(Por Movimento A Plenos Pulmões - USP)
Em que sentido vão as greves das estaduais, e o que querem seus carrascos...
A greve dos funcionários da USP, Unesp e Unicamp, esse ano, despertou mais do que nunca a ira e as críticas dos setores mais retrógrados da universidade e da sociedade. Para eles, os trabalhadores entrarem em greve é uma afronta! Dizem que os trabalhadores da USP são privilegiados e corporativistas, pois ganham muito mais do que os que trabalham na iniciativa privada. Dizem que os trabalhadores são intransigentes e truculentos. Dizem que a USP representa um tipo de sindicalismo que é coisa do passado, que deve acabar, para que a universidade possa voltar a sua “normalidade”.
Os ex-REItores da USP chegaram a publicar um manifesto que dizia, contra os funcionários, que “as táticas da violência antidemocrática de hoje, praticada a despeito de os canais de comunicação permanecerem abertos, não diferem, na essência, dos atentados à liberdade cometidos pelo regime autoritário no passado.” Um manifesto assinado, entre outros, pelo ex-reitor Waldir Muniz, formado pela Escola Superior de Guerra e que teve a oportunidade de aplicar seus conhecimentos militares como reitor da universidade entre 1978 e 1982. É sempre bom lembrar que, como presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Rodas negou a participação do estado na morte de Zuzu Angel. Quem aplica os métodos da ditadura?
O que esteve em jogo na USP durante o 1º semestre de 2010?
O que estes senhores que estudaram na escola da ditadura militar escondem são as demandas dos trabalhadores e da sua greve. Seriam justas? Vejamos.
A luta pela isonomia: isonomia significa que o percentual de aumento para professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp deve ser igual. Ela foi quebrada pelo Cruesp esse ano, dando um aumento superior aos professores, justamente para dividir o Fórum das Seis (entidades de professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp). A quebra da isonomia é um ataque ao conjunto da universidade, pois não somente divide politicamente os lutadores, mas deixa a reitoria de mãos livres para dar qualquer tipo de aumento diferenciado, beneficiando, por exemplo, as unidades que fazem “pesquisas operacionais” em detrimento das faculdades de humanas, e retomando um ponto essencial dos decretos de 2007.
Aumento salarial: os estudantes reacionários do movimento “Liberdade USP” fizeram um vídeo denunciando os “altos salários” dos funcionários. Eles querem funcionários trabalhando pelo mesmo salário dos terceirizados, que ganham uma miséria de cerca de um salário mínimo. A velha tradição escravocrata da elite brasileira ainda está bem viva. De nossa parte, estudantes que defendem a universidade e os direitos dos trabalhadores, não queremos ser servidos por escravos, queremos que todos os salários da universidade (inclusive dos terceirizados) estejam acima do mínimo para uma família sobreviver, o que, segundo o Dieese, seria de R$ 2092,36. Além disso, é preciso lembrar por que os salários nas universidades são mais altos (ainda que sejam muito menores que o mínimo do Dieese): justamente pela sucessivas greves, pois, se dependesse da boa vontade dos reitores da USP, o salário aqui seria tão baixo quanto em todos os lugares.
Univesp e a verdadeira democratização do ensino: assim como os entrevistadores de Rodas no Roda Viva lembraram, o Sintusp também se colocava contra a Univesp, programa de ensino à distância sucateado. Isso é só uma parte de uma luta maior defendida pelo Sintusp, por uma universidade pública na qual toda população possa estudar, pelo fim do filtro social que é o vestibular, pelo fim do ensino privado e pela estatização, sem indenização, das universidades particulares.
Contra a terceirização: para a revolta da elite retrógrada que governa a universidade - e é ligada ou mesmo proprietária de grande parte das empresas terceirizadas de segurança, limpeza e alimentação da USP -, os trabalhadores da USP também se colocaram em defesa dos trabalhadores terceirizados, defendendo que os seus salários e os seus direitos sejam equiparados aos dos trabalhadores efetivos e que eles sejam efetivados pela universidade. Inclusive, é bom lembrar que um dos processos que pesam na demissão inconstitucional do diretor sindical Claudionor Brandão é por ele defender “interesses alheios” aos da universidade, isto é, ter se colocado em defesa dos terceirizados que supostamente não seriam da base sindical do Sintusp. Vejamos só, quem são os corporativistas!
Quem de fato aplica os métodos da ditadura?
A frase dos reitores é perfeita... para descrever a política deles. Apesar de supostamente abertos os canais de comunicação, as práticas antidemocráticas de hoje não diferem na essência das praticas da ditadura. Rodas lançou a polícia contra os movimentos sociais que protestavam na Faculdade de Direito em 2007. O C.O., a reitora Suely Villela e o governador José Serra, trouxeram ao campus a PM contra os trabalhadores em greve em 2009, o que culminou nas balas de borrachas e bombas de gás cruzando prédios de aula, atiradas contra trabalhadores e estudantes que protestavam. Agora, os pontos dos grevistas são cortados, atacando seu direito constitucional à greve, e os ativistas são perseguidos e o Sintusp sofre uma série de processos na justiça, assim como vários estudantes. Sindicâncias internas são armadas de forma fraudulenta para demitir dirigentes sindicais como Brandão, ou para suspender ativistas - como é o mais recente caso de uma suspensão de 30 dias contra Patrícia, trabalhadora da FFLCH.
Eles dizem que o Sintusp representa um sindicalismo do passado. Ainda bem! Imaginem se ele fosse igual ao sindicalismo do presente, pelego, pró-patronal, corporativista e governista? Muito melhor que se pareça com o “velho” sindicalismo da greve de Osasco em 1968, com democracia de base e com demandas não corporativistas, como a defesa da universidade. Mas, contra esse sindicalismo do “passado”, eles também usam os métodos do “passado”. A repressão e a perseguição política e ideológica!
A defesa da educação, o Sintusp e os estudantes. E o nosso DCE...
Ao contrário do que a reitoria e a direita de dentro e de fora da universidade querem fazer parecer, não fossem as greves – especialmente quando unificam trabalhadores e estudantes -, os ataques que foram feitos pelo governo e reitorias ao longo das últimas décadas teriam deixado a universidade numa situação ainda pior do que ela está. Essas greves se constituíram como principal força de defesa da universidade.
Com a crise econômica, os ataques ao serviço público e à educação pública vão aumentar muito (basta ver o que Serra e Marina declaram publicamente, e Dilma afirma nas entrelinhas). É se preparando para impor essas medidas (como as que em países da Europa demitem até 45% do funcionalismo público, deixando milhões desempregados e destruindo educação, saúde, transporte e outros serviços) que os governos cortaram pontos e atacaram o direito de greve de tantas categorias do funcionalismo no semestre passado. Têm esse mesmo sentido os processos, demissões e punições a estudantes e trabalhadores da USP, que só vão aumentar, começando pelas recentes retaliações a essa greve. Têm esse mesmo sentido todos os ataques à qualidade de ensino na universidade: Rodas, por exemplo, acabou com a recontratação automática de professores que morram ou se aposentem, o que vai lotar ainda mais as turmas e acabar com matérias e cursos.
Nós, estudantes, precisamos voltar a nos organizar e nos mobilizar, em defesa da universidade, em defesa das liberdades democráticas e do direito de greve e manifestação. Nos inspiramos no exemplo dos estudantes de Marília, que estiveram em greve e ocuparam a diretoria do campus, em apoio à greve de trabalhadores que defendia a universidade, e que conseguiram impedir a terceirização do bandejão do campus!
A maioria dos CA's permaneceu passivo no primeiro semestre... o DCE começou o ano defendendo o diálogo com esse REItor, e terminou o semestre com um congresso onde nem disse seu nome, não construiu apoio à greve e só desorganizou os estudantes! Isso não pode mais acontecer! Ao deixar de lado o apoio a essa greve, as principais correntes do movimento estudantil deixaram de lado a defesa da educação e a luta pela transformação da universidade.
Ao contrário, é preciso dar continuidade aos exemplos dos setores das estaduais que estiveram em luta, e à aliança que se forjou entre os trabalhadores da USP, estudantes das estaduais – como em Marília – funcionários da UNICAMP que fizeram sua maior greve contra a posição do sindicato aliado de Lula, e valiosos (ainda que poucos) professores. Essa aliança não deve se encerrar com a luta que se fechou, e já será fundamental para resistir às punições e retaliações que já começaram. É preciso unificar estudantes, trabalhadores e professores combativos para enfrentar um poderoso inimigo que temos em comum, defendendo o interesse geral de boas condições de trabalho, uma boa educação e uma universidade que sirva à população.
Chamamos todos os interessados a aprofundar essa discussão e debater como podemos nos organizar e unificar professores, trabalhadores e estudantes para uma luta em comum.
Em que sentido vão as greves das estaduais, e o que querem seus carrascos...
A greve dos funcionários da USP, Unesp e Unicamp, esse ano, despertou mais do que nunca a ira e as críticas dos setores mais retrógrados da universidade e da sociedade. Para eles, os trabalhadores entrarem em greve é uma afronta! Dizem que os trabalhadores da USP são privilegiados e corporativistas, pois ganham muito mais do que os que trabalham na iniciativa privada. Dizem que os trabalhadores são intransigentes e truculentos. Dizem que a USP representa um tipo de sindicalismo que é coisa do passado, que deve acabar, para que a universidade possa voltar a sua “normalidade”.
Os ex-REItores da USP chegaram a publicar um manifesto que dizia, contra os funcionários, que “as táticas da violência antidemocrática de hoje, praticada a despeito de os canais de comunicação permanecerem abertos, não diferem, na essência, dos atentados à liberdade cometidos pelo regime autoritário no passado.” Um manifesto assinado, entre outros, pelo ex-reitor Waldir Muniz, formado pela Escola Superior de Guerra e que teve a oportunidade de aplicar seus conhecimentos militares como reitor da universidade entre 1978 e 1982. É sempre bom lembrar que, como presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Rodas negou a participação do estado na morte de Zuzu Angel. Quem aplica os métodos da ditadura?
O que esteve em jogo na USP durante o 1º semestre de 2010?
O que estes senhores que estudaram na escola da ditadura militar escondem são as demandas dos trabalhadores e da sua greve. Seriam justas? Vejamos.
A luta pela isonomia: isonomia significa que o percentual de aumento para professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp deve ser igual. Ela foi quebrada pelo Cruesp esse ano, dando um aumento superior aos professores, justamente para dividir o Fórum das Seis (entidades de professores e funcionários da USP, Unesp e Unicamp). A quebra da isonomia é um ataque ao conjunto da universidade, pois não somente divide politicamente os lutadores, mas deixa a reitoria de mãos livres para dar qualquer tipo de aumento diferenciado, beneficiando, por exemplo, as unidades que fazem “pesquisas operacionais” em detrimento das faculdades de humanas, e retomando um ponto essencial dos decretos de 2007.
Aumento salarial: os estudantes reacionários do movimento “Liberdade USP” fizeram um vídeo denunciando os “altos salários” dos funcionários. Eles querem funcionários trabalhando pelo mesmo salário dos terceirizados, que ganham uma miséria de cerca de um salário mínimo. A velha tradição escravocrata da elite brasileira ainda está bem viva. De nossa parte, estudantes que defendem a universidade e os direitos dos trabalhadores, não queremos ser servidos por escravos, queremos que todos os salários da universidade (inclusive dos terceirizados) estejam acima do mínimo para uma família sobreviver, o que, segundo o Dieese, seria de R$ 2092,36. Além disso, é preciso lembrar por que os salários nas universidades são mais altos (ainda que sejam muito menores que o mínimo do Dieese): justamente pela sucessivas greves, pois, se dependesse da boa vontade dos reitores da USP, o salário aqui seria tão baixo quanto em todos os lugares.
Univesp e a verdadeira democratização do ensino: assim como os entrevistadores de Rodas no Roda Viva lembraram, o Sintusp também se colocava contra a Univesp, programa de ensino à distância sucateado. Isso é só uma parte de uma luta maior defendida pelo Sintusp, por uma universidade pública na qual toda população possa estudar, pelo fim do filtro social que é o vestibular, pelo fim do ensino privado e pela estatização, sem indenização, das universidades particulares.
Contra a terceirização: para a revolta da elite retrógrada que governa a universidade - e é ligada ou mesmo proprietária de grande parte das empresas terceirizadas de segurança, limpeza e alimentação da USP -, os trabalhadores da USP também se colocaram em defesa dos trabalhadores terceirizados, defendendo que os seus salários e os seus direitos sejam equiparados aos dos trabalhadores efetivos e que eles sejam efetivados pela universidade. Inclusive, é bom lembrar que um dos processos que pesam na demissão inconstitucional do diretor sindical Claudionor Brandão é por ele defender “interesses alheios” aos da universidade, isto é, ter se colocado em defesa dos terceirizados que supostamente não seriam da base sindical do Sintusp. Vejamos só, quem são os corporativistas!
Quem de fato aplica os métodos da ditadura?
A frase dos reitores é perfeita... para descrever a política deles. Apesar de supostamente abertos os canais de comunicação, as práticas antidemocráticas de hoje não diferem na essência das praticas da ditadura. Rodas lançou a polícia contra os movimentos sociais que protestavam na Faculdade de Direito em 2007. O C.O., a reitora Suely Villela e o governador José Serra, trouxeram ao campus a PM contra os trabalhadores em greve em 2009, o que culminou nas balas de borrachas e bombas de gás cruzando prédios de aula, atiradas contra trabalhadores e estudantes que protestavam. Agora, os pontos dos grevistas são cortados, atacando seu direito constitucional à greve, e os ativistas são perseguidos e o Sintusp sofre uma série de processos na justiça, assim como vários estudantes. Sindicâncias internas são armadas de forma fraudulenta para demitir dirigentes sindicais como Brandão, ou para suspender ativistas - como é o mais recente caso de uma suspensão de 30 dias contra Patrícia, trabalhadora da FFLCH.
Eles dizem que o Sintusp representa um sindicalismo do passado. Ainda bem! Imaginem se ele fosse igual ao sindicalismo do presente, pelego, pró-patronal, corporativista e governista? Muito melhor que se pareça com o “velho” sindicalismo da greve de Osasco em 1968, com democracia de base e com demandas não corporativistas, como a defesa da universidade. Mas, contra esse sindicalismo do “passado”, eles também usam os métodos do “passado”. A repressão e a perseguição política e ideológica!
A defesa da educação, o Sintusp e os estudantes. E o nosso DCE...
Ao contrário do que a reitoria e a direita de dentro e de fora da universidade querem fazer parecer, não fossem as greves – especialmente quando unificam trabalhadores e estudantes -, os ataques que foram feitos pelo governo e reitorias ao longo das últimas décadas teriam deixado a universidade numa situação ainda pior do que ela está. Essas greves se constituíram como principal força de defesa da universidade.
Com a crise econômica, os ataques ao serviço público e à educação pública vão aumentar muito (basta ver o que Serra e Marina declaram publicamente, e Dilma afirma nas entrelinhas). É se preparando para impor essas medidas (como as que em países da Europa demitem até 45% do funcionalismo público, deixando milhões desempregados e destruindo educação, saúde, transporte e outros serviços) que os governos cortaram pontos e atacaram o direito de greve de tantas categorias do funcionalismo no semestre passado. Têm esse mesmo sentido os processos, demissões e punições a estudantes e trabalhadores da USP, que só vão aumentar, começando pelas recentes retaliações a essa greve. Têm esse mesmo sentido todos os ataques à qualidade de ensino na universidade: Rodas, por exemplo, acabou com a recontratação automática de professores que morram ou se aposentem, o que vai lotar ainda mais as turmas e acabar com matérias e cursos.
Nós, estudantes, precisamos voltar a nos organizar e nos mobilizar, em defesa da universidade, em defesa das liberdades democráticas e do direito de greve e manifestação. Nos inspiramos no exemplo dos estudantes de Marília, que estiveram em greve e ocuparam a diretoria do campus, em apoio à greve de trabalhadores que defendia a universidade, e que conseguiram impedir a terceirização do bandejão do campus!
A maioria dos CA's permaneceu passivo no primeiro semestre... o DCE começou o ano defendendo o diálogo com esse REItor, e terminou o semestre com um congresso onde nem disse seu nome, não construiu apoio à greve e só desorganizou os estudantes! Isso não pode mais acontecer! Ao deixar de lado o apoio a essa greve, as principais correntes do movimento estudantil deixaram de lado a defesa da educação e a luta pela transformação da universidade.
Ao contrário, é preciso dar continuidade aos exemplos dos setores das estaduais que estiveram em luta, e à aliança que se forjou entre os trabalhadores da USP, estudantes das estaduais – como em Marília – funcionários da UNICAMP que fizeram sua maior greve contra a posição do sindicato aliado de Lula, e valiosos (ainda que poucos) professores. Essa aliança não deve se encerrar com a luta que se fechou, e já será fundamental para resistir às punições e retaliações que já começaram. É preciso unificar estudantes, trabalhadores e professores combativos para enfrentar um poderoso inimigo que temos em comum, defendendo o interesse geral de boas condições de trabalho, uma boa educação e uma universidade que sirva à população.
Chamamos todos os interessados a aprofundar essa discussão e debater como podemos nos organizar e unificar professores, trabalhadores e estudantes para uma luta em comum.
Reunião aberta do Movimento A Plenos Pulmões da USP
5ª-f., dia 12, às 18h, na sala 12 do Prédio de Ciências Sociais
5ª-f., dia 12, às 18h, na sala 12 do Prédio de Ciências Sociais
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