nos organizamos a partir de várias universidades, chamamos os jovens trabalhadores a não se contentar com essas condições que colocam diversas barreiras que tornam nossas vidas cada vez mais difíceis. Mas para isto é preciso refletir sobre o modo de sociedade injusta em que vivemos, pois será a partir de nossa ação que podemos derrubar todo tipo opressão e reverter este processo ao nosso favor, para que todo privilégio não fique somente em auxilio de uma minoria de ricos, mas sim para toda classe trabalhadora, que é quem faz a sociedade funcionar. Deixamos nosso chamado para que a partir das universidades comecemos a discutir nossas condições de trabalho e de estudo e as formas para nos organizar e unir nossas forças.
ENTRE NESTA LUTA COM A GENTE !!!
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